Iporanga, a cidade das cavernas! Por Danielle Borba Iporanga/SP
Verde a perder de vista. Quilômetros e quilômetros de mata atlântica. Recanto ainda preservado das ações do homem Assim éIporanga/SP, pequena cidade na região do Alto do Ribeira, um paraíso dos amantes da natureza e do turismo aventura . A cidade, que fica a 331 quilômetros de São Paulo, foi colonizada em 1576, quando as minas de ouro eram o maior atrativo. Moradores contam que da terra muita riqueza foi extraída e enviada a Portugal. Hoje, a cidade vive do turismo. O mais importante local de visitação é o Petar - Parque Estadual do Alto do Ribeira, onde estão belas cavernas. Um lazer à parte, em especial para geólogos e espeleólogos, freqüentadores assíduos do local. Há milhares de anos, a ação da água em rochas calcárias formou cavernas com paredes, piso e tetos ornamentados por estalactites, estalagmites, colunas e cortinas.
O Parque tem 35 mil hectares e chega até a cidade vizinha, Apiaí. Em Iporanga, o Petar tem mais de duzentas e cinqüenta cavernas, mas outras tantas nem foram catalogadas ainda. Poucas estão abertas à visitação turística, mas as que estão, vale a pena conhecer. Para os iniciantes, a dica é visitar as cavernas Santana, Morro Preto e Couto. Esta última conta com uma cachoeira pertinho. É lindo As cavernas não possuem iluminação artificial, é preciso lanternas e capacete, ambos fornecidos pelas pousadas. É muito importante a presença de um guia. A caverna Santana é a mais visitada dentro do Petar . Algo que chama a atenção são as formas variadas que a união da água, calcário e a ação tempo são capazes de produzir. Flores de aragonita, asa de anjo, pata de elefante e uma pequena e bela bailarina, são algumas delas. Estalactites e colunas (união da estalactite com a estalagmite) parecem ter saído de alguma obra do arquiteto catalão Antoni Gaudí.
Percorremos uma trilha rumo a caverna Ouro Grosso. Para acessá-la, é preciso entrar na água, mas resolvemos não arriscar, afinal já estávamos muito cansados. Mas só o passeio já reservou surpresas suficientes. O acesso é em meio as raízes de uma centenária figueira . Quase na entrada da caverna, um surucuá de peito amarelo nos dá as boas vindas, e, neste momento, descobrimos mais uma raridade , "Existem três espécies de surucuá, mas, o de peito amarelo, só aqui na mata de Iporanga", nos conta o guia. Assim é este pequeno recanto encravado no Alto Ribeira, cheia de surpresas, raridades, aventura e comunhão com a natureza!!
Onde ficar A cidade possui boa infra-estrutura de pousadas e campings. Uma dica é a Pousada Rancho Hanna. O Rio Bethary, propício para a prática do bóia-cross, passa no quintal. A Pousada programa passeios e tem um guia próprio . Em nosso passeio, tivemos a companhia de Nei Rodrigues, um jovem nativo da cidade, que conhece muito bem a região e tem sempre algumas histórias interessantes para contar durante o percurso . Dona Linda, dona da pousada, é uma excelente cozinheira. Durante os passeios, é ela quem prepara os lanches dos hóspedes. Entre um bate papo e outro, Seu Hilton, o proprietário, dá dicas sobre a região e conta um pouco sobre a história da cidade, fundada poucas décadas depois da descoberta do brasil .
Dicas Se você ficar em Iporanga, não deixe de conhecer o centrinho da cidade. No fim da tarde, é delicioso sentar no banco da praça. O casario colonial do pequeno município faz parte dos núcleos urbanos considerados patrimônios da humanidade. Uma das primeiras povoações paulistas, Iporanga ainda conserva características do antigo arraial da mineração do ouro. O casario surgiu em volta da Igreja Sant'anna, construída entre 1814 e 1821. A igreja ainda preserva parte da antiga estrutura, de taipa de pilão . Só a torre, que caiu após uma enchente, foi refeita. Outra sugestão é ir até Eldorado e conhecer a Caverna do Diabo . Com quase 10 mil metros de extensão, é a maior caverna do Estado de São Paulo. Mas apenas 600 metros estão abertos a visitação turística. Também é a única iluminada. As luzes artificiais dão um charme ao local, que tem acessos muito fáceis às galerias.
Cuidados Uma sugestão é que você viaje durante o dia. Em primeiro lugar, para curtir o visual da Mata Atlântica. Em segundo, por segurança. As estradas, de maneira geral, são boas, mas grande parte não possui acostamento. Em alguns trechos, principalmente entre Eldorado e Iporanga, há muitos buracos.
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