Pesquisar 

Meio Ambiente

Ciência

Duvidas

Home

  

Desaparecidos

Emprego

Endereços Úteis

Bate Papo

Noticias

Fale Conosco

 

 

Aqüífero e Bacias Hidrográficas de Botucatu SP

 

 


 

 

Adaptado de: Almeida, F.F.M. de & Carneiro, C.D.R.. Botucatu o grande deserto brasileiro. Ciência Hoje: vol.24, n.°143, p.36-43. SBPC
O Projeto
O projeto intitulado “Uso agrícola das áreas de afloramento do Aqüífero Guarani e implicações na qualidade da água subterrânea”, surgiu a partir de uma demanda crescente da comunidade em relação ao conhecimento sobre as influências da agricultura na água subterrânea considerando, principalmente, as áreas de recarga ou afloramento, reconhecidamente como sendo muito frágeis e, por isso mesmo, bastante vulneráveis ao risco de contaminação. A experiência adquirida pela Embrapa Meio Ambiente, em Ribeirão Preto-SP, com avaliação de riscos de contaminação da água por pesticidas em área de recarga do Aqüífero Guarani, aliada ao processo de gestão que está sendo proposto para esse aqüífero no âmbito do Mercosul, envolvendo instituições dos quatro países participantes, contribuíram para a consolidação da presente proposta em uma abordagem mais regional.

Em se tratando do Aqüífero Guarani, suas porções de “recarga direta ou afloramento” merecem especial atenção pela grande extensão territorial que ocupa, com cerca de 100.000 km2 em território brasileiro e, principalmente, pelo risco que oferecem para a água subterrânea, já que favorecem muito a infiltração da água das chuvas até a zona saturada, principalmente pela ausência de obstáculos como pacotes rochosos ou materiais de baixa permeabilidade.

Em razão da diversidade de uso (diferentes tipos de atividades agrícolas) nas “áreas de recarga ou afloramento” do Aqüífero Guarani, seja no Brasil seja no Uruguai e Paraguai onde elas também ocorrem, há necessidade de um estudo que contemple um zoneamento agroambiental, fundamentado em um sistema de classificação de riscos das atividades agrícolas, para as mesmas, como forma de subsidiar a legislação e os tomadores de decisão visando a manutenção da sustentabilidade do “Sistema Aqüífero Guarani”.

Do ponto de vista metodológico, o presente projeto busca uma integração de dados (geologia, solos, clima, relevo e uso atual) existentes para as áreas de recarga, visando a obtenção dos chamados domínios pedomorfoagroclimáticos. Dentro de cada um desses domínios (em escala 1:500.000) são feitas discussões sobre a vulnerabilidade natural e a “carga potencial contaminante”, tendo por base a atividade agrícola dominante. A interação dessas informações, em fase de levantamento e geração, permitirá, então, a classificação do risco potencial de contaminação para cada domínio, também em escala 1:500.000. Áreas potencialmente mais críticas, já identificadas em função do tipo de atividade, principalmente com alta entrada de insumos, estão sendo objeto de estudos mais específicos, com avaliações “in loco” do movimento de alguns pesticidas e nitrato e de seus riscos para a água subterrânea. Nesse nível de abordagem, propõe-se uma avaliação do chamado risco real ou efetivo de contaminação, com escala de trabalho de 1:50.000.

Área de abrangência
Inicialmente, o projeto contempla o território brasileiro, abrangendo uma área de recarga de, aproximadamente, 100.000 km2, com destaque para os Estados de Mato Grosso do Sul, com a maior área, seguido de Goiás, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. No demais, como Paraná, Santa Catarina e Minas Gerais a área de recarga é de menor expressão. As porções de recarga localizadas no Paraguai e Uruguai deverão ser incorporadas ao presente estudo quando da definição oficial das instituições participantes do projeto de “Gestão Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani”, em fase de implantação, com recursos do GEF-BANCO MUNDIAL-OEA.

Objetivos
A evidência de um cenário potencial de risco de contaminação da água subterrânea do Aqüífero Guarani, a partir de suas áreas de recarga ou afloramento, pela presença de pesticidas e nitrato, contribuiu para que, neste projeto, fossem estabelecidos os seguintes objetivos:  
1 - Avaliar os riscos potenciais de contaminação da água subterrânea para cada um dos domínios pedomorfoagroclimáticos identificados nas áreas de recarga do Aqüífero Guarani;
2 -
 Avaliar os riscos reais ou efeitos de contaminação da água subterrânea, considerando as áreas mais críticas, identificadas em função dos “riscos potenciais mais elevados” levantados no objetivo 1.
3 -
Propor um documento orientador de ocupação agrícola (zoneamento agroambiental) das áreas de recarga do Aqüífero Guarani em território brasileiro, com extensão aos demais países integrantes do Mercosul (Paraguai e Uruguai).  

Problema e sua  importância
A atividade agrícola no Brasil tem expandido sua fronteira de forma desorganizada, atingindo “áreas frágeis do ponto de vista ambiental”, entre as quais estão aquelas de recarga ou de afloramento de aqüíferos, bastante vulneráveis à contaminação por agroquímicos.

O cenário atual mostra que os recursos hídricos subterrâneos vêm sendo utilizados de forma mais intensiva, principalmente a partir do início dos anos 90, uma vez que os recursos hídricos superficiais têm sofrido uma deterioração considerável, tanto do ponto de vista qualitativo como quantitativo. Assim, a pesquisa precisa antever os possíveis problemas que poderão advir em decorrência de uma busca, em breve, pelo uso descontrolado da água subterrânea e assim, propor soluções de manejo que tornem esses sistemas sustentáveis, a exemplo do que se propõe aqui para o Aqüífero Guarani.

Diante desse cenário, torna-se premente a necessidade de um planejamento efetivo do uso da terra para as áreas de recarga do Aqüífero Guarani, dentre as quais se incluem: seleção de culturas, controle do uso de agrotóxicos, controle do uso de fertilizantes, práticas de conservação e manejo do solo e da água, entre outras ações, que compõem o zoneamento agroambiental, fundamental no processo de gestão para a manutenção do potencial qualitativo e quantitativo do Aqüífero Guarani, que sem dúvida será estratégico para as futuras gerações do Cone Sul.


Resultados Parciais Obtidos
Estudos desenvolvidos ao longo de quatro anos (1995 -1998) pelo Projeto “Ribeirão”, em área de afloramento do Aqüífero Guarani, revelaram a presença de agrotóxicos como tebuthiuron, hexazinone e ametrina em níveis crescentes de um ano para o outro na água subterrânea, considerando como ponto de amostragem um poço semi-artesiano localizado dentro da área de estudo. Todavia, os níveis encontrados estão ainda abaixo daqueles considerados críticos pela Organização Mundial de Saúde para os padrões de potabilidade. Foi verificada também uma tendência no aumento dos teores de nitrato na água subterrânea no mesmo período de quatro anos. Como os solos dessas áreas normalmente possuem alta permeabilidade, a aplicação anual e cumulativa de produtos, sejam pesticidas sejam fertilizantes, que contêm moléculas ou elementos de alta mobilidade, aumenta sensivelmente o risco de contaminação do Aqüífero Guarani nessa região (EMBRAPA, 1998; PESSOA et al, 1998; PESSOA et al, 1999).

Levantamento de uso agrícola nas áreas de recarga de alguns estados como Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul evidenciaram a existência de diversos sistemas de produção agrícola implantados, já que as vocações do setor são distintas de um estado para outro, com pequenas semelhanças entre alguns deles (GOMES et al, 1999a). Nas áreas de recarga do Aqüífero Guarani localizadas no Estado do Mato Grosso do Sul, principalmente na porção que abrange as nascentes dos rios Taquari e Coxim, há predomínio de pastagens com uma situação de risco, relativamente baixa, para a água subterrânea. O problema maior nessas áreas tem sido o assoreamento dos cursos d'água em decorrência do manejo inadequado das pastagens, favorecido pelo intenso processo erosivo (GOMES et al, 1999b). Levantamentos mais específicos mostraram que em determinados lugares, a exemplo do Estado de Goiás, os riscos de contaminação da água subterrânea têm aumentado, principalmente em função da substituição da pastagem por cultura anual que exige maior quantidade de insumos, entre eles os pesticidas (GOMES et al, 2000).

No final de 2001 foram concluidos os trabalhos de avaliação de risco potencial de contaminação do Aqüífero Guarani, a partir de suas áreas de recarga, considerando o tipo de uso agrícola, conforme mostra o mapa a seguir.

Mapa de risco potencial de contaminação da água subterrânea a partir dos Domínios Pedomorfoagroclimáticos (escala 1: 5.000.000) com informações em escala 1: 500.000

Pmp - Planalto médio paulista; DA - Depressão Araguaia; Pr Alcantilados - Planaltos rebaixados Alcantilados;MATq  Médio/Alto Taquarí; Camp - Campanha; SG/EN - Serra Gaucha/Encosta Nordeste; Pm/M - Planalto médio/Missões; Pmc/Lg - Planalto médio catarinense/Litoral gaucho; IIº Pp - Segundo Planalto paranaense.

Mapa obtido da base proposta por ARAÚJO, L.M.; FRANÇA,.A.B.; POTTER, P.E. Aqüífero Gigante do Mercosul no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai (1995).
Citação deste mapa: EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA. Uso agrícola da áreas de recarga do Aqüífero Botucatu (Guarani) e implicações na qualidade da água subterrânea. Embrapa Meio Ambiente. Jaguariúna, 2002. 38p. (Relatório Final).

Essas informações irão agora dar subsídios à nova proposta de Zoneamento Agroambiental para essas áreas, com início efetivo previsto para 2003".

 


Bacias Hidrográficas

O Município de Botucatu é drenado por duas bacias hidrográficas: do RIO TIETÊ, ao norte  e do RIO PARDO, ao sul.

A bacia hidrográfica do Rio Tietê, ocupa uma área de aproximadamente 77.300 ha do município.

Os tributários do rio Tietê são: Rio ALAMBARI e Rio CAPIVARA.

O rio Alambari, na divisa do município de Anhembi possui como principais afluentes os córregos Nova América, do Rodrigues, Petiço, Oiti e Sete Guarantãs.

O rio Capivara possui como principais afluentes os ribeirões e córregos Araquá e Capivara, que recebem despejes domésticos e industriais de Botucatu.

A foz do rio Piracicaba, um dos principais afluentes do Tietê, encontra-se também no município de Botucatu.

A bacia hidrográfica do Rio Pardo ocupa uma área de aproximadamente 72.100 ha das terras de Botucatu, sendo o rio Pardo um afluente do rio Paranapanema. Ele tem sua nascente no município de Pardinho a 1.003 metros de altitude, junto do "front" da Cuesta (Serra do Limoeiro). Percorre uma extensão de 67 km no município de Botucatu, distribuindo água e vida.

O Rio Pardo, possui dois importantes represamentos artificiais, a Represa da Cascata Véu de Noiva e do Mandacaru, onde está localizado o abastecimento da cidade de Botucatu. O Rio Pardo e afluentes são intensamente utilizados para irrigações, pois os melhores solos agrícolas do município estão em sua bacia hidrográfica.

A água do Rio Pardo é captada pela Sabesp, e após devido tratamento, é distribuída aos consumidores botucatuenses. A precipitação pluviométrica é de 1.250 mm ao ano, aproximadamente.

Solo

O município apresenta os seguintes tipos de solo:

Terra Arisca (arenito de Botucatu), Terra Roxa de Campo, Terra Roxa Legítima, Vermelha Arenosa e Arenosa, sendo solos derivados da ação de fatores climáticos e de organismos sobre as bases de arenito e basalto.

Aparecendo em localidades com topografia bem plana e são propícias à mecanização agrícola.
O perfil é muito profundo e permeável a água. Tais características são responsáveis pela localização profunda do lençol de água, de maneira que só as plantas de regiões secas crescem normalmente nesses solos, no estado silvestre.

A matéria orgânica, em teor geralmente baixo, situa-se principalmente na camada arável, compreendida pelos primeiros 30 centímetros superficiais.

Do ponto de vista da fertilidade, estes solos são muito fracos, principalmente nos macronutrientes: potássio, cálcio e fósforo.