PARTE-1
A invasão francesa liderada
por Villegaignon em 1555, ocorreu devido o
interesse na exploração do Pau-Brasil e nas
especiarias. Com a expulsão dos franceses o
Governador Geral desejava que o local
permanecesse povoado, pois temia uma possível
volta dos estrangeiros, com isso ofereceu a
Martim Afonso de Souza, Araribóia, em 1568, a
concessão das terras anteriormente pertencentes
a Antônio Marins. A sesmaria tinha grande
significado histórico pelo fato de corresponder
a maior parte do atual território do município
de Niterói, com extensão de uma légua pela costa
e duas pelo sertão, indo de um lado, do Maruí
até o fundo da Baía de Guanabara, e do outro
lado, das Barreiras Vermelhas pela costa
(passando por Jurujuba, Piratininga e Itaipu)
até Maricá.
A aldeia fundada
por Araribóia com a posse solene em
1573, recebeu a denominação de São
Lourenço dos Índios, o primeiro núcleo
de povoamento. A morte de Araribóia
(1587) iniciou o processo de declínio do
aldeamento, justamente por localizar-se
distante da "povoação maior", Rio de
Janeiro, e não oferecer condições para
sua expansão.
|
|
..."Na época em que
Araribóia recebera sua sesmaria nas Barreiras
Vermelhas, já havia várias propriedades
agrícolas em funcionamento, e os núcleos, que
mais tarde foram São Domingos e Praia Grande, já
podiam ser pressentidos, por uma densidade
demográfica ligeiramente maior, em comparação
com outros sítios naquela margem da Guanabara,
ainda quase desabitados". (Wehrs, 1984).
(...)"O progresso que vinha
do outro lado da Baía de Guanabara localizou-se
na parte mais plana, mais fácil de ser alcançada
por mar, e sem a necessidade de atravessar os
terrenos pantanosos junto a Enseada de São
Lourenço. Assim surgiram os núcleos de São
Domingos, Praia Grande, São João de Icaraí, São
Sebastião de Itaipu e São Gonçalo, todos
acessíveis por via marítima, e que lentamente
foram se desenvolvendo." (Wehrs, 1984)
(...)" As comunicações
marítimas eram raras entre a cidade do Rio de
Janeiro e os arraiais da futura Praia Grande.
Delas só aproveitavam os padres jesuítas, os
traficantes de negros, os demandistas e algum
estrangeiro explorador. As embarcações eram
faluas, barcaças, igares e mais tarde as
galeotas, tipo de embarcação adotada pela casa
real." (...) (Peixoto, 1966).
Com a decadência da Aldeia
de São Lourenço e a expulsão dos Jesuítas do
Brasil (1760) aumentou o número de sesmarias,
atraindo imigrantes dada a fertilidade das
terras, fazendo surgir povoados como Praia
Grande, Icaraí, Maruí, São Domingos, São Gonçalo
e Jurujuba. O progresso econômico se refletiu
nas fazendas, engenhos de açúcar e aguardente.
Para escoar a produção de açúcar que nesse
período já era bastante significativa, os
proprietários de terras, utilizavam os portos na
Enseada da Boa Viagem, de São Domingos, Praia
Grande e Maruí.
Paralelamente, "as terras
das sesmarias foram também sendo reduzidas, logo
a partir de 1656, por convenção imposta aos
indígenas. (...) Foram sendo doadas ou vendidas
a terceiros, ou até roubadas por prepotentes ou
aventureiros." (Inst. Histórico de Petrópolis,
sem data).
A pesca e a
industrialização da baleia adquiriram sua máxima
importância econômica durante os Séculos. XVII e
XVIII.
|
O Século XVII se
caracterizou por algumas transformações
urbanas como a fundação de capelas
(Nossa Senhora da Conceição 1671, Nossa
Senhora da Boa Viagem 1663), que
posteriormente deram origem aos núcleos
urbanos. Em 1696, a Capela de São João
Batista de Icaraí foi elevada a
categoria de Freguesia.
|
O século XVIII foi marcado por duas invasões
francesas no Rio de Janeiro que, apesar de não
ser sede da colônia, o seu território era usado
como passagem do ouro brasileiro para a Europa,
pois a cidade é banhada pelo mar assim
facilitando o escoamento das riquezas,
fator determinante para que Luiz XIV, rei da
França determinasse a invasão da Guanabara. A
primeira tentativa ocorreu em 1710(1.711 invasão
dos Franceses) com Jean François Duclerc, sendo
afastada pelo fogo da Fortaleza Santa Cruz. A
segunda invasão foi em 1711, liderada por René
Duguay – Trouin, ocupando a Fortaleza de Santa
Cruz por três meses. Em 1758, a Igreja de São
Lourenço dos índios foi elevada à categoria de
matriz, sendo posteriormente reformada,
adquirindo a aparência atual.
SÉCULO XIX
A chegada da Corte de D.
João VI à colônia brasileira em 1808, foi
culminante para o apogeu e progresso das
freguesias do recôncavo e principalmente a de
São João de Icaraí, além de escolher São
Domingos para localização de seu sitio para
lazer. A estadia na Praia Grande, em comemoração
as festividades de seu aniversário, foi
responsável pelo aumento dos números de
visitantes aquela localidade. O comércio e a
navegação progrediram e se intensificaram,
aparecendo também os vendedores ambulantes,
mascates.
Em 1816, a Missão Francesa
chega ao Brasil, tendo como integrante o
arquiteto Arnaud Pallière, efetuando o desenho
de um plano urbanístico, elaborado pelo
Brigadeiro Antônio Rodrigues Gabriel de Castro,
que compreenderia na reconstrução da Praia
Grande, sendo concluído por José Clemente
Pereira em 1820. O espaço urbano abrangente ao
plano, compreendia duas fazendas, a da Mandioca,
que ia da atual Rua da Conceição até o Ingá, e a
da Restinga, da Rua da Conceição até a Ponta
D`Areia.
(...) "As freguesias já se
encontravam em grande progresso, o número de
habitantes se elevava. São Gonçalo, São João de
Icaraí, São Sebastião de Itaipu, constituíam um
distrito, sujeitos a uma administração, quando
D. João VI resolveu emancipar a Vila da Praia
Grande a 10 de maio de 1819. (...) Foi nomeado
para 1º Juiz de fora da vila criada, José
Clemente Pereira..." (Peixoto, 1966).
Com a criação da
Vila da Praia Grande em 1819, passou a
configurar quatro freguesias, São João
de Icaraí, São Sebastião de Itaipu, São
Lourenço dos Índios e São Gonçalo. Além
disso, em 1820, recebe seu primeiro
plano de arruamento, compreendendo as
áreas da Praia Grande e São Domingos. O
desenho proposto foi uma malha xadrez,
destacando o Largo do Rocio mais tarde
denominado Largo de São João – este,
projeto foi encomendado pelo Juiz de
Fora José Clemente Pereira ao arquiteto
Francês Arnaud Julien. Vários
melhoramentos passaram a ser realizados
pela câmara, os caminhos que não
passavam de picadas, transformaram-se em
estradas mais largas e ruas novas foram
demarcadas, em prosseguimento àquelas
que vinham do litoral. Em 1828, é
instituída a 1º Lei Orgânica do
município. A criação da Província do Rio
de Janeiro, elevou a Vila da Praia
Grande a capital provisória em 1834. A
lei Provincial n.º 6 de 1835 eleva a
Vila à categoria de cidade, recebendo a
denominação de Nictheroy. O titulo
imperial cidade de Nictheroy é concedido
em 1841 por D. Pedro II.
|
|
|
A cidade se reestruturava
gradativamente. Em 1841, é idealizado o
Plano Taulois ou Plano da Cidade Nova,
abrangendo o bairro de Icaraí e parte de
Santa Rosa, constituindo-se num plano de
arruamento de autoria do Engenheiro
francês Pedro Taulois e organizado após
a elevação da cidade a condição de
capital. O traçado ortogonal da malha
viária se iniciava na Praia de Icaraí e
terminava na Rua Santa Rosa, duplicando
a área urbanizada de Niterói.
|
A condição de capital estabelecida à
cidade, determinou uma série de
desenvolvimentos urbanos, dentre os
quais, a implantação de serviços básicos
como a barca a vapor (1835) efetuado
pela Cantareira e Viação Fluminense, a
iluminação publica a óleo de baleia
(1837) e os primeiros lampiões a gás
(1847), abastecimento de água (1861), o
surgimento da Companhia de Navegação de
Nictheroy (1862), bonde de tração animal
da Companhia de Ferro-Carril
Nictheroyense (1871), Estrada de Ferro
de Niterói, ligando a cidade com
localidades do interior do estado
(1872), bondes elétricos (1883) entre
outros( fotos 08 e 14).
|
|
|
Ao fim do século
XIX, a eclosão da revolta da armada
(1893), destruiu vários prédios na zona
urbana e bairros litorâneos, e paralisou
as atividades produtivas da cidade, fez
com que divergências políticas internas
interiorizassem a cidade-sede, principal
causa da transferência da capital para
Petrópolis. Esta condição permaneceu por
quase 10 anos, possibilitando sua
entrada no século XX com o projeto de
reedificação da Capital. A cidade já
havia sofrido fragmentação de seu
território em 1890, dada a separação das
freguesias de São Gonçalo, Nossa Senhora
da Conceição de Cordeiro e São Sebastião
de Itaipu, que passaram a constituir o
município de São Gonçalo. Com isso a
área de Niterói foi reduzida de
245,42km² para 84km².
|
SÉCULO XX
"No Brasil, ao longo
do século XX grande números de cidades nasceram,
cresceram e desenvolveram. Foi nesse século que
o país mais se urbanizou. A evolução do
crescimento da população urbana, considerando-se
este período, e bastante ilustrativa. É a partir
da década de 70, que se inverte com força, a
relação rural-urbana até então vigente."
(Oliveira, 2001).
O retorno de
Niterói a condição de Capital do Estado
do Rio de Janeiro em 1903 deu-se
principalmente por sua proximidade com o
Rio de Janeiro, município este mais
importante da rede urbana nacional
(liderava as exportações de café através
do seu porto), marcou um período de
intervenções urbanas, promovendo a
cidade de qualificada infra-estrutura,
procurando organizar uma vida urbana
condizente com sua condição perante o
Estado Fluminense.
|
|
Neste cenário, várias
edificações foram construídas simbolizando o
status adquirido pela capital como a Prefeitura
no Largo do Pelourinho – Palácio Araribóia
(1904), a Câmara no Largo do Rocio, atual Jardim
São João (1908), os correios e estação
hidroviária - barcas (1908). Os parques e praças
receberam nova urbanização como o Largo de São
Domingos (1905), o Campo de São Bento (1910),
Praça Araribóia (1911), Praça General Gomes
Carneiro (Rink) – antigo Largo da Memória
(1913), entre outros. Se destacaram alguns
melhoramentos urbanos como iluminação à gás
(1904), inauguração da primeira linha de bondes
elétricos ligando o Centro à Icaraí (1906),
alargamento da Rua da Conceição (1907),
inauguração da Alameda São Boaventura (1909),
alargamento da Estrada Leopoldo Fróes (1909),
inauguração da rede central de esgotos (1912).
Estrada Leopoldo Fróes
|
Estação hidroviária
|
O precursor dessa série de renovações urbanas
foi o primeiro Prefeito de Niterói, Paulo
Pereira Alves (Janeiro a Novembro de 1904),
idealizador de uma imponente avenida na Praia de
Icaraí, "fundo de quintal das apalacetadas
chácaras da Rua Moreira César", indo até São
Francisco, e daí alcançando as Praias Oceânicas,
pelo prolongamento da Estrada da Cachoeira. Essa
avenida se destinava a implantação de hotéis,
cassinos, praças de esportes e outros centros de
lazer e diversão na Orla de Icaraí e São
Francisco. Foi o primeiro prefeito a falar em
proteção ao meio ambiente e exploração do
potencial turístico de áreas como a Região
Oceânica, que desejou ligar ao Centro e outros
bairros (Soares, 1992)
Praia de Icaraí
|
Orla de Icaraí
|
Continua
|