Conflitos coloniais
Amador Bueno é aclamado "Rei do Brasil" em 1641A época colonial foi
marcada por vários conflitos, tanto entre portugueses e outros europeus,
e europeus contra nativos, como entre os próprios colonos. O maior
deles, sem dúvida, foi a Guerra contra os Holandeses (ou Guerras
Holandesas, de 1630 a 1647, na Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco,
Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.
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A insatisfação com a administração colonial provocou a Revolta de Amador
Bueno em São Paulo e, no Maranhão, a Revolta de Beckman. Os colonos
enchiam os navios que aportavam no Brasil, esvaziando o reino, e foram
apelidados "emboabas" porque andavam calçados contra a maioria da
população, que andava descalça. Contra eles se levantaram os paulistas,
nas refregas do início do século XVIII que ficariam conhecidas como
Guerra dos Emboabas e paulistas e ensanguentaram o rio que até hoje se
chama Rio das Mortes. |
Em Pernambuco, a disputa política e econômica entre mercadores e
canavieiros, após a expulsão dos holandeses, levou à Guerra dos
Mascates. Os escravos negros que fugiam das fazendas se refugiavam nas
serras do agreste nordestino e lá fundavam quilombos, dos quais o mais
importante foi o de Palmares, liderado por Ganga Zumba e seu sobrinho
Zumbi. A campanha para destruí-lo foi a Guerra de Palmares (1693-1695).
No sul, a tentativa de escravizar indígenas levou a confrontos com os
missionários jesuítas, organizados nas "reduções" (missões) de catequese
com os guaranis. As Guerras Guaraníticas duraram, intermitentemente, de
1750 a 1757.
Já com o Ciclo do Ouro, a capitania de Minas Gerais sofreu a Revolta de
Filipe dos Santos e a Inconfidência Mineira (1789), seguida pela
Conjuração Baiana em Salvador dez anos mais tarde.
Principado do Brasil
Corte no Brasil (1808-1822)
Mudança da Corte e Abertura dos Portos
Embarque para o Brasil do Príncipe Regente de Portugal, D. João VI, e de
toda a família real, no Porto de Belém, às 11 horas da manhã de 27 de
novembro de 1807. Gravura feita por Francisco Bartolozzi (1725-1815) a
partir de óleo de Nicolas Delariva.Em novembro de 1807, as tropas de
Napoleão Bonaparte obrigaram a coroa portuguesa a procurar abrigo no
Brasil. Dom João VI (então Príncipe-Regente em nome de sua mãe, a Rainha
Maria I) chegou ao Rio de Janeiro em 1808, abandonando Portugal após uma
aliança defensiva feita com a Inglaterra (que escoltou os navios
portugueses no caminho).
Os portos brasileiros foram abertos às nações amigas (designadamente, a
Inglaterra). A abertura dos portos se deu em 28 de janeiro de 1808 por
outra carta régia de D. João, influenciado por José da Silva Lisboa. Foi
permitida a importação "de todos e quaisquer gêneros, fazendas e
mercadorias transportadas em navios estrangeiros das potências que se
conservavam em paz e harmonia com a Real Coroa" ou em navios
portugueses. Os gêneros molhados (vinho, aguardente, azeite) pagariam
48%; outros mercadorias, os secos, 24% ad valorem. Podia ser levado
pelos estrangeiros qualquer produto colonial, exceto o pau-brasil e
outros «notoriamente estancados» (produzidos e armazenados na própria
colônia).
Era efeito também da expansão do capital; e deve-se recordar a falência
dos recursos coatores portugueses e a tentativa de diminuir, abrindo os
portos, a total dependência de Portugal da Inglaterra. No Reino,
desanimaram os que se haviam habituado aos generosos subsídios, às 100
arrobas de ouro anuais, às derramas, às tentativas de controle completo.
Um autor português do século XIX comenta que foi
"uma revolução no sistema comercial e a ruína da indústria portuguesa;
era necessária, mas cumpria modificá-la apenas as circunstâncias que a
haviam ditado desaparecessem; ajudando assim o heróico Portugal em seu
esforço generoso, em vez de deixar que estancassem as fontes da
prosperidade!"
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Colonos portugueses |
D. João, sua família e comitiva (a Corte), distribuídos por diversos
navios, chegaram ao Rio de Janeiro em 7 de março de 1808. Foram
acompanhados pela Brigada Real da Marinha, criada em Portugal em 1797,
que deu origem ao Corpo de Fuzileiros Navais brasileiros. Instalaram-se
no Paço da Cidade, construído em 1743 pelo Conde de Bobadela como
residência dos governadores. Além disso, a Coroa requisitou o Convento
do Carmo e a Cadeia Velha para alojar os serviçais e as melhores casas
particulares. A expropriação era feita pelo carimbo das iniciais PR (de
Príncipe-Regente) nas portas das casas requisitadas, o que fazia o povo,
com ironia, interpretar a sigla como "Ponha-se na Rua!".
A abertura foi acompanhada por uma série de melhoramentos introduzidos
no Brasil. No dia 1 de abril do mesmo ano, D. João expediu um decreto
que revogava o alvará de 5 de janeiro de 1785 pelo qual se extinguiam no
Brasil as fábricas e manufaturas de ouro, prata, seda, algodão, linho e
lã. Depois do comércio, chegava "a liberdade para a indústria". Em 13 de
maio, novas cartas régias (decretos) determinaram a criação da Imprensa
Nacional e de uma Fábrica de Pólvora (até então, a pólvora brasileira
era fabricada na Fábrica de Pólvora de Barcarena, desde 1540). Em 12 de
outubro foi fundado o Banco do Brasil para financiar as novas
iniciativas e empreitadas. Tais medidas do Príncipe fariam com que se
pudesse contar nesta época os primórdios da independência do Brasil.
Em represália à França, D. João ordenou ainda a invasão e anexação da
Guiana Francesa, no extremo norte, e da banda oriental do rio Uruguai,
no extremo sul, já que a Espanha estava então sob o reinado de José
Bonaparte, irmão de Napoleão, e portanto era considerada inimiga. O
primeiro território foi devolvido à soberania francesa em 1817, mas o
Uruguai foi mantido incorporado ao Brasil sob o nome de Província
Cisplatina. Em 9 de fevereiro de 1810, no Rio de Janeiro, foi assinado
um Tratado de Amizade e comércio pelo Príncipe Regente com Jorge III,
rei da Inglaterra.
Enquanto isso, na Espanha, os liberais (ainda acostumados com certa
liberdade econômica imposta por Napoleão enquanto ocupara o país, de
1807 a 1810) se revoltaram contra os restauradores Bourbon (dinastia à
qual pertencia a Carlota Joaquina, esposa de D. João) e impuseram-lhes a
Constituição de Cádiz em 19 de março de 1812. Em reação, o rei Fernando
VII (irmão de Carlota), dissolveu as cortes em 4 de maio de 1814, mas a
resposta viria em 1820 com a vitória da Revolução Liberal (ou
constitucional). Por isso, D. João e seus ministros se ocuparam das
questões do Vice-Reinado do Rio da Prata, tão logo puseram o pé no Rio,
e daí surgiria a questão da incorporação da Cisplatina.
É importante lembrar que o Brasil foi elevado a Principado do Brasil em
(1645–1816) tendo sido o Brasil uma colônia do Império Português,
careceu de bandeira própria por mais de trezentos anos. Não era costume,
na tradição vexilológica lusitana, a criação de bandeiras para suas
colônias, quando muito de um brasão. Visto que seu o título uso era
exclusivo aos herdeiros aparentes do trono português, o pavilhão dos
príncipes do Brasil pode ser tido como a primeira representação flamular
do Brasil. Sobre campo branco – cor relacionada à monarquia –
inscreve-se uma esfera armilar – objeto que viria a ser, por muito
tempo, o símbolo do Brasil. Já no pavilhão pessoal de D. Manuel I,
aparece este que foi um objeto crucial para viabilizar as explorações
marítimas de Portugal. Contudo, como Principado não possui nenhum
privilegio administrativo, militar, econômico e social, pois ainda era
visto como uma colonia portuguesa.
Elevação a Reino Unido
Brasão do Vice Reino do Brasil, de 1815No contexto das negociações do
Congresso de Viena, o Brasil foi elevado à condição de Reino dentro do
Estado português, que assumiu a designação oficial de Reino Unido de
Portugal, Brasil e Algarves em 16 de dezembro de 1815. A carta de lei
foi publicada na Gazeta do Rio de Janeiro de 10 de janeiro de 1816,
oficializando o ato. O Rio de Janeiro, por conseguinte, subia à
categoria de Corte e capital, as antigas capitanias passaram a ser
denominadas províncias (hoje, os estados). No mesmo ano, a rainha Maria
I morreu e D. João foi coroado rei como João VI. Deu ao Brasil como
brasão-de-armas a esfera manuelina com as quinas, encontradas já no
século anterior em moedas da África portuguesa (1770).
Revolução no Porto e Retorno de D. João VI
D. João VI deixaria o Brasil em 1821. Em agosto de 1820 houvera no Porto
uma revolução constitucionalista (revolução liberal portuguesa de 1820),
movimento com idéias liberais que ganhou adeptos no reino. Em setembro
de 1820, uma Junta Provisória de Governo obrigou os portugueses a
jurarem uma Constituição provisória, nos moldes da Constituição
espanhola de Cádiz, até redação de uma constituição definitiva. Em
janeiro de 1821, em Portugal, aconteceu a solene instalação das Cortes
Gerais, Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa,
encarregadas de elaborar a constituição, mas sem representantes
brasileiros. Em fevereiro, D. João VI ordenou que deputados do Brasil
(bem como dos Açores, Madeira e Cabo Verde) participassem da assembleia .
Em março, as Cortes em Portugal expediram decreto com as bases da
constituição política da monarquia . No Rio, outro decreto comunicava o
retorno do rei para Portugal e ordenava que, «sem perda de tempo»,
fossem realizadas eleições dos deputados para representarem o Brasil nas
Cortes Gerais convocadas em Lisboa. Chegaria em abril a Lisboa um
delegado da Junta do Pará, Maciel Parente, que por exceção conseguiu
discursar e foi o primeiro brasileiro a falar perante aquela Assembleia.
Em abril, no Rio, realizou-se a primeira assembleia de eleitores do
Brasil, que resultou em confronto com mortos, pois as tropas portuguesas
dissolveram a manifestação. No dia seguinte, cariocas afixaram à porta
do Paço um cartaz com a inscrição "Açougue do Bragança", referindo-se ao
Rei como carniceiro. D. João VI partiu para Portugal cinco dias depois,
em 16 de abril de 1821, deixando seu primogênito Pedro de Alcântara como
Príncipe-Regente do Brasil.
Em 1821, o Brasil elegeu seus representantes, em número de 81, para as
Constituintes em Lisboa. Em agosto de 1821, as Cortes apresentariam três
projetos para o Brasil que irritaram os representantes brasileiros com
medidas recolonizadoras que estes se recusavam a aceitar. Depois de
Maciel Parente, o monsenhor Francisco Moniz Tavares, deputado
pernambucano, seria o primeiro brasileiro a discursar oficialmente, em
vivo debate com os deputados portugueses Borges Carneiro, Ferreira
Borges e Moura, contra a remessa de mais tropa para Pernambuco e a
incômoda presença da numerosa guarnição militar portuguesa na província.
A separação do Brasil foi informalmente realizada em janeiro de 1822,
quando D. Pedro declarou que iria permanecer no Brasil ("Dia do Fico"),
com as seguintes palavras: Como é para o bem de todos e felicidade geral
da nação, estou pronto: diga ao povo que fico. Agora só tenho a
recomendar-vos união e tranquilidade.
Porém, a separação do Brasil se é dada no dia 7 de setembro de 1822, com
o "grito do Ipiranga" que foi romantizando, apesar da separação
anteriormente.
Império (1822-1889)
Primeiro reinado
O Grito do Ipiranga, de Pedro Américo (óleo sobre tela - 1888).Após a
declaração da independência, o Brasil foi governado por Dom Pedro I até
o ano de 1831, período chamado de Primeiro Reinado, quando abdicou em
favor de seu filho, Dom Pedro II, então com cinco anos de idade.
Logo após a independência, e terminadas as lutas nas províncias contra a
resistência portuguesa, foi necessário iniciar os trabalhos da
Assembleia Constituinte. Esta havia sido convocada antes mesmo da
separação, em julho de 1822; foi instalada, entretanto, somente em maio
de 1823.
Logo se tornou claro que a Assembleia iria votar uma constituição
restringindo os poderes imperiais (apesar da idéia centralizadora
encampada por José Bonifácio e seu irmão Antônio Carlos de Andrada e
Silva). Porém, antes que ela fosse aprovada, as tropas do exército
cercaram o prédio da Assembleia, e por ordens do imperador a mesma foi
dissolvida, devendo a constituição ser elaborada por juristas da
confiança de Dom Pedro I.
Dom Pedro I.Foi então outorgada a constituição de 1824, que trazia uma
inovação: o Poder Moderador. Através dele, o imperador poderia
fiscalizar os outros três poderes.
Surgiram diversas críticas ao autoritarismo imperial, e uma revolta
importante aconteceu no Nordeste: a Confederação do Equador. Foi
debelada, mas Dom Pedro I saiu muito desgastado do episódio. Outro
grande desgaste do Imperador foi por o Brasil na Guerra da Cisplatina,
onde o país não manteve o controle sobre a então região de Cisplatina
(hoje, Uruguai). Também apareciam os primeiros focos de descontentamento
no Rio Grande do Sul, com os farroupilhas.
Em 1831 o imperador decidiu visitar as províncias, numa última tentativa
de estabelecer a paz interna. A viagem deveria começar por Minas Gerais;
mas ali o imperador encontrou uma recepção fria, pois acabara de ser
assassinado Líbero Badaró, um importante jornalista de oposição. Ao
voltar para o Rio de Janeiro, Dom Pedro deveria ser homenageado pelos
portugueses, que preparavam-lhe uma festa de apoio; mas os brasileiros,
discordando da festa, entraram em conflito com os portugueses, no
episódio conhecido como Noite das Garrafadas.
Dom Pedro tentou mais uma medida: nomeou um gabinete de ministros com
suporte popular. Mas desentendeu-se com os ministros e logo depois
demitiu o gabinete, substituindo-o por outro bastante impopular. Frente
a uma manifestação popular que recebeu o apoio do exército,não teve
muita escolha, assim criou o quinto poder.
Mas, não deu certo a ideia, e não restou nada ao imperador a não ser a
renúncia, no dia 7 de abril de 1831.
Parte 6