Ao contrário do que muitos imaginam, nem
todas as espécies de dinossauros viveram ao mesmo tempo. Durante os 160 milhões
de anos em que dominaram o planeta muitas espécies surgiram e muitas
desapareceram. Nessa seção você conhecerá um pouco do processo de evolução das
espécies e dos grupos de dinossauros ao longo da Era Mesozóica.
Carnívoros
Os primeiros dinossauros eram todos
carnívoros. Somente com alguns milhares de anos algumas espécies passaram a
preferir uma dieta vegetariana.
Um dos mais antigos dinossauros carnívoros
que se tem notícia foi o Herrerasaurus, (abaixo) que viveu no
médio Triássico, há cerca de 220 milhões de anos. Com cerca de 5 m de
comprimento, era um dos mais formidáveis predadores de seu tempo. Diferente de
outros répteis, o Herrerasaurus caminhava nas patas traseiras, o
que permitia a utilização dos membros dianteiros para outras tarefas, como por
exemplo, agarrar a presa. Acredita-se que dinossauros como esse conseguiam
controlar a temperatura corporal, o que trazia vantagens em relação a outros
carnívoros.
Ao final do Triássico, há cerca de 205
milhões de anos começam a aparecer dinossauros carnívoros novos e
proporcionalmente mais "evoluídos" que o Herrerasaurus. Um desses
dinos era o Coelophysis , um animal de 2 m de comprimento, ágil,
esperto e inovador. Foi um dos primeiros dinos a viver e caçar em grupos.
Animais como esse pertenciam a um grupo
novo de carnívoros, conhecidos como ceratossauros. A partir do Coelophysis
novos e mais eficientes ceratossauros apareceram. Um deles era o Syntarsus.
Esse dinossauro mais tarde daria origem a outras formas de pequenos predadores,
os celurossauros.
Mas alguns ceratossauros resolveram seguir
outra estratégia evolutiva. Ficaram maiores e mais poderosos. Um dos primeiros
dinossauros carnívoros de grande porte foi o Dilophosaurus. Com
quase 7 m de comprimento e pesando cerca de 600 quilos, esse estranho animal
dominou a região do Arizona, nos EUA e leste da China há cerca de 190 milhões de
anos.
A partir do início do Jurássico novos e
aterrorizantes predadores apareceram. Entre os mais mortais estava o
Ceratosaurus, um dos raros representantes da linhagem dos ceratossauros.
Com cerca de 1 tonelada esse carnívoro era o terror de sua época.
Mas os dias de domínio dos ceratossauros
estavam contados. Ao final do Jurássico entram em cena os alossauros, como o
Allosaurus e o Saurophaganax , predadores
especializados em abater saurópodes e estegossauros. Para isso precisavam
trabalhar em grupo.
É possível que estes tenham sido os
primeiros grandes carnívoros a caçar em bandos. Mas só o trabalho em equipe não
era o suficiente. Os alossauros precisaram também crescer. Animais como o
Allosaurus facilmente chegavam às 4 toneladas. Caçando em bandos e sendo
os predadores de de seu tempo os alossauros foram apropriadamente
apelidados de "leões do Jurássico".
Durante o Jurássico não haviam só grandes
carnívoros. A partir de animais como o Syntarsus apareceram os
celurossauros, pequenos carnívoros do tamanho de galinhas e cachorros. Entre os
menores estava o Compsognathus (abaixo), com 60 cm de comprimento.
Sua principal dieta era composta de insetos e pequenos lagartos. Acredita-se que
complementa-se seu cardápio com carniça.
Outros pequenos celurossauros como o
Ornitholestes e o Sinosauropteryx começaram a
desenvolver uma nova característica que iria revolucionar o mundo jurássico: as
penas.
Acredita-se que animais como esses podem,
ainda durante o Jurássico, terem dado origem às primeiras aves. Prova disso é o
estranho Archaeopteryx, um pequeno terópode emplumado capaz de
voar. Ao final do Jurássico as coisas começaram a mudar, especialmente para os
grandes terópodes.
Os estegossauros desapareciam e os saurópodes, outra grande
fonte de carne, ficavam cada vez maiores e mais difíceis de se abater. Os
alossauros, para poder acompanhar as circunstâncias precisaram crescer ainda
mais e tornar-se cada vez mais fortes. No início do Cretáceo os alossauros
originam os carcarodontossauros, predadore maiores e mais fortes, que também
caçavam em grupos, mas eram capazes de matar os maiores saurópodes.
Entre os primeiros dinos dessa nova
família estava o estranho Acrocanthosaurus (abaixo). Diferentes de
seus primos do hemisfério sul, o Acrocanthosaurus teve de
adaptar-se a dietas diferentes, já que, ao contrário da América do Sul e
África, os saurópodes eram raros na América do Norte.
Para não desaparecer ele desenvolveu um
gosto especial por iguanodontes, que abundavam em seu território. Mas não
dispensava o robusto Pleurocoelus, um dos raros saurópodes que
ainda sobreviviam nos EUA.
Por ser um dinossauro pouco adaptado a
altas velocidades, acredita-se tenha desenvolvido técnicas de caça baseadas em
emboscada. Ele aproximava-se cautelosamente da presa. Quando estava bem perto
atacava rapidamente, rasgando com seus dentes especiais o couro grosso e
arrancando grandes bocados de carne.
É possível que, como os atuais
dragões-de-Komodo, os carcarodontossauros tivessem grande quantidade de
bactérias em sua saliva. Uma única mordida poderia provocar uma grave infecção
na vítima, que morriam em questão de horas ou de poucos dias. Este era um método
f����������������cil e de poucos riscos, que permitia aos predador conseguir grande quantidade
de alimento com um gasto mínimo de energia, sem que este tivesse que temer por
sua segurança. Afinal o único trabalho seria o de morder e depois, esperar.
Apesar de relativamente raros no
hemisfério norte, mais ao sul os carcarodontossauros tiveram seu auge,
alcançando portes impressionantes à medida que suas presas também cresciam.
Entre os mais poderosos predadores desse grupo está o Carcharodontosaurus
(abaixo), do norte da África, com cerca de 12,5 m de comprimento.
Na América do Sul também abrigou animais
desse tipo. Um dos mais célebres e o Giganotosaurus, de 13 m
(abaixo).
Uma descoberta mais recente indica a
presença de um carcarodontossauro ainda não batizado na Argentina com cerca de
14,5 m de comprimento e prováveis 9 toneladas.
A presença de carcarodontossauros tão
parecidos na Argentina, Brasil e norte da África é a prova definitiva de que
até cerca de 110 milhões de anos esses dois continentes estiveram unidos e os
animais podiam "passear" entre eles livremente.
Ainda no início do Cretáceo observa-se uma
diferenciação entre os pequenos celurossauros e o surgimento de novos grupos
como o dos dromeossauros ("raptores"), ornitomimossauros (dinossauros onívoros
semelhantes a avestruzes), oviraptorssauros ("lagartos ladrões de ovos") e os
ancestrais dos espinossauros e tiranossauros.
Um dos mais impressionantes grupos de
predadores foi o dos dromeossauros, ou mais popularmente, raptores. Esses
animais, em geral de pequeno porte, podem ser comparados com os atuais lobos.
Inteligentes, sociáveis, ágeis e letais... essas podem ser algumas de suas
definições.
Seu tamanho reduzido era compensado por sua incrível capacidade de
agir em bandos. Animais como o Deinonychus, do porte de um humano
adulto, podiam derrubam grandes iguanodontes como o Tenontosaurus,
de mais de 2 toneladas.
No que se refere ao tamanho, a única
exceção à regra era o enorme Utahraptor (abaixo). Com cerca de 7 m
de comprimento e 500 quilos, esse grande carnívoro caçava animais como o
Iguanodon, herbívoro de 4 toneladas. Os dromeossauros foram bem
sucedidos até o final do Cretáceo.
Há cerca de 110 milhões de anos, apesar de
ainda muitos carcarodontossauros, novos e interessantes dinossauros carnívoros
apareciam.
Entre os mais exóticos estavam os
espinossauros, dinossauros de focinhos longos e braços fortes. Não se sabe
exatamente quem deu origem a eles. Muitos acreditam que exista uma relação entre
espinossauros e animais como o Coelophysis. O formato dos focinhos
e dentes indicam que esses animais baseavam sua dieta em peixes.
Sabe-se que
nesse período haviam grandes peixes dipnóicos de 2 m de comprimento, que
poderiam ser ótimas fontes de alimento. Imagine um lago há 110 milhões de anos.
Um enorme Spinosaurus (abaixo) aguarda na margem que um peixe
desavisado passe por ele. Como um raio o carnívoro lança seu focinho na água.
Com seus dentes apropriados ele o apanha. Usando as garras enormes em forma de
anzol o Spinosaurus segura o peixe, enquanto os dentes o
desmantelam.
Não se descarta a hipótese de que tais
animais também complementassem sua dieta comendo carcaças de saurópodes deixadas
pelos ferozes carcarodontossauros. Seus longos focinhos e pescoços podem ter
sido úteis para afundar-se na carcaça.
Também é possível que usassem seus fortes
braços e longas garras como arma para derrubar herbívoros como os iguanodontes,
comuns na época. Alguns cientistas acreditam que os longos braços permitiam que
os espinossauros caminhassem também nas quatro patas. Se isso for verdade então
este seria o primeiro caso de um dinossauro carnívoro capaz de caminhar em duas
ou quatro patas.
Os espinossauros foram típicos apenas do
Cretáceo Médio. O registro fóssil desses animais desaparece há cerca de 90
milhões de anos. Até onde sabemos a maioria deles viveu no Hemisfério Sul
(América do Sul e África), mas existem casos de espinossauros na Europa e Ásia.
A partir de 90 milhões de anos nota-se o início do declínio dos
carcarodontossauros. À medida que suas presas começavam a desaparecer, esses
poderosos predadores tinham dificuldade para apanhar animais menores e mais
ágeis.
Nessa mesma época começa a ascensão dos
primeiros tiranossauros no Hemisfério Norte e dos abelissauros no Hemisfério
Sul. Os dois grupos eram representados por grandes carnívoros de pernas longas,
cabeças grandes e pescoços curtos, além de membros anteriores extremamente
reduzidos. Os abelissauros do sul tinham crânios bem característicos e eram
adaptados para velocidade. Entre os mais famosos está o Abelisaurus
(ao lado) e o Carnotaurus.
Acredita-se que também relacionados com os
abelissauros estão os noassauros, dinossauros que por muito tempo foram
confundidos com os dromeossauros, especialmente por seu estilo e suas garras
curvadas nos pés. Hoje considera-se que entre esses dois grupos (noassauros e
dromeossauros) existe um caso de evolução convergente. Entre os noassauros o
mais temido provavelmente era o Megaraptor (ao lado), semelhante a
um grande dromeossauro, tinha 8 m de comprimento.
Os tiranossauros, os mais famosos entre os
grandes carnívoros, só apareceram nos últimos 15 milhões de anos do Cretáceo.
Originários da Ásia, chegaram através do Estreito de Bering ao oeste da América
do Norte. Não há conhecimento desses animais no Hemisfério Sul. São
caracterizados por terem crânios enormes, com olhos frontais e mandíbulas muito
fortes.
Em contrapartida seus membros anteriores eram muito curtos e munidos de
apenas 2 dedos. Alimentavam-se principalmente dos hadrossauros e ceratopsianos,
comuns nesse período. Mas existe uma grande discussão entre os paleontólogos a
respeito da maneira como eles conseguiam seu alimento. Alguns defendem a idéia
de que eram apenas carniceiros. Outros acreditam que eram eficientes predadores.
O mais provável é que fossem um pouco dos dois, dependendo da ocasião.
Entre os mais famosos dinossauros desse
tipo estão o Tyrannosaurus, Albertosaurus (abaixo) e
Daspletosaurus .
Também ao final do Cretáceo um
interessante grupo de predadores pequenos evoluiu. Tendo seus ancestrais entre
os dromeossauros, os troodontes eram um pouco menores e mais esbeltos que seus
antepassados. Ainda tinham garras curvas nos pés, mas eram menores. Diferentes
dos raptores, preferiam uma vida mais solitária.
Seus olhos grandes indicam um animal de
hábitos noturnos. Suas principais presas eram pequenos mamíferos que se
esgueiravam entre as folhagens durante as noites do Cretáceo.
Outras
características interessantes desses animais são os cérebros grandes, que
indicam grande inteligência, e a presença de dedos opositores nas mãos, muito
úteis para agarrar suas pequenas e ágeis presas. Entre os mais marcantes
troodontes estão o Troodon e o Saurornithoides .
Também só foram encontrados no Hemisfério Norte.
Herbívoros
Apesar dos primeiros dinossauros serem
carnívoros, algumas espécies mudaram sua dieta e passaram a ser herbívoras e, em
alguns casos, onívoras. Um dos primeiros dinos herbívoros foi o
Pisanosaurus. Pouco se sabe a seu respeito. Tinha pouco mais de 1 m de
comprimento e viveu há cerca de 210 milhões de anos. A partir dele evoluíram
animais de diferentes formas e tamanhos.
Entre os primeiros estão os
prossaurópodes, como o Plateosaurus . Podiam andar tanto em duas
quanto e quatro patas. Sua dentição era específica para alimentarem-se de folhas
e ramos.
Eram os maiores dinos de sua época. Alguns podia pesar cerca de 6
toneladas e ter 12 metros de comprimento. Em suas patas dianteiras haviam garras
que tanto podiam ajudar a arrancar folhas como eram ótimos meios de defesa.
Outro grupo que se desenvolveu no final do
Triássico foi o dos heterodontossauros. Esses pequenos herbívoros bípedes têm
seu nome derivado de sua característica dentição. Diferente de outros dinos,
seus dentes eram diferenciados em molares e caninos, Na parte da frente da boca
possuíam um bico córneo. Acredita-se que os caninos eram usados para defesa.
A partir do início do Jurássico apareceram
alguns novos prossaurópodes, maiores e totalmente quadrúpedes. Esses animais
mais tarde dariam origem aos maiores dinossauros de todos os tempos, os
saurópodes.
Ao mesmo tempo estranhos herbívoros com
calombos no dorso se preparavam para dar origem aos estegossauros.
Os primeiros saurópodes apareceram há
cerca de 200 milhões de anos. A partir daí se diferenciaram em várias famílias,
que tinham características próprias. Mas todos dividiam características básicas
tais como: corpos grandes e pescoços longos, terminados em pequenas cabeças,
caudas também longas e 4 patas em forma de pilar.
O Jurássico foi o auge dos saurópodes.
Diferentes tipos apareceram, mas os grupos dominantes foram o dos diplodocídeos,
como o Diplodocus (abaixo), o dos braquiossaurídeos, como o
Brachiosaurus (abaixo) e o dos camarassaurídeos.
Os primeiros estegossauros apareceram no
médio Jurássico, há cerca de 160 milhões de anos. Tinham cabeça pequena e corpo
volumoso. No dorso tinham placas ósseas que variam e forma e tamanho de acordo
com a espécie.
Na cauda tinham 2 ou mais pares de espigões pontudos. Sua
dentição fraca permitia-lhes apenas comer folhas macias. Entre os mais famosos
desse grupo está o Stegosaurus (abaixo).
Mas não havia só herbívoros gigantes
durante o Jurássico. Os hipsilofodontes representavam os baixinhos da época.
Esses pequenos ornitópodes já foram encontrados em todas as partes do mundo.
Conhecidos por serem eram velozes, esses animais provavelmente evitavam os
perigos fugindo o mais rápido possível.
Seus grandes olhos na cabeça indicam boa
visão. Entre os mais famosos está o Dryosaurus e o Othnielia
(abaixo).
Ao final do Jurássico nota-se um grande
declínio entre os saurópodes e estegossauros. O clima estava mudando e a
vegetação também. Esses enormes herbívoros tiveram dificuldade em se adaptar a
nova situação e começaram a desaparecer. Os estegossauros no início do Cretáceo
estavam praticamente extintos, mas dois grupos de saurópodes resistiram. Eram os
dicreossauros e os titanossauros.
No hemisfério norte os ornitópodes
evoluíram e originaram um novo grupo, o dos iguanodontes. Esses
bípedes-quadrúpedes de até 4 toneladas tinham um aparelho de mastigação muito
mais desenvolvido. Na frente da boca tinham um bico córneo que cortava as
plantas, enquanto que os dentes traseiros, aliados a potentes músculos de
mastigação maceravam até as folhas mais duras.
Essa característica permitia aos
iguanodontes comer qualquer tipo de vegetação. Assim puderam se espalhar por
todo o globo. Por serem tão bem-sucedidos acabaram ocupando o lugar de outros
herbívoros.
Aparentemente na América Meridional e sul
da África a forma herbívora dominante era a dos saurópodes titanossaurídeos e
dicreossaurídeos. Da primeira família destaca-se o gigantesco
Argentinosaurus (abaixo), um dos maiores dinossauros de todos os
tempos.
Entre os dicreossaurídeos o
mais famoso é o estranho Amargasaurus, um saurópode de barbatana
de 12 metros de comprimento .
Os hadrossauros evoluíram dos
iguanodontes, dos quais herdaram muitas das características. Apareceram no final
do Cretáceo, há cerca de 85 milh��es de anos. Já não tinham o característico
esporão no lugar do polegar como seus ancestrais mas ainda eram bípedes -
quadrúpedes. Ocupando o lugar de seus antecessores tornaramse por algum tempo os
herbívoros dominantes.
Levando em conta o formato da
cabeça são divididos em 2 grupos: hadrossauróides, (sem crista e com
focinhos largos, como o Anatotitan) e os lambeossauróides
( com crista e focinhos estreitos, como o Parasaurolophus
Ainda no final do Jurássico,
da mesma linhagem evolutiva que deu origem aos estegossauros surge um novo grupo
de dinossauros blindados.
São os anquilossauros.
Parecidos com enormes tatus são divididos em 2 grupos: nodossauróides
(mais primitivos e de cauda sem porrete) e anquilossauróides (cauda com
porrete).
Apesar de relativamente
raros, os anquilossauros sobreviveram até o final do Cretáceo, há cerca de 65
milhões de anos.
Outra linhagem evolutiva que apareceu no
final do Cretáceo foi a dos marginocéfalos. A partir dos ancestrais de 110
milhões de anos evoluíram 2 grupos: os paquicefalossauros e os ceratópsios.
Os primeiros tinham cabeças espessas para provavelmente usá-las em disputas por
fêmeas ou pela liderança do bando. Dividem-se em 2 grupos:
paquicefalossauróides, de cabeça mais espessa e arredondada; e
homalocefalóides, de cabeça achatada e menos espessa.
Na Ásia, há cerca de 100 milhões de anos
surgem os primeiros psitacossauros, dinossauros com bico parecido com o de um
papagaio. Alguns milhões de anos depois esses animais originam os
protoceratopsianos, os ancestrais dos grandes dinos de cornos do Cretáceo.
Esses primeiros animais ainda não tinham
cornos, mas já possuíam a gorjeia óssea característica, como o
Microceratops abaixo.
Ao final do Cretáceo no hemisfério norte a
paisagem estava dividida entre dois grupos de vegetarianos: os hadrossauros e
os ceratopsianos.
Estes últimos são os dinossauros com
cornos. Esses cornos, juntamente com as gorjeias, variavam em forma e tamanho de
acordo com a espécie e são tidos como referência para dividí-los em 2 grupos: os
centrossauróides, de gorjeia curta, chifres orbitais curtos e um chifre
nasal longo; e os chasmossauróides, de gorjeia longa, chifre nasal curto
e grandes chifres orbitais.
Onívoros
O conceito de um animal onívoro é bastante
controverso. Na linguagem da Ecologia, um onívoro é aquele que se alimenta de
organismos de mais de um nível trófico. Mas a maioria de nós entende que um
onívoro é aquele animal que se alimenta tanto de outros animais como de
vegetais. Nessa seção utilizarei o segundo conceito, mais conhecido.
No que se refere aos dinossauros onívoros,
pouco se sabe sobre sua evolução. Os mais antigos registros de dinossauros desse
tipo datam do início do Jurássico, há cerca de 190 milhões de anos. Um dos
primeiros dinos onívoros era o Elaphrosaurus . Do tamanho de um
peru essa criatura tinha uma dentição que lhe permitia tanto comer carne quanto
vegetais. Acredita-se que sua dieta se baseava em pequenos lagartos, insetos e
folhas.
Após o Elaphrosaurus os
registros de onívoros ficaram sem preenchimento até o médio Cretáceo, há cerca
de 100 milhões de anos. Nesse período aparecem 3 novos grupos de dinos
onívoros.
O primeiro dele era o dos
ornitomimossauros, criaturas muito parecidas com avestruzes, capazes de correr
há grandes velocidades. Seu bico desdentado indica uma dieta variada. Podiam
comer pequenos lagartos, mamíferos e ovos. Mas não dispensavam folhas e frutas
frescas.
O segundo grupo corresponde ao dos
oviraptorssauros. Também com aparência de aves, esses estranhos animais, típicos
do hemisfério norte, se especializaram em comer ovos. Com seu bico poderoso eles
partiam a casca grossa e lambiam seu conteúdo.
Mas eles não viviam só de ovos.
Acredita-se que o bico também era útil para partir ossos e quebrar cascas de
nozes. Sendo assim é provável que os oviraptorssauros fossem onívoros.
O último e mais estranho grupo de dinos
onívoros era o dos terizinossauros. Até hoje pouco se sabe sobre seus
hábitos. Sabe-se que esses animais evoluíram de ancestrais predadores, mas ao
longo do tempo mudaram sua dieta. Sua dentição indica que a maior parte do tempo
comiam folhas e frutos das árvores.
Mas muitos especialistas apontam que os
terizinossauros complementavam sua alimentação com pequenos mamíferos e
lagartos. Algumas análises comparativas demonstraram que as enormes garras dos
terizinos assemelhavam-se muito com as dos tamanduás e aardwarks, animais
especializados em alimentar-se de cupins e formigas.
A partir dessa análise alguns
especialistas concluíram que os terizinossauros complementassem sua dieta com
cupins e formigas. Suas garras poderosas eram usadas para escavar e desmembrar
cupinzeiros e formigueiros.
Talvez os terizinos tivessem línguas protráteis
alongadas, que seriam úteis para apanhar os insetos dentro do ninho. É provável
que os terizinos se alimentasse de vários quilos de insetos para poderem se
satisfazer.
|