Uma cidade completamente urbanizada. Mais de
trezentos e cinqüenta mil moradores. Duzentas e quinze mil pessoas produzindo...
É difícil de imaginar, mas no passado Diadema foi morada de jesuítas e rota dos
bandeirantes.
Durante o século XVIII, em busca da catequização de índios, os jesuítas
portugueses saíram de São Vicente e conseguiram reunir grandes lotes de terra no
território em que hoje se localiza a cidade de Diadema. Na atual região do
bairro do Centro, onde vivem mais de 43 mil pessoas, o jesuíta Salvador Santiago foi o primeiro
foco de agrupamento populacional da cidade.
Estrada da Vila Conceição, por
onde passavam os bandeirantes em demanda do sertão de Embu a procura de ouro
aluvião no Rio São Lourenço.
Mais tarde, com a corrida pelo
ouro em direção a Embu, os bandeirantes acabaram por criar em sua rota uma
parada chamada Piraporinha.
No início do século XX, a antiga
rota dos tropeiros começou a passar por um processo de urbanização e
industrialização que deram os primeiros traços da Diadema de hoje. Foram criados
loteamentos de terra que originaram a Vila Conceição (área de 165 alqueires
loteada em 1923 pela Empresa Urbanística Vila Conceição) e o Eldorado, produto
do loteamento de terras próximas à Billings.
As vilas Conceição, Piraporinha e Eldorado foram, portanto, os três primeiros
núcleos habitacionais desta região ao sul de São Paulo que muitos anos depois
veio a se chamar Diadema. Não é à toa que hoje na bandeira da cidade três coroas
simbolizam esses três vilarejos que polarizaram o povoamento local.
Neste ponto de convergência de estradas começou a
se desenvolver um comércio local.
Historia dos
Bairros de Diadema
Campanário
De relevo
acidentado, até os anos 50 o bairro era formado pela densa Floresta Atlântica e
por diversas chácaras. Nessa época as terras começaram a ser desmatadas e
loteadas. O Jardim Paineiras é um de seus primeiros loteamentos e data de 1958.
Possuía uma área de 147.551 m2. No ano de 1967, com a desativação da favela do
Vergueiro pelo então prefeito de São Paulo Adhemar de Barros, centenas de
pessoas se deslocaram para a região, atraídas pelos terrenos de baixo valor e
pela proximidade com o município de São Paulo.
Eldorado
Por volta de 1924, o Sr.
José Zilling resolveu se desfazer do Sítio do Buraco onde vivera por muitos
anos. Seus 530 hectares de terra foram vendidos por 254 contos de réis à
Joaquim Franco de Camargo, o doutor Camargo, em 1925. Na década de 30,
Camargo dividiu-os em pequenas chácaras de veraneio. A este loteamento
denominou Eldorado, aproveitando a formação da Represa Billings empreendida
pela Light. Em 1925, a companhia canadense de luz e energia promoveu a
formação da represa pelo rio Tietê e seus afluentes para viabilizar o
fornecimento de energia elétrica e água para a população de São Paulo.
Feira de Eldorado: fundada pelo prefeito
Evandro Caiaffa Esquível na gestão de 1960 a 1963, localizava-se em
uma das ruas centrais do bairro.
Fotos: Coleção Sylvia Ramos Esquíve
Acervo CMD / PMD
Embarcação carregada de madeira extraída da ilha
fluvial do Bororé em 1945, na Represa Billings.
Foto: Coleção Walter Adão Carreiro
Acervo CMD / PMD
A partir de então se
desenvolveu a pescaria nas águas que formaram a Baía de Eldorado. A região
passou a ter uma intensa atividade náutica e até a década de 60 foi uma
importante área de turismo e lazer.
Imagem da Represa Billings nos anos 50, época em
que Eldorado se destacava como instância turística.
Foto: Coleção André Mussolino
Acervo CMD / PMD
Retratada nos anos 90, a Represa Billings vem
sofrendo com crescente a poluição de suas águas.
Foto: Nivaldo Almeida
Coleção CMD / PMD
Por volta dos anos 40, a
olaria começou a se popularizar no bairro. Atualmente o único exemplar desta
atividade é a Olaria Eldorado com 2.000 tijolos produzidos diariamente,
manufaturados conforme métodos usados desde o século passado.
Olaria Eldorado: único exemplar da atividade
presente no bairro desde o século XIX.
Foto: Nivaldo Almeida
Acervo CMD / PMD
Colônia européia e
religiosidade
Taboão
O primeiro documento acerca da
região data de 8 de abril de 1806: uma escritura de venda de terras no Tabõao,
integrante do então Bairro Nossa Senhora das Mercedes, correspondente ao atual
Bairro Paulicéia. A escritura registra como vendedora das terras Catharina Dias
de Leme e como comprador Anastácio Pereira Leite.
Um outro registro, de 1849,
trata do inventário de Manoel Joaquim Pedroso. O documento avalia um sítio no
Tabõao com casas grandes, cobertas de telhas, com roças e plantações de banana,
laranja.
Do início do século XX até
aproximadamente 1920 funcionou na região uma serraria a vapor de propriedade de
Antônio Piranga, fazendeiro das terras que iam do córrego da Avenida Fábio
Eduardo Ramos Esquível até o bairro Serraria (referências atuais). Esta serraria
utilizava madeiras locais e fornecia seus produtos para as indústrias de móveis
que surgiam em São Bernardo. Com a venda da propriedade em 1922 para a Empresa
Urbanista Vila Conceição, a serraria foi desativada e o bairro loteado para
sítios e chácaras. Na década de 70 as chácaras foram loteadas em terrenos
pequenos. Na mesma época teve início a construção de fábricas no Serraria. A
TORO foi a primeira delas.
Fachada
do sítio comprado em 1946 pelo professor Miguel Reale no bairro do Serraria,
nos dias atuais.
Foto: Nivaldo Almeida
Acervo CMD / PMD
Uma das atrações do bairro é o
Sítio São Miguel. O sítio foi comprado em 1946 pelo estudioso do direito Miguel
Reale, personagem fundamental no processo de transformação de Diadema em
distrito e, mais tarde, na campanha de emancipação da cidade. Adquiriu o sítio
para lazer, embora também tenha instalado uma granja para produção comercial.
Anos depois vendeu parte do terreno e atualmente mantêm a chácara para descanso.
A propriedade conserva a vegetação encontrada na região nos anos 40. Situa-se na
Avenida Dona Ruyce Ferraz Alvim.
Serraria
Do início do século XX
até aproximadamente 1920 funcionou na região uma serraria a vapor de propriedade
de Antônio Piranga, fazendeiro das terras que iam do córrego da Avenida Fábio
Eduardo Ramos Esquível até o bairro Serraria (referências atuais). Esta serraria
utilizava madeiras locais e fornecia seus produtos para as indústrias de móveis
que surgiam em São Bernardo. Com a venda da propriedade em 1922 para a Empresa
Urbanista Vila Conceição, a serraria foi desativada e o bairro loteado para
sítios e chácaras. Na década de 70 as chácaras foram loteadas em terrenos
pequenos. Na mesma época teve início a construção de fábricas no Serraria. A
TORO foi a primeira delas.
Fachada
do sítio comprado em 1946 pelo professor Miguel Reale no bairro do Serraria,
nos dias atuais.
Foto: Nivaldo Almeida
Acervo CMD / PMD
Uma das atrações do bairro é o
Sítio São Miguel. O sítio foi comprado em 1946 pelo estudioso do direito Miguel
Reale, personagem fundamental no processo de transformação de Diadema em
distrito e, mais tarde, na campanha de emancipação da cidade. Adquiriu o sítio
para lazer, embora também tenha instalado uma granja para produção comercial.
Anos depois vendeu parte do terreno e atualmente mantêm a chácara para descanso.
A propriedade conserva a vegetação encontrada na região nos anos 40. Situa-se na
Avenida Dona Ruyce Ferraz Alvim.
Canhema
O sítio Icanhema fazia parte do
Curral Pequeno, juntamente com o Taboão e Pinhauva (Piraporinha). Em Icanhema
residia a família de Salvador Plácido de Camargo, que em 1889 passou seus
terrenos para João Pedro da Silva e esposa.
Na década de 1930 começou a surgir o bairro com 5 ou 6 casas. Neste período não
havia nenhuma escola nas proximidades nem estradas ou estabelecimentos
comerciais.
Os moradores da região
compravam tecido em São Bernardo e costuravam as roupas à mão. Alguns moradores
cortavam lenha e levavam com carro de boi para vender nas padarias de São
Caetano e Santo André.
Em 1972, muitas indústrias se
instalaram perto da Rodovia dos Imigrantes, nas imediações do Canhema. Trouxeram
consigo luz, água e transporte coletivo para o bairro. Ruas foram asfaltadas,
pré-escolas erguidas e unidades básicas de saúde construídas.
Segundo moradores antigos da
região, tanto o bairro como a Avenida Casa Grande têm o nome em referência a uma
casa de taipa que ali existiu.
Casa Grande
Avenida Casa Grande
nos anos 90.
Foto: Nivaldo Almeida
Acervo CMD / PMD
O que hoje figura como avenida
conhecida dos moradores de Diadema foi criada por José Ribeiro de Melo. Seu
Juquinha se instalou em Piraporinha em 1952 e, como possuía uma frota de
carroças puxadas a burro, foi contratado para abrir a estrada de ligação de
Eldorado com São Bernardo do Campo, atual Avenida Casa Grande.
Na década de
60 surgiram os primeiros loteamentos populares na região em que hoje se
localiza o bairro do Casa Grande. Na mesma época, as indústrias chegaram se
instalaram em áreas desapropriadas pela prefeitura.O
senhor José Ribeiro Melo, Seu Juquinha, contratado para abrir a estrada de
ligação entre Eldorado e São Bernardo do Campo, aparece à frente de sua
carroça. Foto: Coleção José de Melo, acervo CMD / PMD
Piraporinha
No final do século XVIII, com
a corrida pelo ouro em direção a Embu, os bandeirantes acabaram por criar em
sua rota uma parada chamada Piraporinha. Sua proximidade com a colônia de
imigração italiana de São Bernardo e a existência de um importante caminho
de ligação com São Paulo foram fatores que contribuíram para o povoamento e
a movimentação do lugar. A Família Pedroso de Oliveira era proprietária da
maior parte daquelas terras desde 1769. Com o aumento populacional da
região, José Pedroso de Oliveira construiu a capela do Bom Jesus da Pedra
Fria, que não deu conta do crescimento de devotos. Uma nova capela, do Bom
Jesus de Piraporinha, não tardou em ser arquitetada.
Pioneirismo Industrial
Fachada da
IMBRA, primeira indústria de Diadema, nos anos 90.
Foto: Nivaldo Almeida
Acervo CMD / PMD
Esse que foi o primeiro
núcleo populacional de Diadema, ocupou também papel pioneiro no campo
industrial. A indústria mais antiga do município é a INBRA Indústria Química
S.A, instalada em 1952. A empresa se constituiu no município de São Paulo em
1939 como fábrica de sabão para a indústria têxtil. Antes de se instalar no
Distrito de Diadema, já havia transferido suas instalações por três vezes.
Entre 1957 e 1958,
houve mudança de atividade por parte da empresa,
que passou a fabricar matéria-prima para
indústria de plástico, constituindo-se em uma
das empresas pioneiras do ramo. Situa-se na
Avenida Fagundes de Oliveira. Inicialmente era
chamada Avenida Excelsior pela existência de uma
torre de transmissão da rádio Nacional. O nome,
porém, não era oficial. A nova denominação foi
uma homenagem a Leopoldina Maria Fagundes,
esposa de José Pedroso de Oliveira. Seu marido é
considerado o fundador de Piraporinha e foi dono
de mais de 70 alqueires de terras que iam da
atual Praça de Piraporinha até a Vila São José
Construção da IMBRA, primeira indústria de
Diadema, nos anos 50.
Foto: Coleção IMBRA
Acervo CMD / PMD
Imagem
da antiga Chácara da Conceição, que desapareceu para dar lugar a
atualAvenida Ulysses Guimarães.
Foto: Nivaldo Almeida
Acervo CMD / PMD
Conceição
Surgiu do mesmo loteamento da Empresa
Urbanista Vila Conceição, em 1923, que deu lugar a várias chácaras. O
impulso de crescimento no bairro, tanto populacional quanto industrial,
aconteceu, assim como no Serraria, nos anos 70.
Inamar
O Jardim Inamar se localiza
entre os bairros do Eldorado e do Casa Grande. Foi loteado em 1966 pela
imobiliária Mário Ramos de Freitas e dividido em 685 lotes. Tem uma área de
214,7 m2, no passado de propriedade de Yolanda Bertini. Seu nome surgiu das
várias plantas nativas da região que exalavam perfumes aprazíveis. De origem
indígena, a palavra inamar significa aroma agradável.
Inicialmente os moradores
fizeram construções de tábuas nos lotes, que foram sendo substituídas por
casas de alvenaria. Muitos habitantes eram ex-moradores da antiga favela do
Vergueiro, desocupada pela Prefeitura de São Paulo no início dos anos 60.
O significado e
origem do bairro Inamar em Diadema, minha avó (paterna) Yolanda Bertine dona da
área em que foi feito o loteamento deu o nome de INAMAR - que é a junção dos
nomes de minha mãe (IGNACIA - INA e de meu pai - filho de Yolanda Bertine
WALDEMAR - MAR dai a origem INAMAR
Vila Nogueira
Surgiu como um bairro
rural de São Bernardo do Campo em 1948, no período em que Diadema foi
elevada à categoria de distrito. Com a criação do Município, o
crescimento do parque industrial do Grande ABC e o desenvolvimento de
Diadema, Vila Nogueira recebeu fábricas, estabelecimentos comerciais e
residências de migrantes.
Seu nome é uma
homenagem ao engenheiro Horácio Messias Nogueira, nascido no sul de
Minas Gerais em 13 de maio de 1882. Dono de terras na região, Horácio
começou a transformar o "Sítio Nogueira" em loteamentos a partir dos
anos 50. Alguns deles receberam o nome de familiares: Vila Lídia (sua
esposa); Vila Goyotin (sua filha)
Centro
Durante o século
XVIII, em busca da catequização de índios, os jesuítas portugueses
saíram de São Vicente e conseguiram reunir grandes lotes de terra no
território em que hoje se localiza a cidade de Diadema. Na atual região
do bairro do Centro, onde vivem mais de 43 mil pessoas.
No início do século XX,
a antiga Vila Conceição passou por um processo de urbanização e
industrialização que deram os primeiros traços da Diadema de hoje. Em
1923, a Empresa Urbanística Vila Conceição loteou uma área de 165
alqueires que foi batizada Vila Conceição. Na década de 50 foram os
moradores deste loteamento que lideraram o movimento de emancipação da
cidade, indignados com a falta de infra-estrutura da região e com o
descaso das autoridades de São Bernardo em relação à Vila Conceição. Ao
ser concretizada a emancipação, parte da Vila Conceição se constituiu no
centro administrativo do novo município designado Diadema.
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