A HISTÓRIA de Pouso Alegre, antigo
Arraial de Bom Jesus de Matozinhos do Mandu, tem início
no despertar social e econômico da rica região
sul-mineira. Data mais ou menos de 1596 o devassamento,
pelos bandeirantes paulistas, do Alto Sapucaí, por onde
passaria em 1601, conforme Diogo de Vasconcelos, a
expedição de D. Francisco de Souza, da qual fazia parte
o alemão Glimmer, o primeiro naturalista a penetrar
naquelas paragens.
Pelos fins do século XVI já se sabia da existência de
ouro no Alto Rio Verde e no Alto Sapucaí, como se lê na
obra de Orville Derby - Os Primeiros Descobrimentos de
Ouro em Minas Gerais.
O primeiro marco de povoação em terras de Pouso Alegre
teria sido lançado no século XVIII por João da Silva,
assim relatado no Almaneque Sul-Mineiro de 1874,
organizado por Bernardo Saturnino da Veiga: "Segundo
tradição que se tem conservado, quem primeiro habitou às
margens do Mandu foi o aventureiro de nome João da
Silva.
"Prosperando em sua lavoura, fez João da Silva, no fim
do século passado, doação do terreno necessário a
edificação de uma igreja dedicada ao Senhor Bom Jesus.
Construiu-se a capela com auxílio de alguns moradores
vizinhos e, no ano de 1795, o padre Francisco de Andrade
Melo, que então residia na Paróquia de Santana do
Sapucaí, veio celebrar a primeira missa que houve nesse
lugar, ficando, desde então, como capelão particular.
"Em 1797 o Governador D. Bernardo José Lorena, Conde de
Sarzedas, que de São Paulo fora transferido para a
Capitania de Minas Gerais, passou pelo nascente povoado,
onde veio a seu encontro
o Juíz de Fora de Campanha, Dr. José Joaquim Carneiro de
Miranda.
"Encantados pelo suntuoso panorama que se descortinava a
seus olhos e pelos vastos límpidos horizontes que os
cercavam, conta-se que um daqueles personagens dissera:
"Isto não devia chamar-se Mandu, mas sim Pouso Alegre".
E daí veio a denominação que o povo e a lei
posteriormente sancionaram".
Segundo alguns autores, o batismo da localidade como
Mandu se derivou da corruptela do nome de um pescador ou
tropeiro, que se chamaria Manuel atendendo pela alcunha
de Manduca ou simplesmente Mandu, e que teria sido o
primeiro povoador da região. Segundo outros, do
tupi-guarani mandi-yu (mandi = peixe e yu = amarelo).
Atestam Marques de Oliveira e Augusto Vasconcelos que
até 1799 a florescente povoação localizada às margens do
Mandu era também conhecida pelo nome desse rio
Crescendo a população do lugar, a cerca de seis léguas
da Freguesia de Santa Ana do Sapucai, surgiu em 1789 a
idéia da construção de uma capela, que foi erguida em
terreno doado por Antônio José Machado e sob a invocação
do Senhor Bom Jesus de Matozinhos. Benta possivelmente a
18 de abril de 1802, teve por capelão o padre José de
Melo.
Oito anos depois de inaugurada a capela, foi o povoado
elevado à categoria de freguesia colada a do Senhor Bom
Jesus de Pouso Alegre, vulgarmente chamada Mandu.
Nomeado Vigário Colado e da Vara da Freguesia o Padre
José Bento Leite Ferreira de Melo, natural de Campanha,
tornou-se a figure central da história de Pouso Alegre
em seu tempo.
Em 1830, o Padre Bento, auxiliado por seu coadjutor,
padre João Dias de Quadros Aranha, fundou o Pregoeiro
Constitucional, jornal de grande relevo na vida política
da época, sendo o primeiro a sair no sul de Minas e o
quinto na Província Foi em suas oficinas que se imprimiu
o projeto da nova Constituição do Império, chamada
"Constituição de Pouso Alegre", preparada por membros do
Partido Moderador no intuito de satisfazer as exigências
dos mais avançados e pacificar os demais.
A 7 de maio de 1832, foi levantado o pelourinho, símbolo
da emancipação municipal, no Largo da Alegria. No ano
seguinte, quando irrompeu a sedição militar em Ouro
Preto, Pouso Alegre fez-se presente ao lado da
legalidade, enviando numeroso contingente.
Com a renúncia do padre Diogo Antônio Feijó ao cargo de
Regente do Império, e conseqüente mudança da situação
política no País, foi organizado no Município, o Partido
Conservador, chefiado por Antônio de Barros Melo.
Ao entrar o ano de 1842, agravaram-se as lutas políticas
locais em conseqüência da agitação em todo o Pais, que
culminou com a revolução de 42, atingindo as Províncias
de São Paulo e de Minas Gerais. Em Baependi, no sul de
Minas, travou-se um combate, com a participação de 360
soldados legalistas de Pouso Alegre, comandados pelo
Coronel Julião Florêncio Meyer.
Em fins de 1849, teve início a construção da nova Matriz
benzida em 21 de novembro de 1857 e posteriormente
transformada em Catedral. Demolida esta, construiu-se
outra para sede do Bispado.
Gentílico: pouso-alegrense
Formação Administrativa
O Distrito de Pouso Alegre foi criado por Alvará Régio
de 6 de novembro de 1810 e o Município com território
desanexado do Município de Campanha, por Decreto de 13
de outubro de 1831, instalando-se a 7 de maio do ano
seguinte.
A sede municipal recebeu foros de cidade pela Lei
provincial n.° 433, de 19 de outubro de 1848.
A Lei estadual n.º 2, de 14 de setembro de 1891,
confirmou a criação do distrito-sede do Município de
Pouso Alegre, que, na Divisão Administrativa de 1911 se
compõe de 4 distritos: o da sede e os de Congonhal
(criado pela Lei provincial n.° 2.650, de 4 de novembro
de 1880), Borda da Mata (Lei provincial n.° 901, de 8 de
junho de 1858) e Estiva (Lei provincial n.° 1. 654, de
14 de setembro de 1870, com o nome de N. S.ª da
Conceição da Estiva).
Nos quadros de apuração do Recenseamento Geral de 1 de
setembro de 1920, o Município continua constituído por 4
distritos: Pouso Alegre, Carmo da Borda da Mata, (ex-Borda
da Mata), Nossa Senhora da Estiva (Estiva) e São José do
Congonhal (Congonhas) .
Por efeito da Lei estadual n.° 843, de 7 de setembro de
1923, Pouso Alegre perdeu o distrito de Borda da Mata
(antigo Carmo da Borda da Mata), cujo território passou
a constituir o novo Município desse nome. Assim, na
Divisão Administrativa fixada pela referida Lei, o
Município de Pouso Alegre abrange 3 distritos: o da sede
e os de Estiva (amigo Nossa Senhora da Estiva) e São
José do Congonhal. Idêntica composição aparece não só no
quadro da Divisão Administrativa de 1933, como nos das
divisões territoriais de 1936 e 1937 e no anexo ao
Decreto-lei estadual n.° 88, de 30 de março de 1938.
Dá-se o mesmo nas divisões judiciário-administrativas do
Estado, estabelecidas pelos Decretos-lei estaduais
números 148, de 17 de dezembro de 1938 e 1.058, de 31 de
dezembro de 1943, para vigorarem respectivamente, nos
quinqüênios 1939-1943 e 1944-1948, nas quais o topônimo
do distrito de São José do Congonhal foi simplificado
para Congonhal.
Pela Lei n.° 336, de 27 de dezembro de 1948, Pouso
Alegre perdeu o distrito de Estiva, cujo território
passou a constituir o Município de igual nome. A mesma
Lei criou, subordinado ao Município de Pouso Alegre, o
distrito de Senador José Bento. Dessa forma, no
quinqüênio 1949-1953,
o Município abrangia 3 distritos: o da sede e os de
Congonhal e Senador José Bento. A Lei n.° 1.039, de 12
de dezembro de 1953, desmembrou de Pouso Alegre os
distritos de
Congonhal e Senador José Bento, que passaram a
constituir juntos o novo Município de Congonhal. Desde
então, o Município possui um só distrito: o da sede.
Fonte: IBGE
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