O Projeto
O projeto intitulado “Uso agrícola das áreas de afloramento do Aqüífero
Guarani e implicações na qualidade da água subterrânea”, surgiu a partir
de uma demanda crescente da comunidade em relação ao conhecimento sobre as
influências da agricultura na água subterrânea considerando,
principalmente, as áreas de recarga ou afloramento, reconhecidamente como
sendo muito frágeis e, por isso mesmo, bastante vulneráveis ao risco de
contaminação.
A experiência adquirida pela Embrapa Meio Ambiente, em
Ribeirão Preto-SP, com avaliação de riscos de contaminação da água por
pesticidas em área de recarga do Aqüífero Guarani, aliada ao processo de
gestão que está sendo proposto para esse aqüífero no âmbito do Mercosul,
envolvendo instituições dos quatro países participantes, contribuíram para
a consolidação da presente proposta em uma abordagem mais regional.
Em se tratando do Aqüífero Guarani, suas
porções de “recarga direta ou afloramento” merecem especial atenção pela
grande extensão territorial que ocupa, com cerca de 100.000 km2 em
território brasileiro e, principalmente, pelo risco que oferecem para a
água subterrânea, já que favorecem muito a infiltração da água das chuvas
até a zona saturada, principalmente pela ausência de obstáculos como
pacotes rochosos ou materiais de baixa permeabilidade.
Em razão da diversidade de uso (diferentes
tipos de atividades agrícolas) nas “áreas de recarga ou afloramento” do
Aqüífero Guarani, seja no Brasil seja no Uruguai e Paraguai onde elas
também ocorrem, há necessidade de um estudo que contemple um zoneamento
agroambiental, fundamentado em um sistema de classificação de riscos das
atividades agrícolas, para as mesmas, como forma de subsidiar a legislação
e os tomadores de decisão visando a manutenção da sustentabilidade do
“Sistema Aqüífero Guarani”.
Do ponto de vista metodológico, o presente
projeto busca uma integração de dados (geologia, solos, clima, relevo e
uso atual) existentes para as áreas de recarga, visando a obtenção dos
chamados domínios pedomorfoagroclimáticos.
Dentro de cada um desses
domínios (em escala 1:500.000) são feitas discussões sobre a
vulnerabilidade natural e a “carga potencial contaminante”, tendo por base
a atividade agrícola dominante. A interação dessas informações, em fase de
levantamento e geração, permitirá, então, a classificação do risco
potencial de contaminação para cada domínio, também em escala 1:500.000.
Áreas potencialmente mais críticas, já identificadas em função do tipo de
atividade, principalmente com alta entrada de insumos, estão sendo objeto
de estudos mais específicos, com avaliações “in loco” do movimento de
alguns pesticidas e nitrato e de seus riscos para a água subterrânea.
Nesse nível de abordagem, propõe-se uma avaliação do chamado risco real ou
efetivo de contaminação, com escala de trabalho de 1:50.000.
Área de abrangência
Inicialmente, o projeto contempla
o território brasileiro, abrangendo uma área de recarga de,
aproximadamente, 100.000 km2, com destaque para os Estados de Mato Grosso
do Sul, com a maior área, seguido de Goiás, São Paulo, Rio Grande do Sul e
Mato Grosso. No demais, como Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais a área
de recarga é de menor expressão. As porções de recarga localizadas no
Paraguai e Uruguai deverão ser incorporadas ao presente estudo quando da
definição oficial das instituições participantes do projeto de “Gestão
Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani”, em fase de implantação, com
recursos do GEF-BANCO MUNDIAL-OEA.
Objetivos esquecidos
A evidência
de um cenário potencial de risco de contaminação da água subterrânea do
Aqüífero Guarani, a partir de suas áreas de recarga ou afloramento, pela
presença de pesticidas e nitrato, contribuiu para que, neste projeto,
fossem estabelecidos os seguintes objetivos:
1 - Avaliar os riscos potenciais de contaminação da água subterrânea para
cada um dos domínios pedomorfoagroclimáticos identificados nas áreas de
recarga do Aqüífero Guarani;
2 - Avaliar
os riscos reais ou efeitos de contaminação da água subterrânea,
considerando as áreas mais críticas, identificadas em função dos “riscos
potenciais mais elevados” levantados no objetivo 1.
3 -
Propor um documento orientador de ocupação
agrícola (zoneamento agroambiental) das áreas de recarga do Aqüífero
Guarani em território brasileiro, com extensão aos demais países
integrantes do Mercosul (Paraguai e Uruguai).
Problema e sua
importância
A atividade
agrícola no Brasil tem expandido sua fronteira de forma desorganizada,
atingindo “áreas frágeis do ponto de vista ambiental”, entre as quais
estão aquelas de recarga ou de afloramento de aqüíferos, bastante
vulneráveis à contaminação por agroquímicos.
O
cenário atual mostra que os recursos hídricos subterrâneos vêm sendo
utilizados de forma mais intensiva, principalmente a partir do início dos
anos 90, uma vez que os recursos hídricos superficiais têm sofrido uma
deterioração considerável, tanto do ponto de vista qualitativo como
quantitativo. Assim, a pesquisa precisa antever os possíveis problemas que
poderão advir em decorrência de uma busca, em breve, pelo uso
descontrolado da água subterrânea e assim, propor soluções de manejo que
tornem esses sistemas sustentáveis, a exemplo do que se propõe aqui para o
Aqüífero Guarani.
Diante
desse cenário, torna-se premente a necessidade de um planejamento efetivo
do uso da terra para as áreas de recarga do Aqüífero Guarani, dentre as
quais se incluem: seleção de culturas, controle do uso de agrotóxicos,
controle do uso de fertilizantes, práticas de conservação e manejo do solo
e da água, entre outras ações, que compõem o zoneamento agroambiental,
fundamental no processo de gestão para a manutenção do potencial
qualitativo e quantitativo do Aqüífero Guarani, que sem dúvida será
estratégico para as futuras gerações do Cone Sul.
Resultados Parciais Obtidos
Estudos
desenvolvidos ao longo de quatro anos (1995 -1998) pelo Projeto
“Ribeirão”, em área de afloramento do Aqüífero Guarani, revelaram a
presença de agrotóxicos como tebuthiuron, hexazinone e ametrina em níveis
crescentes de um ano para o outro na água subterrânea, considerando como
ponto de amostragem um poço semi-artesiano localizado dentro da área de
estudo.
Como os solos
dessas áreas normalmente possuem alta permeabilidade, a aplicação anual e
cumulativa de produtos, sejam pesticidas sejam fertilizantes, que contêm
moléculas ou elementos de alta mobilidade, aumenta sensivelmente o risco
de contaminação do Aqüífero Guarani nessa região (EMBRAPA, 1998; PESSOA et
al, 1998; PESSOA et al, 1999).
Levantamento de uso agrícola nas áreas de recarga de alguns estados como
Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul evidenciaram a existência de
diversos sistemas de produção agrícola implantados, já que as vocações do
setor são distintas de um estado para outro, com pequenas semelhanças
entre alguns deles (GOMES et al, 1999a).
Nas áreas de recarga do Aqüífero
Guarani localizadas no Estado do Mato Grosso do Sul, principalmente na
porção que abrange as nascentes dos rios Taquari e Coxim, há predomínio de
pastagens com uma situação de risco, relativamente baixa, para a água
subterrânea.
O problema maior nessas áreas tem sido o assoreamento dos
cursos d'água em decorrência do manejo inadequado das pastagens,
favorecido pelo intenso processo erosivo (GOMES et al, 1999b).
Levantamentos mais específicos mostraram que em determinados lugares, a
exemplo do Estado de Goiás, os riscos de contaminação da água subterrânea
têm aumentado, principalmente em função da substituição da pastagem por
cultura anual que exige maior quantidade de insumos, entre eles os
pesticidas (GOMES et al, 2000).
No final de 2001 foram concluidos os trabalhos de avaliação de risco
potencial de contaminação do Aqüífero Guarani, a partir de suas áreas de
recarga, considerando o tipo de uso agrícola, conforme mostra o mapa a
seguir.
Mapa de risco potencial de contaminação da água subterrânea a partir dos
Domínios Pedomorfoagroclimáticos (escala 1: 5.000.000) com informações em
escala 1: 500.000
|
Pmp - Planalto médio
paulista; DA - Depressão Araguaia; Pr Alcantilados - Planaltos
rebaixados Alcantilados;MATq Médio/Alto Taquarí; Camp -
Campanha; SG/EN - Serra Gaucha/Encosta Nordeste; Pm/M - Planalto
médio/Missões; Pmc/Lg - Planalto médio catarinense/Litoral gaucho; IIº
Pp - Segundo Planalto paranaense.
Mapa obtido da base proposta por ARAÚJO, L.M.; FRANÇA,.A.B.; POTTER,
P.E. Aqüífero Gigante do Mercosul no Brasil, Argentina, Paraguai e
Uruguai (1995).
Citação deste mapa: EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Uso
agrícola da áreas de recarga do Aqüífero Botucatu (Guarani) e
implicações na qualidade da água subterrânea. Embrapa Meio Ambiente.
Jaguariúna, 2002. 38p. (Relatório Final).
Essas informações irão agora dar subsídios à nova proposta de
Zoneamento Agroambiental para essas áreas, com início efetivo previsto
para 2003".
De Almeida,
F.F.M. de & Carneiro, C.D.R.. Botucatu o grande deserto brasileiro.
Ciência Hoje: vol.24, n.°143, p.36-43. SBPC |
Bacias
Hidrográficas
O Município de
Botucatu é drenado por duas bacias hidrográficas: do RIO TIETÊ, ao
norte e do RIO PARDO, ao sul.
A
bacia hidrográfica do Rio Tietê, ocupa uma área de aproximadamente
77.300 ha do município.
Os
tributários do rio Tietê são: Rio ALAMBARI e Rio CAPIVARA.
O rio
Alambari, na divisa do município de Anhembi possui como principais
afluentes os córregos Nova América, do Rodrigues, Petiço, Oiti e
Sete Guarantãs.
O rio
Capivara possui como principais afluentes os ribeirões e córregos
Araquá e Capivara, que recebem despejes domésticos e industriais
de Botucatu.
A foz
do rio Piracicaba, um dos principais afluentes do Tietê,
encontra-se também no município de Botucatu.
A
bacia hidrográfica do Rio Pardo ocupa uma área de aproximadamente
72.100 ha das terras de Botucatu, sendo o rio Pardo um afluente do
rio Paranapanema. Ele tem sua nascente no município de Pardinho a
1.003 metros de altitude, junto do "front" da Cuesta (Serra do
Limoeiro). Percorre uma extensão de 67 km no município de
Botucatu, distribuindo água e vida.
O Rio
Pardo, possui dois importantes represamentos artificiais, a
Represa da Cascata Véu de Noiva e do Mandacaru, onde está
localizado o abastecimento da cidade de Botucatu. O Rio Pardo e
afluentes são intensamente utilizados para irrigações, pois os
melhores solos agrícolas do município estão em sua bacia
hidrográfica.
A
água do Rio Pardo é captada pela Sabesp, e após devido tratamento,
é distribuída aos consumidores botucatuenses. A precipitação
pluviométrica é de 1.250 mm ao ano, aproximadamente.
Solo
O município
apresenta os seguintes tipos de solo:
Terra Arisca (arenito de Botucatu), Terra Roxa de Campo, Terra
Roxa Legítima, Vermelha Arenosa e Arenosa, sendo solos derivados
da ação de fatores climáticos e de organismos sobre as bases de
arenito e basalto.
Aparecendo em
localidades com grafia bem plana e são propícias à mecanização
agrícola.
O perfil é muito profundo e permeável a água. Tais características
são responsáveis pela localização profunda do lençol de água, de
maneira que só as plantas de regiões secas crescem normalmente
nesses solos, no estado silvestre.
A matéria orgânica,
em teor geralmente baixo, situa-se principalmente na camada
arável, compreendida pelos primeiros 30 centímetros superficiais.
Do
ponto de vista da fertilidade, estes solos são muito fracos,
principalmente nos micronutrientes: potássio, cálcio e fósforo.
Atualmente a água do aquífero não pode ser mais usada como
consumo humano e animal, como também imprópria para agricultura,
o grau de contaminação continua dobrando a cada ano, sem que
haja fiscalização em perder os últimos recursos hídricos.
Referencias:
Wikipédia
Ache Tudo e Região
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