A população de São Paulo
não passava de cem mil habitantes quando se fez a Avenida Paulista. Com
efeito, no ano de 1891, criou-se na parte mais alta do sítio paulistano a
imponente via.
Por ali, bondes puxados a burros circulavam em faixa
própria, antes mesmo de se instalarem os palacetes e mansões que abrigaram
novos ricos e fazendeiros de café que se mudavam do interior do estado
para a capital. Uma larga faixa central de jardins completava o
embelezamento da nobre e imponente avenida.
Grande importância para a consolidação da mais paulista das avenidas foi a
criação do Parque Siqueira Campos. O popularmente chamado "Parque Trianon"
teve projeto do urbanista inglês Barry Parker, ligado à Companhia City,
empresa responsável por loteamentos como Jardim América e Pacaembu. Além
da área verde, o parque contava com um belvedere, concebido pelo
paisagista francês Paul Villon e implantado pelo arquiteto brasileiro
Ramos de Azevedo. |
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Barry Parker propunha às autoridades a criação de um parque linear,
centralizado no Trianon. Esse parque cruzaria toda a cidade de São Paulo e
evitaria que o crescimento vertiginoso da cidade afetasse o meio ambiente
e a qualidade de vida dos paulistanos. Apesar de não implantado, o ideal
de Barry Parker se consolidou: a Avenida Paulista é o centro de tudo que
acontece na cidade.
Ainda no começo do século XX, a Avenida Paulista já havia sido escolhida
como o local dos eventos populares da cidade, como o corso carnavalesco. O
corso consistia em um desfile de carros conversíveis, com capotas
arriadas, de onde os carnavalescos arremessavam serpentinas, confetes e
lança-perfumes nos foliões da calçada. Outro grande acontecimento da
Avenida era a corrida de automóveis nas décadas de 1920 e 1930.
Um importante fato valorizou ainda mais a grande avenida: a abertura de
uma passagem transversal e subterrânea que ligava o centro da cidade aos
bairros novos da zona sul, como o Jardim América: era a transformação do
Vale do Saracura na Avenida 9 de Julho.
As construções residenciais que tinham surgindo nos mais diversos estilos,
tinham em comum a inspiração no ecletismo europeu, nos seus mais variados
tipos, dos neoclássicos ingleses e franceses até os italianos. Havia
também sinais de modernismo e o "art-nouveau", estilo mais característico
da época de construção das casas.
No início da década de 1940, algumas mansões começavam a ceder espaço para
construções verticais, inicialmente residenciais. A partir da década de
1960, as mansões dão lugar para edifícios comerciais.
Aquela que era considerada uma avenida larga e generosa, começava a sentir
a necessidade de mais espaço, obrigando a municipalidade a reduzir o
canteiro central e a rasgar alguns jardins das residências, alargando-a
para ampliação das pistas de rolamento. O tráfego de automóveis e ônibus
era crescente.
Um marco da arquitetura nacional foi construído no final da década de 50,
na esquina da Rua Augusta: o famoso Conjunto Nacional. O complexo abriga
lojas e cinemas, escritórios e apartamentos. O Conjunto viria a ser o
antecessor nacional dos shopping-centers.
A construção do Museu de Arte de São Paulo, o MASP, no local do antigo
belvedere do Trianon, foi a consolidação do prestígio da Avenida Paulista.
Seu acervo é o maior e mais rico da América Latina e o próprio edifício do
MASP, projeto de Lina Bo Bardi, é tido como parte do acervo.
Em 1995, foi criada a Associação Paulista Viva, cujo objetivo é trabalhar
pela preservação da imagem da Avenida Paulista, garantindo qualidade a
todos que vivem, circulam e trabalham na mais famosa e querida via da
cidade.
Referencia:
Texto: Valentim de Souza e Fabio de Paula,
2002.
Fonte: Acervo Cia City.
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