Brasil é um
dos países em que macacos são os mais
ameaçados do mundo
Os primatas do
mundo, incluindo gorilas, chimpanzés e
gibões, pedem socorro. Grande parte das
439 espécies conhecidas corre algum
risco de ser extinta. O perigo é mais
iminente para as que vivem nos quatro
países com a maior biodiversidade:
Brasil, que soma 102 espécies,
Madagascar (100), Indonésia (48) e
República Democrática do Congo (36).
Dessas 286,
cerca de 60% estão ameaçadas de extinção
em algum grau (vulneráveis, ameaçadas ou
criticamente ameaçadas), por causa de
ações humanas. Hoje, a situação é pior
em Madagascar, com cerca de 90% de sua
fauna de primatas ameaçada de extinção,
seguida da Indonésia, com 83%, Brasil,
com 39% e Congo, com 17%.
As conclusões
são de um amplo estudo realizado por um
grupo internacional de 72 especialistas
em primatas, entre os quais oito de
instituições brasileiras, e publicado em
junho na revista científica PeerJ.
"Reunimos
pesquisadores de diferentes
nacionalidades, mas que direta ou
indiretamente trabalham num dos quatro
países, e compilamos as informações
disponíveis na literatura em relação ás
pressões antrópicas sobre os macacos em
cada um deles", conta o biólogo Leonardo
Oliveira, professor da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e
presidente da Sociedade Brasileira de
Primatologia (SBP).
De acordo com
ele, o estudo avaliou o papel do Brasil,
Madagascar, Indonésia e República
Democrática do Congo para a conservação
global dos macacos. "Esses quatro países
abrigam dois terços de todos os primatas
não humanos do mundo", diz. "Daí sua
importância para a conservação desses
animais."
Os
pesquisadores analisaram a distribuição
das áreas protegidas e das espécies em
cada um dos quatro países e descobriram
que a grande maioria das populações de
primatas não tem segurança adequada. Por
exemplo, embora a porcentagem deles em
unidades de conservação no Brasil seja
relativamente alta, 38%, na Indonésia e
no Congo esses índices são baixos, 17 e
14%, respectivamente. Em Madagascar ele
é igual ao do Brasil, 38%.
O estudo
avaliou ainda as ameaças aos macacos em
cada um dos quatro países e o que
contribui para que elas existam ou sejam
potencializadas. Entre as principais
estão a perda de habitat, em especial no
Brasil, Madagascar e Indonésia – no
Congo, é a caça comercial de carne de
espécies silvestres, no caso aqui, de
primatas.
Mas existem
várias outras, como doenças, grandes
populações humanas em crescimento,
exploração madeireira, mineração e
extração de petróleo por corporações
multinacionais, o comércio ilegal deles
como animais de estimação, as mudanças
climáticas e até a instabilidade
política e a corrupção.
Depois disso,
os pesquisadores modelaram o conflito
por espaço entre as atuais áreas onde
vivem os primatas e a projeção da
expansão agrícola (um importante
impulsionador da fragmentação dos
habitats, desmatamento e perda de
biodiversidade) nestes quatro países
mais ricos nesses animais. Foram
elaborados diferentes cenários. No pior
deles, as áreas de ocorrência dos
primatas até o final do século 21
encolheriam entre 78% no Brasil, 72% na
Indonésia, 62% em Madagascar e 32% no
Congo.
A situação é
pior em Madagascar, com cerca de 90% de
sua fauna de primatas ameaçada de
extinção, seguido da Indonésia, com 83%,
Brasil, com 39% e Congo, com 17%. Para
piorar o quadro, mesmo não correndo
risco imediato de extinção, grandes
partes das populações de macacos dos
quatro países estão em declínio. De
novo, a situação mais grave é a da
grande ilha africana, com 97% das
espécies diminuindo ano a ano, seguida
pela Indonésia com 94%, Brasil com 48% e
Congo com 39%.
Em Madagascar,
uma das espécies mais ameaçadas é o
lêmure-de-cauda-anelada (Lemur catta),
famoso pela cauda listrada de preto e
branco e pelos olhos esbugalhados em
tons alaranjados, principalmente por
causa do aumento da mineração ilegal de
cobalto, níquel e ouro nas florestas,
inclusive em áreas de proteção
ambiental. Na Indonésia, o garimpo de
ouro também é responsável por colocar
primatas em perigo, como, por exemplo, o
macaco-narigudo (Nasalis larvatus) e o
gibão-cinza (Hylobates muelleri).
No mesmo país,
a construção de uma usina hidrelétrica
no norte da ilha de Sumatra, destruirá a
floresta Batang Toru, habitat do raro
orangotango-de-tapanuli (Pongo
tapanuliensis), ameaçando a sua
sobrevivência. Na República Democrática
do Congo, a vilã é a caça, que está
acabando com os gorilas (Gorilla
gorilla) e os bonobos (Pan paniscus).
No caso
específico do Brasil, em números
absolutos, existem hoje 35 espécies
ameaçadas de extinção, em diferentes
graus. "Temos gêneros completos em
risco, como o Leontopithecus (dos
micos-leões, 4 espécies) e o Brachyteles
(dos muriquis, duas)", informa Oliveira.
"Além disso, possuímos duas outras entre
as 25 mais ameaçadas do mundo, o
Alouatta guariba guariba (bugio ruivo),
restrito aos Estados da Bahia e Minas
Gerais) e o Cebus kaapori (caiarara),
que vive apenas em uma pequena parte do
Pará e Maranhão."
Há ainda no
país algumas espécies na categoria
criticamente ameaçadas de extinção, como
o sagui-de-coleira (Saguinus bicolor),
restrito à região dos municípios de
Manaus, Rio Preto da Eva e Itacoatiara;
o guigó-da-caatinga (Callicebus
barbarabrownae), único primata endêmico
daquele bioma; o cuxiú-preto (Chiropotes
satanás), que ocorre no leste da
Amazônia no arco do desmatamento; e o
muriqui-do-norte (Brachyteles
hypoxanthus), exclusivo da Mata
Atlântica, vivendo em fragmentos
florestais de Minas Gerais, Espírito
Santo e da Bahia.
A preocupação
com a sobrevivência dos primatas não
humanos se justifica por uma série de
motivos. Eles são de grande importância
para a biodiversidade, pois desempenham
diversas funções, auxiliam em processos
ecológicos e no fornecimento de serviços
ecossistêmicos.
"São nossos
parentes biológicos vivos mais próximos,
oferecendo insights sobre a evolução
humana, biologia e comportamento",
explica Oliveira. "Esses animais têm
também grande importância cultural e
religiosa em muitas sociedades, além de
servir como fonte de proteína, ajudando
na subsistência de várias populações
humanas."
Por isso, as
consequências de sua extinção são
graves. A perda de primatas não humanos
pode desencadear, por exemplo, perda de
dispersão de sementes de várias espécies
de plantas, essenciais para regeneração
de florestas. "Mas não é só isso",
alerta Oliveira. "Em alguns lugares, os
macacos podem funcionar como atrativo
turístico e até mesmo serem considerados
sagrados."
É neste
contexto que o levantamento do grupo
internacional se reveste de importância.
"Creio que este seja um estudo bastante
completo, pois mostra o cenário atual
com as ameaças que os primatas não
humanos sofrem, as causas delas e os
fatores que contribuem para que elas
ocorram", diz Oliveira. "Analisamos
essas informações em um contexto de
crescimento populacional humano, baixo
nível de desenvolvimento social e
desigualdade econômica, instabilidade
política e governança fraca nesses
quatro países."
Para o também
biólogo Ricardo Dobrovolski, da
Universidade Federal da Bahia (UFBA),
outro integrante do grupo, o estudo
lembra que é precioso encontrar formas
de conviver com a biodiversidade e
garantir o bem-estar para as pessoas.
"Esse bem-estar deve ser pensado também
para os animais domesticados, como os
movimentos em defesa deles têm lembrado,
e para o resto da biodiversidade", diz.
"Talvez os primatas, pelo parentesco,
nos motivem a iniciar esse processo.
Essa é a mensagem de fundo do estudo."
No final do
trabalho, o grupo fez algumas
recomendações e apontou várias
potenciais soluções para evitar a
extinção dos primatas no Brasil, na
Indonésia, em Madagascar e no Congo.
A primeira
delas é expandir as áreas protegidas.
Outras são criar corredores florestais
para a migração entre subpopulações
atualmente isoladas, incentivar a
restauração das comunidades florestais
naturais, aumentar a segurança alimentar
e as oportunidades que beneficiam a
qualidade de vida das pessoas, priorizar
a sustentabilidade e as energias limpas,
e exigir que os países consumidores e as
corporações internacionais paguem um
fundo de sustentabilidade e conservação
para compensar a sobre-exploração e os
danos ambientais.
Rios, lagos,
nascentes, aquíferos, florestas,
animais, correm risco de desaparecer em
menos de uma década, Brasil não tem
governo ou justiça, tudo esta abandonado
nas mãos de assassinos ambientais.
(com conteúdo
BBC e Ache Tudo e Região) |
Não
solte fogos,
eles causam câncer e atacam o
sistema neurológico e psicológico
das crianças, matam, maltratam e
adoece animais e humanos.
Não frequente zoológico, não compre
animais adote (1), você consumidor é
o culpado pela sua extinção, sem
animais e sem florestas não há como
sobreviver, só restará deserto... |
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Não estamos sozinhos,
é vital dividimos espaço com outras criaturas ou
seremos também eliminados do planeta. Proteger
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cívico do cidadão. Todos serão
responsabilizados, pelo mal que estamos fazendo
a natureza. |
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