A Historia do Paraná é um domínio de estudos de historia do Brasil,
voltado para a análise dos fatos históricos atinentes ao estado do Paraná,
que se estende desde as primeiras expedições exploradoras, no século XVI,
até os dias atuais. No entanto, este artigo também contém informações
sobre os primeiros habitantes do Paraná, ou seja, o período em que não
houve registros escritos sobre as atividades aqui desenvolvidas pelos
povos indígenas.
Os primeiros habitantes
As
terras que hoje pertencem ao estado do Paraná eram habitadas, durante a
época do descobrimento do Brasil, pelos carijós, do grupo tupi e pelos
caingangues do grupo jê.
As primeiras expedições exploradoras
Durante o século XVI, a região do atual Paraná ficou abandonada por
Portugal. Aproveitando-se disto, inúmeras expedições de outros países
visitaram-na. Muitas delas vinham em busca de madeiras de lei. As mais
importantes foram as espanholas, que chegaram a criar núcleos de
povoamento no oeste paranaense.
A colonização espanhola
O povoamento da região paranaense desenvolveu-se muito lentamente e só
se efetivou no século XX. Os espanhóis foram os pioneiros na exploração e
ocupação do Paraná. Em 1553, o governador do Paraguai, Domingos Martinez
de Irala, explorou o rio Paraná. No ano seguinte, Garcia Rodriguez de
Vergara fundou a povoação de Ontiveros, próximo de Sete Quedas.
Em 1557, Ruy Diaz Melgarejo fundou a
povoação de Ciudad Real del Guairá,
junto à foz do rio Piquiri. Em 1576,
Melgarejo criou a Villa Rica del
Espiritu Santo, na confluência dos rios
Ivaí e Corumbataí. Estes foram o
primeiros núcleos estáveis de povoamento
do Paraná e a região onde se localizaram
recebeu o nome de Guairá. Neles, a
partir de 1610.
Entradas e
bandeiras
Somente no início do século XVII, com
a descoberta de ouro de aluvião no
território paranaense e a necessidade de
índios para escravizar e que os
luso-brasileiros começaram a ocupar a
região, através de bandeiras que partiam
de São Vicente.
Em 1602, a
bandeira de Nicolau Barreto, que tinha a
autorização do governador para procurar
ouro e prata, desceu os rios Tietê e
Paraná e atingiu o Guairá, onde
aprisionou numerosos indígenas.
Inutilmente, os espanhóis do Paraguai
protestaram junto a dom Francisco de
Sousa, então governador do Brasil
naquela época.
Em 1611, quando os
índios já estavam aldeados nas missões
jesuíticas, nova bandeira dirigiu-se ao
Guairá. Seu chefe era Pedro Vaz de
Barros, que voltou outras vezes à
região.
Entre os ávidos
predadores (caçadores de índios) que,
durante a segunda e terceira décadas do
século XVII, freqüentaram o Guairá,
estão Sebastião Preto e seu irmão Manuel
Preto. Mas foi a bandeira de Antônio
Raposo Tavares, organizada em 1628, que
de fato inaugurou o ciclo de caça ao
índio.
O bandeirante paulista
Raposo Tavares atacou as missões
jesuíticas e aprisionou milhares de
índios aldeados, levando-os para São
Vicente. Para pesquisadores essa era uma
estratégica dos bandeirantes em complô
com a seita católica, onde “amassavam”
os índios com historia mística
religiosas, após isso, eram atacados e
mortos sem oferecer quase nenhuma
resistência.
Em 1631, os
vicentinos destruíram Ciudad Real del
Guairá e Villa Rica del Espiritu Santo,
que foram abandonadas pelos habitantes.
Em meados do século XVII, com o
desenvolvimento da mineração, o alemão
Heliodoro Eobanos, guia de vários
bandeirantes, fundou a povoação de
Paranaguá. Com a chegada de muitos
moradores, Paranaguá, em 1648 foi
elevada à categoria de vila. No mesmo
período e também devido à mineração
surgiu outra povoação: Nossa Senhora da
Luz e Bom Jesus dos Pinhais, atual
Curitiba, elevada a vila em 1693.
Exploração do ouro
Por alguns anos, os exploradores
conseguiram retirar alguma quantidade de
ouro, com muito trabalho e pouco
rendimento. A partir do descobrimento do
ouro das Minas Gerais pelos paulistas,
no final do século XVII, a reduzida
mineração do Paraná perdeu a
importância. A população de Paranaguá
passou a viver somente da agricultura, e
nos campos de Curitiba, permaneceu a
criação de gado.
Tropeirismo
Tropeiro, Caminho
das Tropas e Tropeirismo no Paraná.
Monumento ao Tropeiro na
cidade da Lapa (PR).Para atender às necessidades de alimentação e
transporte dos mineradores das Minas Gerais, ocorreu uma grande
procura de vacas, cavalos e mulas. Os campos de Curitiba e do atual
Rio Grande do Sul, onde o gado se espalhava em grande quantidade, eram
territórios muito favoráveis à pecuária. |
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Por volta de 1720, os paulistas começaram a buscar o gado do Rio Grande do
Sul. Alguns anos depois, foi aberto o caminho Viamão-Sorocaba. Era um
caminho que levava o gado das margens do rio da Prata e da lagoa dos
Patos, no Sul, à feira de Sorocaba, em São Paulo, passando por Curitiba.
Com isso, a região de Curitiba ganhou novo impulso e intensificou-se a
ocupação de áreas de campos naturais dos planaltos paranaenses.
Ampliava-se assim a conquista do interior.
Muitos paranaenses, passaram a dedicar-se ao rendoso negócio de comprar
gado no Sul, engordá-lo em suas fazendas e vendê-lo em Sorocaba.
No final do século XVIII, quando o rendimento do ouro de Minas Gerais,
Mato Grosso e Goiás tornou-se reduzidíssimo, os moradores de Curitiba
instalaram novas fazendas de gado, começando a povoar o norte, sul e oeste
do atual Paraná. O primeiro passo foi a conquista do vale do rio Tibagi.
Em 1770, começou a exploração dos campos de Guarapuava, definitivamente
colonizados só na metade do século XIX. Nessa época colonizaram-se os
campos de Palmares. A ocupação dos campos naturais do oeste, pela criação
de mulas, coincidiu com a expansão, também para o oeste, da lavoura
cafeeira em São Paulo, que exigia cada vez maior número de animais para o
transportes.
Sempre como conseqüência da expansão dos currais de gado, nasceram então
as cidades dos campos: Castro, Ponta Grossa, Palmeira, Lapa, Guarapuava e
Palmas, todas do século XIX.
Mas a ocupação das terras paranaenses só se completaria efetivamente no
século XX, com a imigração européia, o desenvolvimento da extração da
madeira, o avanço das plantações de café de São Paulo para o setentrião do
Paraná e as correntes de migração interna originárias dos Estados
limítrofes de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul.
Comarca de Paranaguá e Curitiba
Em 19 de novembro de 1811, foi criada a Comarca de Paranaguá e Curitiba,
como território integrado à Capitania Geral de São Paulo. Em 6 de julho do
mesmo ano, a Câmara Municipal de Paranaguá apelou ao príncipe regente, Dom
João IV, solicitando a emancipação da comarca e a criação da capitania do
Paraná, independente de São Paulo. Mesmo após a Independência do Brasil,
porém, os paranaenses continuaram submetidos a São Paulo.
Dois episódios tornaram evidente a importância política e estratégica da
região: a Guerra dos Farrapos e as Revoluções Liberais de 1842.
A Guerra dos Farrapos (1835 a 1845), que começou no Rio Grande do
Sul e se espalhou pela Província de Santa Catarina, era contra a
centralização política imposta pelas exigências e o encarecimento dos
produtos da pecuária sulina. As Revoluções Liberais de 1842, em Minas
Gerais e São Paulo, foram promovidas pelo Partido Liberal, contra o ato de
Dom Pedro II que dissolveu a Assembléia Geral.
Em 6 de fevereiro de 1842, uma lei provincial de São Paulo, elevou
Curitiba à categoria de cidade.
A economia paranaense expandia-se com a produção local da erva-mate,
exportada para os mercados argentino, uruguaio, paraguaio e chileno, além
do comércio de gado. O mate era o principal produto de exportação do
Paraná, na época.
Província do Paraná
Em 29 de agosto de 1853, foi aprovado o projeto de criação da província do
Paraná por força da lei imperial nº 704, assinada por Dom Pedro II. Embora
a lei tivesse sido aprovada, o fato é que a Emancipação política do Paraná
ainda demorou quatro meses para se concretizar. Como resultado de lei
imperial, em 19 de dezembro de 1853, a província do Paraná separou-se da
de São Paulo, deixando de ser a 5ª Comarca de São Paulo.
Curitiba foi
escolhida como capital da nova província e, na mesma data da emancipação
política da província, chegou à capital Zacarias de Góis e Vasconcelos, o
primeiro presidente do Paraná, que logo declarou que todos os seus
problemas de administração poderiam ser resumidos em um só: povoar um
território de 200.000 km² que contava com apenas 60.626 hab. Essa
população distribuía-se principalmente nas cidades de Curitiba e
Paranaguá.
Desenvolvimento econômico
A partir de então, um programa oficial de imigração européia contribuiu
para a expansão do povoamento e o aparecimento de novas atividades
econômicas. As maiores levas de imigrantes que chegaram foram os
poloneses, ucranianos, alemães e italianos e, os menores contingentes,
suíços, franceses e ingleses. Para receber os novos habitantes para a
região, foram fundados núcleos coloniais, principalmente no Planalto de
Curitiba. Iniciou-se a exploração da madeira.
O novo impulso de desenvolvimento ocorreu com a implantação de ferrovias
na Província. Em 1880, iniciavam-se as obras de construção da Estrada de
Ferro Curitiba-Paranaguá, atravessando um dos trechos mais íngremes da
Serra do Mar. Entre picos abruptos e abismos, engenheiros brasileiros
construíram uma das obras-primas da engenharia mundial. Em 1885, os trens
passaram a correr pela primeira vez entre Paranaguá e Curitiba.
A indústria madeireira desenvolveu-se com o aparecimento de outras
ferrovias, ligando as regiões das Mata de Araucárias aos portos,
principalmente de Paranaguá, e à São Paulo. Grande número de serrarias ia
acompanhando as ferrovias em direção ao interior do Estado. Com o avanço
das estradas de ferro que acompanhavam a expansão do café de São Paulo, o
transporte com mulas foi desaparecendo. O declínio do comércio de muares
acarretou uma crise na sociedade pastoril paranaense.
Transformação em Estado
Embora contasse com alguns clubes e dois jornais republicanos, Livre
Paraná, em Paranaguá e a A República, em Curitiba, o movimento em favor
das idéias republicanas foi muito fraco. Na Assembléia Provincial existia
apenas um republicano, Vicente Machado da Silva Lima, que se destacaria na
política paranaense nos primeiros anos da República.
A partir da Proclamação da República, em 1889, intensificou-se o
povoamento do Paraná. Já nesse ano, a Estrada de Ferro Sorocabana atingia
Botucatu e avançava em direção ao vale do rio Paranapanema, onde estavam
as terras roxas do norte paranaense. Com a estrada aumentou a penetração
de cafeicultores mineiros e paulistas, que fundavam fazendas e criavam
cidades nos vales dos rios Paranapanema, Cinzas e Jataí.
Em 9 de janeiro de 1892, o Paraná adotou sua primeira bandeira, aprovada
pela Assembléia Legislativa, através do Decreto Estadual nº 8, da mesma
data em que foi promulgada.
Cerco da Lapa
A obstinada resistência
oposta às tropas federalistas na cidade de Lapa (PR), pelo Coronel
Gomes Carneiro, frustrou as pretenções rebeldes de chegarem à capital
da República. |
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A obstinada resistência oposta às tropas federalistas na cidade de Lapa
(PR), pelo Coronel Gomes Carneiro, frustrou as pretenções rebeldes de
chegarem à capital da República.A Revolução Federalista, que pretendia
depor o chefe da nação, Floriano Peixoto, e o então governador do Rio
Grande do Sul, Júlio de Castilhos, e a Revolta da Armada, rebelião
deflagrada no Rio de Janeiro também contra Floriano Peixoto, alastraram-se
pelo sul do país e repercutiram no Paraná. Em 1894, os federalistas
reuniram-se aos contingentes da Revolta da Armada, que rumaram para o sul
e tomaram Curitiba, Tijucas do Sul, Lapa, Paranaguá e Antonina. Numerosos
combates foram travados no Paraná entre os revoltosos e as forças
legalistas, que sufocaram as duas revoltas.
Guerra do Contestado
Em 1912, iniciou-se a Guerra do Contestado, um movimento armado que opôs
os habitantes pobres da região situada entre os rios Uruguai, Pelotas,
Iguaçu e Negro às forças oficiais. Os rebeldes eram liderados por José
Maria de Santo Agostinho, um curandeiro tido por santo. Além disso, a
região era disputada por Santa Catarina e pelo Paraná, daí o nome de
Contestado. As divergências entre os dois Estados e a luta dos sertanejos
só terminaram em 1916.
Revolução de 1930
Os partidários da Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas à
presidência da República, dominaram com facilidade o Paraná. O estado
ficou até 1935 sob intervenção federal. Neste ano, realizaram-se eleições.
Mas em 1937, Vargas deu um golpe de Estado, iniciando um período de oito
anos de ditadura.
Durante toda essa época, destacou-se no Paraná a figura
de Manuel Ribas, que dirigiu o estado de 1932 até 1935, como interventor,
de 1935 até 1937, como governador eleito, e de 1937 até 1945, novamente
como interventor. Durante sua administração foram construídas estradas, o
Hospital das Crianças, escolas rurais e de pescadores e foi ampliado o
cais do porto de Paranaguá.
Ocupação de terras
Colonização de Palmas e da Mesorregião Sudoeste do
Paraná, Colonização da Mesorregião Oeste do Paraná, Colonização do Norte
do Paraná e Colonização da Mesorregião Nordeste do Paraná.
Somente no século XX o território paranaense foi efetivamente ocupado. Na
década de 1920, toda a região centralizada pelas cidades de Tomazina,
Siqueira Campos e Jacarezinho já estava povoada. Em 1927, uma companhia
inglesa iniciou a colonização do norte paranaense. Fundaram-se cidades,
entre as quais, Londrina (1931) e Maringá (1948).
Descendentes de
imigrantes italianos e alemães do Rio Grande do Sul, a partir da década de
1940, subindo de sul para norte, ultrapassavam o rio Iguaçu, avançando
pelo oeste paranaense, ao longo do rio Paraná, até encontrar os
plantadores de café, a outra fonte de migração interna que descia do norte
para o sul.
Tendências atuais
O estado é um dos que mais progridem no Brasil. A agropecuária ainda é a
base de sua economia. Mas o setor secundário, tradicionalmente ligado ao
aproveitamento de produtos florestais e agrícolas, vem-se modificando com
a implantação de ramos industriais mais avançados e a absorção de
tecnologia moderna.
A conclusão das obras e o pleno funcionamento da Usina Hidrelétrica de
Itaipu contribuíram ainda para desenvolvimento do estado. A construção da
usina, a maior do mundo, é resultado de um convênio entre os governos do
Brasil e do Paraguai.
Um programa da Petrobrás de industrialização do xisto, que inclui a
criação de usina em São Mateus do Sul, também fortaleceu a posição do
estado na economia brasileira.
As geadas, contudo, são um grave problema para a agricultura paranaense.
Em 1975, atacaram duramente os cafezais do Paraná. Em 1983, grandes
enchentes assolaram o estado. No verão de 1985-1986, o estado, como toda a
Região Sul do Brasil, foi assolado por prolongada seca, que prejudicou a
agricultura e o fornecimento de energia elétrica.
Referencia:
Arquivos publico municipal
Wikipédia
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