Cientistas gravam conversa de tartarugas
'falantes' no Pará
Cientistas brasileiros conseguiram decifrar
conversas de tartarugas "falantes" no Pará -
inclusive o papo entre mães e filhotes
recém-nascidos.
Gravações feitas no rio Trombetas indicam que, na
época de fazer os ninhos, as tartarugas de rio
trocam informações pela voz, comunicando-se com pelo
menos seis sons diferentes.
Os pesquisadores da organização de conservação
Wildlife Conservation Society (WCS) e do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) acreditam
que algumas dessas conversas são as mães tartarugas
ensinando os filhos a como chegar na água.
Como muitas espécies de tartarugas vivem por
décadas, os pesquisadores também acham que jovens
tartarugas aprendem estas habilidades de comunicação
oral com indivíduos mais velhos.
Segundo eles, este é o primeiro registro de cuidado
"materno" entre tartarugas, sugerindo que por isso
os animais são vulneráveis aos efeitos da poluição
sonora.
Os resultados foram publicados recentemente na
revista científica Herpetologica.
Sons diferentes
As gravações indicam que os animais podem ter vidas
sociais mais complexas do que se pensava.
A equipe de pesquisadores realizou o estudo no rio
Trombetas entre 2009 e 2011. Eles usaram microfones
e hidrofones subaquáticos para registrar mais de 250
sons individuais dos animais.
Os cientistas analisaram estes sons e os dividiram
em seis tipos diferentes, relacionando cada
categoria a um comportamento específico.
Por exemplo, havia um som específico quando os
adultos estavam migrando pelo rio, e outro quando
eles se reuniam em frente a praias onde fazem
ninhos.
Outro som era emitido por adultos quando eles
estavam esperando nas praias pela chegada de seus
filhotes.
"Os significados [exatos] não são claros, mas elas
estão trocando informações", disse à BBC Camila
Ferrara, do WCS Brasil.
"Achamos que o som ajuda os animais a sincronizarem
suas atividades na época de fazer ninhos."
Ferrara acredita que as fêmeas emitem sons
específicos para orientar a filhotes a chegar água e
também a se locomover pela água.
"As fêmeas esperam os filhotes", disse a estudiosa.
"E sem esses sons eles podem não saber para onde
ir." BBC
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