A região de Mucugê, que desde o início do
século XIX era parcialmente ocupada por fazendeiros que mantinham criação
de gado, foi a primeira a atrair os exploradores ávidos por novas jazidas
de pedras preciosas. Diz a historia oficial que o primeiro diamante da
região foi encontrado em 25 de junho de 1844 por Cristiano Pereira do
Nascimento, afilhado de José Pereira do Padro, ou "Cazuza do Prado", um
grande coronel da região. A pedra teria sido acidentalmente achada no
leito do riacho das Cumbucas enquanto Cristiano lavava as mãos.
Um grupo comandado por "Cazuza do Prado" explorou a região e recolheu
muitas outras pedras. O segredo da nova riqueza só foi revelado quando um
dos participantes, ao tentar vender uma pedra, foi acusado do assassinado
um minerador e acabou obrigado a revelar onde a havia encontrado.
Espalhada a novidade, a região foi
invadida por garimpeiros e viajantes de todo o país, especialmente do
Serro e Diamantina (MG), onde a exploração já acontecia.
A cidade de Mucugê do Paraguaçu foi
oficialmente fundada em 1844, com o nome do rio que a cerca, que por sua
vez se referia a uma fruta comida pelos índios. Pouco tempo depois, já
abrigava uma população flutuante de 12.000 pessoas, lideradas por senhores
de grandes posses vindos de Minas e Europa com suas famílias e riquezas.
Pessoas de vários locais do país e estrangeiros (árabes, judeus,
franceses) misturavam-se com centenas de escravos vindos da África.
Desmembrada da cidade de Nossa Senhora do Livramento do Rio de Contas,
muda seu nome para Freguesia de São João do Paraguaçu, voltando a se
chamar Mucugê em 1917.
Este crescimento descontrolado causou diversos problemas e dificuldades
sociais. Em busca do rápido enriquecimento, valia a lei das armas e do
dinheiro. Jagunços matavam em nome de seus senhores, sempre ávidos por
mais terras, escravos e, consequentemente, diamantes.
Na tentativa de controlar o caos da
concentração urbana, os "homens importantes" da região (sempre os mais
ricos) reuniam-se para discutir regras de cresecimento e convívio social.
Foram tentativas quase sempre frustradas de regular o tamanho das
construções, as medidas usadas no comércio e até a limpeza das ruas (quem
atirasse lixo no chão podia ser multado e preso por cinco dias).
Já na década de 1870 a exploração do diamante entra em crise, em parte
pela descoberta de jazidas no sul da África, obrigando a região a buscar
atividades alternativas. A criação de gado, explorada pelas tradicionais
famílias locais, voltou a ser a principal fonte de renda de Mucugê, assim
como o cultivo de café e cereais. Com a proibição oficial do tráfico de
escravos, sua venda por preços até três vezes maiores também se tornou uma
forma de compensar a escassez de diamantes.
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Primeira
família de Mucugê |
A força e influência políticas dos
coronéis continuava ditando as leis na cidade. Em 1926 foi a vez da Coluna
Prestes, em campanha por todo território nacional, sentir a força das
armas locais e ser expulsa da cidade.
A primeira metade do século XX trouxe uma definitiva decadência econômica
para a região, que registrou um enorme êxodo populacional. A solução
imediata foi a exploração dos campos de Sempre-viva, planta que tem cerca
de 400 variações nos campos rupestres da região. Exportada em grandes
quantidades para Europa como artigo de decoração, chegou a estar ameaçada
de extinção. Também a fauna da região foi muito prejudicada pela caça
indevida nessa época.
Visando regulamentar a exploração da flora, o Projeto Sempre-Viva, mantido
pela prefeitura no parque Municipal de Mucugê , tem procurado aliar a
extração racional da planta a pesquisas tecnologicas, estruturação do
ecoturismo e geração de empregos. Outra importante atividade econômica do
município hoje é a agricultura.
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