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História Tomé Açu PA

 

Em 1938, conforme Decreto-Lei Estadual nº 2.972, de 31 de março, a divisão territorial do Estado do Pará compreendia 27 (vinte e sete) comarcas, 47 (quarenta e sete) termos judiciários, 51 (cinqüenta e um) municípios e 246 (duzentos e quarenta e seis) distritos. Em 1943, por força do Decreto-Lei Estadual nº 4.505, de 30 de dezembro, o Pará passou a contar com 57 municípios. Outros foram criados depois.

Em 1988, a divisão territorial do Estado do Pará foi alterada, com a criação de 18 (dezoito) municípios. Em 1991, mais 23 (vinte e três) foram criados. No período de 1993 a 1996, mais 15 (quinze) foram constituídos, ficando o território paraense com o total de 143 (cento e quarenta e três) municípios.


Origem e evolução da história do município
Os primeiros habitantes da região do Rio Acará-Mirim foram identificados como Tembé, cujas tribos cultivavam uma agricultura de subsistência. Faziam parte da nação Tenetehara, que em tupi guarani significa: “nós somos gente verdadeira”, os quais partilhavam com os índios Guajará do Estado do Maranhão a mesma língua e tradição culturais.

O primeiro homem branco que ocupou o território de Tomé-Açu foi o português José Maria de Carvalho, que também foi o primeiro comerciante de madeira na foz do Igarapé Tomé-Açu, sendo atualmente Fazenda Tomé-Açu. Logo após o comércio madeireiro chegou o Sr. Agapito Joaquim de Cristo, que adquiriu, por aforamento, o terreno onde hoje está localizada a cidade de Tomé-Açu, que naquela época foi denominada de Fazenda Bela Vista.


A chegada dos primeiros colonos japoneses
Segundo Violeta Loureiro, na sua construção da História Social e Econômica da Amazônia, refere-se que, no ano de 1926, se dirigiu ao Pará um grupo de cientistas japoneses que tinham como missão localizar áreas nas quais pudessem ser instaladas colônias agrícolas e, a partir delas, dinamizar a economia através do desenvolvimento de culturas, assim como de práticas modernas de cultivo.

O resultado do trabalho levou à identificação de áreas no Estado do Amazonas (em Manacapuru) e no Estado do Pará (Baixo Amazonas, Santarém e Tomé-Açu).

Com a implantação da Companhia Nipônica de Plantação do Brasil em 1929, a Fazenda Bela foi vendida à Companhia Nipônica, que instalou na Fazenda Bela Vista a Administração Central da Companhia, quando chegaram os primeiros colonos japoneses (43 famílias, num total de 189 pessoas) as mesmas que, amparadas por certo volume de capital, assim como por uma tradição milenar na agricultura, ficaram instaladas no lugar.


A Segunda Guerra Mundial e o campo de concentração
No período da segunda guerra mundial, o Governo Brasileiro interveio e transformou a Companhia Japonesa em campo de concentração. Com a vitória dos aliados e, conseqüentemente o fim da guerra, a Fazenda Bela Vista foi transformada em Colônia Estadual de Tomé-Açu. Os japoneses uniram-se e formaram uma sociedade, denominada de Sociedade Agrícola e Industrial de Acará – SAIA.

Igualmente, as crônicas históricas registram que se deve aos imigrantes japoneses a organização e êxito da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu que, chegou a ser considerada a melhor do ramo no Estado do Pará e, a mais importante do Brasil.

Instalada em 1931, com o nome de Cooperativa de Hortaliças, contava inicialmente com poucos associados. Após a segunda Guerra Mundial, a colônia japonesa viveu um período de grandes dificuldades, mas conseguiu se reerguer através do cultivo da pimenta-do-reino, com a União dos Lavradores, formada apenas por dezessete membros que continuavam em atividade. Em 1949 recebeu a denominação de Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu, contando basicamente com os sócios da chamada União dos Lavradores, que havia sido fundada em 1946.

A dinâmica da vida social, econômica e cultural do povoado de Tomé-Açu girou em torno da atividade agrícola e da Cooperativa. Reconhece-se que, desde a sua fundação, ela teve como fulcro das suas preocupações cuidar da manutenção de programas voltados para a saúde, a educação e o lazer de seus associados e familiares destes. No cumprimento desses propósitos, a Cooperativa passou a manter um hospital, postos de saúde e escolas, assim como patrocinara atividades sociais e esportivas, sem descuidar de suas atribuições principais para com a promoção da agricultura, a tecnificação dos agricultores e a assessoria de natureza creditícia, econômica e comercialização dos produtos por eles cultivados.


A criação do município
Tomé-Açu era considerado uma aglomeração urbana importante do então município de Acará. Em 1952 os habitantes de Tomé-Açu iniciaram um movimento de conspiração contra o município de Acará, por ser governado por seus administradores. O Governador daquela época, através da Lei nº 1.127 de 10 de maio de 1955, autorizou a criação de novos municípios e nomeação de novos prefeitos, o qual incluía Tomé-Açu, sendo que o primeiro prefeito nomeado foi Anthódio de Araújo Barbosa.


Terra da pimenta e a origem do nome
Tomeaçuense é o designativo daquele que nasce no município de Tomé-Açu. Os primitivos de Tomé-Açu contam que nas proximidades existia um índio Tuxaua, da raça Tapuia, da tribo Tembé, que se chamava Tomé, e que era um homenzarrão, o qual na linguagem indígena grande significa Açu, então popularmente o chamavam de Tomé-Açu. Esse nome passou para o maior igarapé da cidade, que até hoje se chama Igarapé Tomé-Açu e, posteriormente passou a ser o nome do município.


A extinção do município
Promulgada a Lei nº 1.127, numa tentativa de outorgar a Tomé-Açu sua emancipação do município de Acará, na condição de município autônomo.

Essa Lei, no entanto, foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal em 20 de outubro de 1955. Sendo Tomé-Açu novamente reintegrado ao município de Acará. Os tomeaçuenses, não conformados, reiniciaram a luta formando vários movimentos.

Os habitantes de Tomé-Açu e Acará criaram um clima de hostilidade entre si, não podendo mesmo se visitar. Mais tarde as coisas vinham a complicar-se, pois outros municípios entraram na luta. Os toméaçuense revoltados armaram um movimento com a pretensão de elegerem um representante local para atuar junto a Prefeitura de Acará, apresentando o Sr. Ney Carneiro Brasil, da Coligação Democrática Acaraense, e os acaraenses apresentando o Sr. Manoel Paiva Mota. Após um mês de campanha, os ânimos políticos chegaram ao máximo, sendo necessário à criação de uma expedição armada para garantir a integridade física do Sr. Ney Carneiro Brasil, que estava sendo ameaçado por um grupo de senhoras a não desembarcar no município de Acará que, segundo alegação das mesmas, ele tinha sido culpado pela morte de um modesto operário chamado de Antônio Silva, apelidado de “Mucuim”. Porém, mais uma vez os tomeaçuenses foram derrotados e Acará continuou a ser o centro.


O restabelecimento do município
Quatro anos mais tarde, em 17 de março de 1959, o Governo do Estado promulgou uma nova Lei, a de nº 1.725, a mesma que conseguiu para Tomé-Açu sua elevação à categoria de município do Estado do Pará, constituindo-se como tal, com terras desmembradas do município de Acará, a qual lhe pertencia na condição de distrito.

A Câmara Municipal de Acará, sob vaias de sua população, em 9 de julho de 1959 aprovava o Projeto de Resolução nº 01 de autoria do vereador Zeferino Santos Maciel que, autorizava o Governador do Estado a desmembrar áreas, hoje integrada pelo município de Tomé-Açu. Realizando-se, dessa maneira, o grande sonho dos tomeaçuenses. Assim, no dia 1º de Setembro de 1959, foi instalado oficialmente pelo Governador Luis Geolás de Moura Carvalho, o município de Tomé-Açu.


Vultos da história do município
Zeferino Santos Maciel, autor do Projeto de Resolução que autorizava o Governador do Estado a desmembrar áreas do município de Acará, hoje integrada pelo município de Tomé-Açu;

Ney Carneiro Brasil, primeiro Prefeito Constitucional de Tomé-Açu, fazendo uma administração de pioneirismo, organização e construção da cidade.