A
Secretaria de Turismo de Gramado, em parceria com empresas da região,
implantou três linhas de ônibus turístico para percorrer cada um dos
roteiros de agroturismo do município. Destacando a cultura e a
preservação ambiental, o agroturismo tornou-se uma atividade
auto-sustentável e uma fonte extra de renda para as famílias do
interior. “Além dos ônibus, as empresas oferecem o passeio em vans que
partem do centro da cidade levando os turistas ao interior e
proporcionando um grande desenvolvimento e movimentação dos roteiros”,
afirma o secretário de Turismo, Alemir Klüsener Coletto. Os ônibus são
raridades dos anos 50 e decorados com malas antigas. Eles partem
diariamente da Praça das Comunicações, de fronte a Casa do Colono e o
passeio cultural que inclui degustação. A iniciativa envolve a
Secretaria de Turismo e Cultura e a empresa Fly Bus. Escolha o seu
roteiro e divirta-se.
Raízes
Coloniais – percorre as localidades da Linha Bonita e Linha
Nova, onde o turista visita uma casa construída pelos primeiros
imigrantes há mais de cem anos, um museu caseiro com peças da
imigração italiana, um moinho, uma fábrica artesanal de erva-mate e
uma propriedade típica colonial, na qual o visitante é convidado a
degustar vinhos, pães, queijos e salames caseiros.
Mergulho no Vale – uma das mais
belas paisagens de Gramado é o Vale do Quilombo, que pode ser visto de
um mirante próximo ao centro da cidade. No entanto, seu interior
esconde cascatas e paisagens naturais mais belas ainda que podem ser
conferidas em uma visita pelas propriedades locais. O contato com a
natureza e os mistérios deste vale completam a aventura.
O Quatrilho - Vales e riachos
compõem o cenário das localidades de Campestre do Tigre e Tapera, onde
viveram os protagonistas do romance O Quatrilho, de José Clemente
Pozenato. Em uma propriedade de família alemã pode-se conhecer e
saborear um típico café colonial alemão (Typisches Kaffee) preparado
com cucas, geléias, pães e lingüiças.
História de uma terra e seu povo
A
hospitalidade de Gramado está intimamente ligada a sua história. A
área onde hoje está a cidade servia de passagem para tropeiros que
tocavam o gado pelos campos de cima da Serra, no fim do século XIX.
Quando chegavam ao da Serra, tanto tropeiros quanto imigrantes
encontravam um pequeno campo de grama macia e verde que servia de
repouso e revigorava suas forças. Este gramado, segundo alguns, foi
responsável pelo batismo da cidade. Para outros, a origem do nome da
cidade está em outra história: quando se desejava ir a Serra Grande
(na época um dos principais acessos do Vale dos Sinos a serra),
devia-se tomar extremo cuidado para não perder o momento de dobrar a
esquerda em uma das curvas onde se erguia um imenso carrapicho, perto
do qual corria um riacho.
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A grama
que ali crescia era muito suculenta, verde escura e com folhas largas.
Na boca do povo este lugar era chamado de Gramado. Em 1875 registra-se
a presença dos primeiros imigrantes na região: os lusos José Manuel
Correa (Juca Lajeano) e Tristão José Francisco de Oliveira. Cinco anos
mais tarde está registrada a chegada dos primeiros imigrantes alemães,
João José Rath e Henrique Wasen, que elaboraram o primeiro mapa da
região. Da região de Caxias do Sul vieram os primeiros imigrantes
italianos. Ao mesmo tempo em que desenvolveu as tradições culturais
dos descendentes europeus, a cidade também evoluiu misturando-se aos
aspectos do gauchismo. O resultado pode ser encontrado ainda hoje na
culinária variada e na arquitetura do município.
Roteiro Raízes Coloniais atrai pela
originalidade e hospitalidade
Um
passeio cultural pelas origens da imigração italiana e seu encontro
com as tradições do gaúcho. Esta é apenas uma das definições que
servem para descrever o roteiro Raízes Coloniais de Gramado. Em meio a
um imenso vale de araucárias verdes e plantações de
hortifrutigranjeiros, a visita tem encantado centenas de turistas a
cada semana. “Aqui as pessoas ficam encantadas pois sentem que estão
conhecendo, de maneira original, a verdadeira história de Gramado”,
afirma Judite Motin, guia da maior empresa de turismo do Brasil, a CVC
que faz este roteiro há aproximadamente um ano. É no animado ônibus
comandado pela Judite que nós embarcamos.
Há
pouco mais de 4 Km do centro de Gramado, na localidade de Linha
Bonita, nossa primeira parada: Casa Centenária. A propriedade da
família Ferrari ainda hoje é ocupada pela matriarca Elizabeta. E é ela
quem recepciona cada um dos visitantes. Além de fotografar a
residência de madeira construída pelas mãos dos imigrantes, é possível
visitar seu interior ainda bem conservado. “Esse lugar é encantador. O
contato com a natureza e a receptividade de pessoas como a Dona
Elizabeta Ferrari já valem o passeio”, diz eufórico Rosalvo Ribeiro
Mendes, que visita Gramado ao lado de sua esposa, Schilene. Seguindo
mais um quilômetro pela estrada da Linha Bonita, o ônibus faz a sua
mais longa parada.
Estamos
no núcleo central desta comunidade eminentemente rural do interior de
Gramado. A bela igrejinha de São Pedro Claver ergue-se ao lado de um
antigo moinho. E é por ali, na frente deste moinho, que os turistas
são convidados por Nélson Cavichion a conhecer o processo artesanal de
fabricação da farinha de milho. Em seu interior, Cavichion apresenta
equipamentos quase seculares ainda hoje em funcionamento.
Desde o
processo de debulhar o milho até a sua transformação em farinha. O
destaque é o equipamento chamado carinhosamente de Carla Perez. É um
moedor e triturador dos grãos de milho que, em funcionamento,
chacoalha em movimento circular como se estivesse rebolando. Na saída
é possível comprar a farinha recém moída. De acordo com os números da
agência Turistur, que opera em parceria com a CVC, em um ano de
operação do passeio Raízes Coloniais, 25 mil pessoas já visitaram a
localidade. Caminhando pela estradinha de terra que passa pela frente
da igreja, chegamos a Ervateria Artesanal de Gramado. Ali, o visitante
é convidado a fazer um passeio pela história do chimarrão e conhecer
cada passo de sua fabricação artesanal.
Para os
turistas dos estados do centro do Brasil, é um momento de descobrir os
encantos e os segredos do chimarrão. “É algo tão autêntico que parece
que estamos visitando a casa de um amigo ou vizinho”, afirma Judete
Borba, promotora de Justiça que veio de Recife-PE para conhecer
Gramado e vai voltar levando uma cuia, uma bomba e um quilo de erva
mate artesanal. De volta ao ônibus, a excursão nem tem tempo de
embarcar já é hora de uma nova visita. Desta vez ao museu do Sr.
Nélson Fioezze. Ali nos deparamos com objetos do início do século.
Alguns usados outros trazidos pelos primeiros imigrantes italianos que
chegaram ao município, vindos de Caxias do Sul. Seu Nélson agrada a
todos com suas piadas e seu jeito caboclo de ser.
Alguns
minutos adiante chega-se ao último e mais esperado momento do roteiro
raízes Coloniais: uma típica merenda italiana servida pela família de
Dona Zulmira. Recebidos ao som de América, América, América..., somos
levados de volta ao início do século passado. Salame produzido pela
família, queijo colonial, sucos de uva, bolo de cenoura, cucas e o
delicioso pão caseiro feito no forno a lenha pela própria D. Zulmira.
De volta ao centro de Gramado, a alegria e a satisfação estão
estampadas no rosto de cada um dos visitantes que levam, além das
lembranças, a certeza de terem conhecido algo diferente de tudo aquilo
que estão acostumados. |