O termo meningite corresponde ao processo
inflamatório das meninges e do líquido cefalorraquidiano
(LCR). Apesar da causa mais comum ser infecciosa (através
de bactérias, vírus ou fungos), alguns agentes químicos
e mesmo células tumorais podem provocar meningite.
A meningite bacteriana é uma doença grave, que deve ser
tratada como emergência clínica. Pacientes que recebem o
diagnóstico e o tratamento adequado tem bom prognóstico
(cerca de 90% de chance de cura).
Etiologia
As bactérias são sem dúvida os agentes etiológicos mais
importantes na meningite. Diversas espécies bacterianas
têm capacidade de invadir a barreira hemato-encefálica,
sendo que as mais importantes são:
Estreptococos beta-hemolíticos do grupo B: um grupo de
cocos Gram positivos que causa meningite em
recém-nascidos (crianças com menos de um mês de idade)
Haemophilus influenzae: um bacilo Gram negativo
responsável pela maioria das meningites em lactentes com
1 mês a dois anos de idade. Era o maior causador da
meningite antes da instalação de programas de vacinação,
que foram muito eficientes em reduzir esses casos.
Streptococcus pneumoniae: um coco Gram-positivo, o mesmo
causador de pneumonias, que causa meningite em pacientes
de todas as idades, principalmente em idosos e
portadores do HIV.
Neisseria meningitidis: também conhecido como
meningococo, esse coco Gram negativo causa meningites em
todas as idades. É conhecido por ocasionar infecções em
surtos, ou seja, grande frequência de infecções numa
comunidade num curto espaço de tempo. Afeta comumente
prisioneiros, recrutas militares e têm causado surtos
entre os fiéis muçulmanos em sua peregrinação anual a
Meca. Existem várias cepas imunológicas distintas do
meningococo, porém os grupos A, B e C são os mais
importantes.
Listeria monocytogenes: bacilo Gram positivo que
causadora de meningite em idosos, portadores do HIV,
transplantados, pacientes com câncer e imunossuprimidos,
podendo também afetar crianças pequenas.
Agentes etiológicos menos comuns incluem: Staphylococcus
aureus, Escherichia coli e Klebsiella sp.
O conhecimento da etiologia da meningite é fundamental
para o tratamento adequado.
Fisiopatologia
Experimentos indicam que a septicemia (circulação de
bactérias no sangue) é o principal mecanismo de infecção
das meninges. O meningococo, os estreptococos e outros
agentes podem atravessar a barreira hemato-encefálica
quando estão viáveis na circulação sanguínea. As
bactérias também podem entrar diretamente pelo trato
respiratório (estreptococos do grupo b) ou por fraturas
cranianas ('S. aureus')
Sintomas
Inicialmente os sintomas resultam da infecção e a seguir
do aumento na pressão intracraniana, podendo cursar com:
dor de cabeça (cefaléia);
febre alta e vômitos;
fotofobia;
Irritabilidade, delírio e convulsões;
Rigidez da nuca, ombro ou das costas;
Aparecimento de petéquias (geralmente nas pernas),
podendo evoluir até grandes lesões equimóticas ou
purpúricas;
Resistência à flexão do pescoço.
Complicações e sequelas
A meningite pode causar inúmeras complicações e sequelas
neurológicas, como epilepsia, infartos cerebrais e
retardo mental em crianças. Por esse motivo o tratamento
precisa ser rápido.
Fora do sistema nervoso a meningite também pode causar
complicações. A doença inflamatória pode levar ao choque
séptico e distúrbios da coagulação. As bactérias podem
também se difundir para outros locais, causando
endocardite e pioartrite. Além disso há registros de
perda de parte da audição.
Diagnóstico
Para o diagnóstico é primordial a realização de exames
de sangue e coleta de LCR, sendo este de maior
importância.
Para o exame do LCR é realizada punção lombar onde é
retirado o líquor.
O LCR do paciente com meningite bacteriana tende a estar
mais turvo, possivelmente purulento, com taxa de glicose
diminuída e contagem celular aumentada (pleocitose) às
custas de polimorfonucleares. Com a coloração de Gram as
bactérias podem ser visualizadas, o que geralmente é
suficiente para o diagnóstico. Algumas vezes é
necessário realizar cultura do material para
identificação das bactérias.
Para uma maior eficiência, o tratamento deve ser
específico para o agente etiológico envolvido. No caso
de meningites virais não há tratamento específico, mas
essas tendem a ser infecções menos graves e auto-limitadas.
Para as infecções bacterianas o tratamento deve ser o
mais rápido possível, pois a doença pode levar a morte
ou a seqüelas neurológicas graves. Na impossibilidade de
se conhecer o agente etiológico, o tratamento empírico
deve ser feito com uma cefalosporina de terceira geração
mais vancomicina. Para bactérias conhecidas, o
tratamento mais usado é o seguinte:
S. pneumoniae: Penicilina G 24 milhões de unidades ou
ampicilina 12g. Nos casos de resistência bacteriana
recomenda-se o uso de cefalosporina ou vancomicina.
Meningococos: Penicilina G 24 milhões de unidades ou
ampicilina 12g.
H. influenzae: Ampicilina 12 g
Estafilococos: ceftriaxona 4 g ou cloranfenicol
L. monocytogenes: Ampicilina 12 g
A eficiência do tratamento específico costuma ser muito
boa, exceto em pacientes imunossuprimidos.
Referências
1. “Meningite” no site do Hospital Santa Lúcia
(Brasília) acessado a 11 de junho de 2009
Cecil, Tratado de Medicina Interna. Tradução da 22a
edição. 2005.
Rang & Dale. Farmacologia Clínica. 10a edição.
Opine pela inteligência (
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NATIVA")
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