Promotores
apuram se padres pagavam mensalidade
para permanecer em paróquias mais
lucrativas
Segundo as
investigações, propriedades foram
compradas para lavar o dinheiro
O
Ministério Público de Goiás (MP-GO)
apura se padres pagavam mensalidade ao
bispo da cidade de Formosa para ficar em
paróquias mais lucrativas. A Operação
Caifás, deflagrada pelo MP-GO em
parceria com a Polícia Civil, aponta que
a cúpula da Igreja Católica nas cidades
de Formosa, Planaltina de Goiás e Posse
desviava dinheiro de dízimos, doações e
eventos da igreja.
Bispo de Formosa, Dom José Ronaldo, foi
preso durante operação do MP (Foto:
Reprodução).
“Segundo os padres
que foram ouvidos até agora aquele
dinheiro era uma espécie de mensalidade
que era paga àqueles padres que estavam
situados em paróquias que tinham uma
arrecadação maior”, afirmou o promotor
de Justiça, Douglas Chegury, em
entrevista à emissoras de TV.
A
suspeita é que os desvios ocorrem desde
2015, quando o bispo de Formosa chegou
na cidade. As investigações começaram
quando os fiéis denunciaram falta de
transparência nos gastos do dinheiro
arrecadado pela igreja.
Segundo
as denúncias, as despesas da casa
episcopal subiram de R$ 5 mil para R$ 35
mil com a chegada de Dom José Ronaldo.
Escutas telefônicas revelam que uma
fazenda e uma lotérica foram compradas
com dinheiro desviado. De acordo com o
MP-GO, essas aquisições eram feitas como
forma de lavar dinheiro.
(Foto
Reprodução: Dinheiro apreendido em fundo
falso do monsenhor Epitácio Cardoso
Pereira)
Mais noticias
Bispo e
padres são presos em operação contra
desvios de recursos na Igreja Católica
em três cidades de Goiás
Prejuízo
estimado é de mais de R$ 2 milhões, de
acordo com o MP. Foram cumpridos nove
mandados de prisão e dez de busca e
apreensão em Formosa, Posse e
Planaltina.
O bispo de
Formosa, Dom José Ronaldo, quatro
padres, um monsenhor e funcionários
administrativos foram presos na manhã
desta segunda-feira (19) durante
operação do Ministério Público do Estado
de Goiás (MP-GO) contra desvios de
recursos na Igreja Católica em Posse e
em duas cidades do Entorno do Distrito
Federal – Formosa e Planaltina. O
prejuízo estimado é de mais de R$ 2
milhões.
Segundo a
investigação, o grupo se apropriava de
dinheiro oriundo de dízimos, doações,
arrecadações de festas realizadas por
fiéis e taxas de eventos como batismos e
casamentos.
Dinheiro
apreendido com fundo falso de
guarda-roupa do monsenhor preso em
operação contra desvios na Igreja
Católica, em Goiás (Foto: TV
Anhanguera/Reprodução)
O G1 tentou
contato por telefone e mensagem com a
Diocese de Formosa, mas não recebeu
retorno até a última atualização desta
reportagem.
Escutas
telefônicas autorizadas pela Justiça
apontam que o grupo comprou uma fazenda
de criação de gado e uma casa lotérica
com dinheiro desviado de dízimos e
doações. Em decisão, juiz disse haver
indícios de que o dinheiro era usado
para despesas pessoais e que carros da
Diocese de Formosa eram usados com fins
particulares.
As
investigações começaram após denúncias
de fiéis que relataram desvios iniciados
em 2015. Em dezembro de 2017, o bispo
negou haver irregularidades nas contas
da Diocese de Formosa.
Operação
Caifás
A ação,
batizada de "Caifás", tem ao todo nove
mandados de prisão e dez de busca e
apreensão em Formosa, Posse e
Planaltina. Além de residências e
igrejas, um mosteiro também é alvo da
investigação.
Segundo o
promotor de Justiça Douglas Chegury, um
dos responsáveis pela operação, foram
apreendidas caminhonetes da cúria em
nomes de terceiros, além de uma grande
quantia de dinheiro em espécie, com
valor ainda não foi divulgado.
De acordo com
o MP-GO, a suspeita é que a associação
criminosa atuava na cúria da Diocese da
Igreja Católica de Formosa e em outras
paróquias relacionadas a ela nas outras
cidades. Participaram da ação cerca de
dez promotores de Justiça, além das
polícias Civil e Militar.
Ministério
Público de Goiás cumpre mandados na
Igreja Católica em Formosa, Planaltina e
Posse.
Denúncia
Em dezembro de
2017, fiéis denunciaram que as despesas
da casa episcopal de Formosa, onde o
bispo mora, passaram de R$ 5 mil para R$
35 mil desde que Dom José Ronaldo
assumiu o posto, havia três anos.
"O que nós
temos certeza é que as contas da cúria
não fecham. Então, nós queremos a
abertura pública das contas da cúria
[administração da diocese] e dos gastos
da casa episcopal", disse uma fiel, que
preferiu não se identificar.
O grupo que
contesta as contas informou que não
recolheria o dízimo até que as medidas
fossem atendidas. A diocese disse, na
época, que o custo das 33 paróquias é de
cerca de R$ 12 milhões por ano. Já a
arrecadação, no mesmo período, é de R$
16 milhões. O restante é destinado ao
fundo de cada unidade.
Dom José
Ronaldo alegou na época que não tocava
no dinheiro e que não houve o pedido,
por parte do grupo, para a apresentação
de contas.
"Não tem nada
de impropriedade. Não toco nos repasses
financeiros das paróquias que são
destinados à manutenção das necessidades
da Diocese, casa do clero, seminário,
estrutura da cúria, funcionários etc",
declarou.
(com conteudo
G1 e DM) |
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