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Carira recebeu o nome de uma índia O município já foi um grande produtor de algodão e também recebeu a visita do Rei do Cangaço O município de Carira, a 112 quilômetros de Aracaju, recebeu esse nome em homenagem à índia Mãe Carira, uma cacique que deu início à povoação. Os primeiros a chegarem àquelas terras a partir da ocupação das margens do Vaza-Barris, mais precisamente se fixavam ao longo do seu afluente esquerdo, o Rio do Peixe. As terras eram de grandes proprietários de terras lagartenses, principalmente de gente da Fazenda Caritá, pertencente a João Dantas dos Reis, que vinha da família de Cícero Dantas Martins, o Barão de Jeremoabo, que trouxe a indústria açucareira para o Nordeste. O cidadão responsável pela formação de uma pequena aldeia que mais tarde se tornaria Carira é João Martins de Souza, um vaqueiro-guia da Fazenda Caritá, que foi tomar conta do gado nas terras das matas de Itabaiana. Mas João Martins encontrou uma tribo de índios Cariris chefiada por Mãe Carira. Dois quilômetros depois da tribo, o vaqueiro edificou a primeira casa, por volta de 1865. Em seguida, foram construídas as casas de seus filhos, Joaquim e Gonçalo, onde é hoje a Praça Martinho de Souza. Existe um misto de lenda e realidade na história de Mãe Carira. Conta-se que moradores da Barra Larga, em Jeremoabo, derrubavam grandes áreas para a plantação de milho. Com isso, os índios eram enxotados para longe. A reação dos nativos foi furtar o milho. Os donos das roças faziam tocaias, mas não tinham sucesso. Os ‘proprietários’ resolveram fazer um acampamento dentro das roças. Assim que os índios chegaram, foram surpreendidos e os mais velhos, entre eles Mãe Carira, foram alcançados pelos cães. Muito ferida, ela ainda conseguiu correr, mas caiu nas proximidades de um pé de Jequiri, ao lado da casa do vaqueiro João Martins. Ele socorreu a velha índia e cuidou dos seus ferimentos. Poucos dias depois, Mãe Carira morreu, e teria sido enterrada pelo vaqueiro no mesmo lugar onde caiu ferida. Em sua cova, uma grande cruz de madeira foi fixada e os poucos moradores da aldeia de João Martins começaram a chamar o lugar de povoamento Mãe Carira. FEIRA E PROGRESSO A partir de 1865 muitos homens vão se esconder nas matas de Itabaiana com medo de serem recrutados para a Guerra do Paraguai. Em 1870, à sombra do frondoso Jequiri e ao lado da casa de João Martins, inicia-se, aos domingos, uma feirinha, que acabou atraindo muita gente da região. Cinco anos depois, o povoado já tinha um bom número de moradores. Recebendo a influência dos que chegavam. A povoação começou a depender da Vila de São Paulo, depois Frei Paulo. Em 1911, quando Carira já tinha um bom grau de crescimento, a Prefeitura de São Paulo foi um grande abrigo para os feirantes. Em 1913, durante o governo do general Siqueira Campos, foi criada a primeira escola pública de Carira. A primeira professora foi dona Rosa Amélia. A povoação também sofria grande influência dos intendentes de São Paulo, entre eles Américo da Cerqueira Passos, Tibério Bezerra, alferes Manuel Hipólito Rabelo Morais, Alcino Soares e Pedro Rodrigues de Lima. OURO BRANCO Carira teve uma fase áurea de desenvolvimento, a fase do algodão, mais conhecido como ‘ouro branco’, além do couro. Naquelas terras destacaram-se no cultivo do algodão: Firmino Eleutério, Zezé do Padre e Pedro de Lima. Outros que merecem destaque são Henrique Lameu, que se tornou o maior comerciante de sua época; Francisco Simões de Almeida, capitão Chiquinho; Francelino Gordo; Zezé Martins e Manuel Rabelo. Com o vapor de algodão e a influência do governo do general Siqueira, Zezé do Padre conseguiu, em 1912, o primeiro destacamento policial para Carira. Os soldados tinham o comando do cabo Domingos Correia. Quando Zezé do Padre morre, seu genro, Jason Tavares, assume o seu lugar. Jason era mestre da Lira Musical Nossa Senhora da Conceição, da então Vila de São Paulo. Em 1919, Carira tinha feira regular aos domingos; escola com professora diplomada; destacamento policial; e quatro grandes fábricas beneficiadoras de algodão. Depois que a Vila de São Paulo ganha independência, Carira começa a perceber o declínio do algodão. As fábricas de Antônio Borges, Alexandre Barreto e Messias Gaspar foram fechadas. Na década de 20, o maior acontecimento em Carira foi a instalação de lampiões na Praça do Comércio. Uma obra de mestre Deusdedith. DISTRITO E INDEPENDÊNCIA Em fins de 1927, a família dos Rabelo, João Amâncio Peixoto, Isauro Soares e Messias Gaspar conseguiram a instalação de uma Agência Postal. O primeiro agente foi Manuel Rabelo de Morais. Por iniciativa de João Amâncio, um grupo de homens de Carira foi de cavalo até Aracaju para pedir ao presidente do Estado, Manuel Correia Dantas, para que transformasse Carira num Distrito de Paz. O objetivo dos carirenses foi atingido em 27 de setembro de 1929. Teve até solenidade, presidida pelo juiz de Direito Fiel Fontes. Durante a década de 30 e 40 foram registrados vários casos de violência em Carira. Em 1939, a Rodovia Central do Estado alcança Carira, o que enche seus moradores de esperanças para o retorno ao desenvolvimento. Em 1948, o povoado chegou a ter uma Escola Rural que foi construída com verbas destinadas diretamente pelo presidente Dutra. Carira teve como filho ilustre Olímpio Rabêlo Morais, que foi deputado estadual e presidente da Assembléia Legislativa. Em 25 de novembro de 1953, a lei estadual 525 elevou Carira à condição de cidade, sendo desmembrado do município de Frei Paulo. Em 1954 foi realizada a primeira eleição e em fevereiro de 1955 Olímpio Rabêlo de Morais tomou posse como prefeito. Um outro nome que não pode ser esquecido é o de João Peixoto. Comerciante jovem, fundador da UDN em Carira e ficou conhecido por seus dentes de ouro. Lampião recebeu consentimento da Polícia para entrar em Carira Em março de 1929 Lampião e seu bando chegam em Carira. Nas proximidades da Fazenda Cansanção, João de Pequena e Sinhô de Primo foram abordados por Virgulino e seus cabras. Lampião quis saber qual era a distância dali para Carira, se tinha estrada, linha de ferro e polícia. O bando chegou bem próximo à cidade e ficou escondido. Um rapaz ia passando e foi obrigado a informar aos cangaceiros o nome do delegado. Era Felismino Dionísio, que comandava um grupo de sete soldados. Através do rapaz, Lampião mandou o bilhete para o delegado. Estava comunicando sua entrada na cidade, pedia consentimento e trazia proposta de paz, desde que não hostilizassem seus cabras. Através do mesmo mensageiro, o delegado ordenou que Lampião podia entrar, em paz. Alguns soldados ficaram sabendo que o Rei do Cangaço estava em Carira e sumiram pela caatinga junto com metade da população. Dona Juvi, quando se preparava para fugir, foi abordada por Lampião. Ele a cumprimentou e ordenou que seus cabras não mexessem com ninguém. O delegado deixou o quartel e foi ao encontro de Lampião. Atrás dele, uma multidão de curiosos. Lampião quis saber o que o delegado estava fazendo e ele respondeu que só foi lhe ver. O cangaceiro pediu ao delegado que encontrasse lenha para que fosse feito um fogo para ele assar carne, e chamou o delegado para comer com ele. Depois de comer, o Rei do Cangaço foi andar pela cidade e teria comentado: “Ô povo de coragem! Lugar que eu chego todo mundo bate as portas e esse povo vem me espiar”. Lampião também cumprimentou dois soldados que resolveram permanecer na cidade. Ele disse que só esperava que os macacos da Bahia não chegassem por ali. Se isso acontecesse, ninguém ficava em pé. Nas proximidades do cartório, Lampião mandou chamar um tocador e ordenou que tocasse a sanfona. Em seguida, ele foi para a bodega de Messias Simões e comprou várias peças de tecidos para fazer roupas para seus cabras. Logo depois mandou chamar a costureira, Zefinha Doca, e ela fez as roupas. Ainda durante a noite de muita música, bebida e comida, Lampião mandou um mensageiro seu arrecadar dinheiro nas fábricas de algodão. Pouco tinha. De repente, o delegado viu a cidade cercada de soldados. Era a força que vinha da Bahia. O delegado foi orientado a deixar a cidade que ia pegar fogo. Mas a noite passou, o dia chegou e os soldados baianos não entraram. Antes do amanhecer, porém, Lampião saiu de Carira com destino a Serra Negra. Nenhum disparo foi dado. Em novembro daquele mesmo ano, o Rei do Cangaço retorna a Carira. Era domingo. Chegaram em plena feira. desta vez não comunicaram ao delegado. O povo ficou mais apavorado do que na primeira vez. O bando demorou meio dia, não fez mal a ninguém e depois foi embora. Referencias: Fonte: O livro ‘Carira’, de João Hélio de Almeida e Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Ache Tudo e Região
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