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Pedro I do Brasil
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Pedro
I & IV
Retrato por Simplício Rodrigues
de Sá, ca. 1830 Imperador do
Brasil Reinado12 de outubro de
1822
a 7
de abril de 1831 Coroação1 de
dezembro de 1822 Sucessor (a)
Pedro II Rei de Portugal e
AlgarvesReinado10 de março de
1826
a 2
de maio de 1826 Predecessor João
VISucessora Maria II Esposas
Maria Leopoldina da Áustria
Amélia de
Leuchtenbergmais...Descendência
Maria II de Portugal
Miguel, Príncipe da Beira
João
Carlos, Príncipe da Beira
Januária do Brasil
Paula
do Brasil
Francisca do Brasil
Pedro
II do Brasil
Maria
Amélia do Brasil Casa
Bragança Nome completo
Pedro
de Alcântara Francisco António
João Carlos Xavier de Paula
Miguel Rafael Joaquim José
Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim
Nascimento12 de outubro de
1798 Palácio Real de Queluz,
PortugalMorte24 de setembro de
1834 (35 anos)
Palácio Real de Queluz,
Portugal Enterro Monumento à
Independência do Brasil, São
Paulo, Brasil Pai João VI de
Portugal Mãe Carlota Joaquina da
Espanha
Assinatura
|
Pedro I &
IV (Queluz, 12 de outubro de 1798 –
Queluz, 24 de setembro de 1834),
apelidado de "o Libertador" e "o Rei
Soldado",[nota 1] foi o primeiro
Imperador do Brasil como Pedro I de
1822 até sua abdicação em 1831, e
também Rei de Portugal e Algarves
como Pedro IV entre março e maio de
1826. Era o quarto filho do rei João
VI de Portugal e sua esposa a
infanta Carlota Joaquina da Espanha,
sendo assim um membro da Casa de
Bragança. Pedro viveu seus primeiros
anos de vida em Portugal até que
tropas francesas invadiram o país em
1807, forçando a transferência da
família real para a colônia do
Brasil.
O estouro da
Revolução Liberal do Porto em 1820
forçou a volta de João VI para
Portugal em abril do ano seguinte,
com Pedro ficando no Brasil como seu
regente. Ele precisou lidar com
ameaças de tropas portuguesas
revolucionárias e insubordinadas,
com todas no final sendo subjugadas.
Desde a chegada da família real
portuguesa em 1808, o Brasil tinha
gozado de grande autonomia política,
porém a ameaça do governo português
de revogar essas liberdades criou
grande descontentamento na colônia.
Pedro ficou do lado dos
brasileiros e declarou a
Independência do Brasil em 7 de
setembro de 1822. Foi aclamado como
seu imperador no dia 12 de outubro e
derrotou todas as forças fiéis a
Portugal até março de 1824. Alguns
meses depois, esmagou a Confederação
do Equador, uma revolta separatista
que havia tomado províncias do
nordeste brasileiro.
Uma nova
rebelião se iniciou na província
Cisplatina no começo de 1825, com a
subsequente tentativa por parte das
Províncias Unidas do Rio da Prata de
anexá-la levando o Brasil a entrar
na Guerra da Cisplatina. Nesse meio
tempo Pedro também se tornou o
monarca de Portugal após a morte de
seu pai, rapidamente abdicando do
trono em favor de sua filha mais
velha Maria II. A situação piorou em
1828 quando a guerra no sul fez o
Brasil perder a Cisplatina, que
tornou-se o país independente do
Uruguai.
No mesmo ano o
trono de Maria foi usurpado pelo
infante Miguel, irmão mais novo de
Pedro. Seus casos sexuais
extraconjugais criaram grandes
escândalos e também mancharam sua
reputação. Mais dificuldades sugiram
no parlamento brasileiro, onde os
debates políticos passaram a ser
dominados a partir de 1826 com a
discussão sobre se o governo deveria
ser escolhido pelo imperador ou pela
legislatura. Pedro foi incapaz de
lidar com os problemas simultâneos
do Brasil e Portugal, por fim
abdicando do trono brasileiro em 7
de abril de 1831 em favor de seu
filho mais novo Pedro II e partindo
para a Europa.
Pedro
invadiu Portugal em julho de 1832 no
comando de um exército. Inicialmente
seu envolvimento parecia ser em uma
guerra civil portuguesa, porém logo
o conflito ficou maior e englobou
toda a península Ibérica em uma
disputa entre defensores do
liberalismo e aqueles que queriam a
volta do absolutismo. Pedro acabou
morrendo de tuberculose em 24 de
setembro de 1834, poucos meses
depois dele e os liberais terem se
saído vitoriosos. Ele foi
considerado por contemporâneos e
pela posteridade como uma figura
importante que auxiliou na
propagação dos ideais liberais que
haviam permitido que o Brasil e
Portugal deixassem os regimes
absolutistas para formas mais
representativas de governo.
Ínicio da vida Nascimento
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Pedro em 1800, por Agustín
Esteve |
Pedro
nasceu na manhã de 12 de outubro de
1798 no Palácio Real de Queluz,
Portugal. Ele foi nomeado em
homenagem a São Pedro de Alcântara e
seu nome completo era Pedro de
Alcântara Francisco António João
Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael
Joaquim José Gonzaga Pascoal
Cipriano Serafim.Desde seu
nascimento recebeu o prefixo
honorífico de "Dom".
Seu pai era o
então D. João, Príncipe do Brasil,
com Pedro sendo assim membro da Casa
de Bragança. Seus avós eram a rainha
D. Maria I e o rei D. Pedro III de
Portugal, que eram sobrinha e tio
além de marido e mulher.
Sua mãe era a
infanta Carlota Joaquina, filha do
rei Carlos IV da Espanha e sua
esposa Maria Luísa de Parma. Os
pais de Pedro tiveram um casamento
infeliz; Carlota Joaquina era uma
mulher ambiciosa que sempre
procurava defender os interesses
espanhóis, mesmo em detrimento de
Portugal. Havia relatos de que ela
era infiel com o marido, chegando ao
ponto de conspirar contra ele junto
com nobres portugueses
insatisfeitos.
Pedro era o
segundo filho menino mais velho de
João e Carlota Joaquina, o quarto
filho no geral, tornando-se o
herdeiro aparente de seu pai com o
título de Príncipe da Beira em 1801
após a morte de seu irmão mais velho
D. Francisco Antônio. João desde
1792 atuava como regente em nome de
sua mãe Maria I, que havia sido
declarada mentalmente insana e
incapaz de governar. Os pais de
Pedro se afastaram em 1802; João foi
viver no Palácio Nacional de Mafra
enquanto Carlota Joaquina ficou no
Palácio do Ramalhão. Pedro e seus
irmãos D. Maria Teresa, D. Maria
Isabel, D. Maria Francisca, D.
Isabel Maria e D. Miguel foram viver
no Palácio de Queluz junto com sua
avó a rainha, longe dos pais que
viam apenas durante ocasiões de
estado.
Educação
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Pedro ca. 1809, por
Francesco Bartolozzi. |
No final de
novembro de 1807, quando Pedro tinha
apenas nove anos de idade, o exército
francês do imperador Napoleão Bonaparte
invadiu Portugal e toda a família real
portuguesa fugiu de Lisboa. A corte
atravessou o oceano Atlântico até chegar
em março do ano seguinte à cidade do Rio
de Janeiro, então capital do Brasil, a
maior e mais rica colônia de Portugal.
Pedro leu Eneida de Virgílio durante a
viagem e conversou com vários membros da
tripulação de seu navio, aprendendo
noções de navegação. No Brasil, após uma
breve estada no Paço Real, Pedro e seu
irmão Miguel estabeleceram-se junto com
seu pai no Paço de São Cristóvão.
Pedro amava o pai,
apesar de nunca ter sido íntimo dele,
ressentindo a constante humilhação que
João sofria nas mãos de Carlota Joaquina
por causa dos casos extraconjugais dela.
Como resultado, quando adulto Pedro
abertamente chamava sua mãe de "vadia" e
sentia por ela nada além de desprezo.
As experiências de traição, frieza e
negligência que passou quando criança
tiveram grande impacto na formação de
sua personalidade e caráter quando
adulto.
Uma pequena quantidade de estabilidade
durante sua infância vinha da presença
de sua aia Maria Genoveva do Rêgo e
Matos, quem amou como uma mãe, e seu aio
e supervisor o frei Antônio de Arrábida,
que tornou-se seu mentor.
Ambos ficaram
encarregados do crescimento do príncipe
e tentaram lhe dar uma educação
adequada. Seus estudos englobavam uma
grande gama de assuntos que incluíam
matemática, economia política, lógica,
história e geografia. Pedro aprendeu a
ler e escrever em português, além de
latim e francês. Também conseguia
traduzir textos do inglês e entender
alemão. Mais tarde como imperador, Pedro
dedicaria pelo menos duas horas de seu
dia para ler e estudar.
Apesar da
abrangência da instrução de Pedro, sua
educação mostrou-se deficiente. O
historiador Otávio Tarquínio de Sousa
afirmou que Pedro "era sem sombra de
dúvida inteligente, astuto [e]
perspicaz". Entretanto, o historiador
Roderick J. Barman escreveu que tinha
uma natureza "muito efervescente, muito
errática e muito emocional". Pedro
permaneceu impulsivo, nunca aprendeu a
exercer auto-controle, avaliar as
consequências de suas decisões ou
adaptar seu panorama para situações em
mudança. João jamais permitiu que alguém
disciplinasse o filho. Este às vezes
contornava sua rotina de duas horas de
estudos diários ao dispensar seus
instrutores para poder realizar
atividades que considerava como mais
interessantes.
Primeiro
casamento
|
Pedro
ca. 1816, por Jean-Baptiste
Debret. |
Pedro
encontrava prazer em atividades que
necessitavam de habilidades físicas em
vez de ficar na sala de aula. Ele
treinou equitação na Fazenda Santa Cruz
de seu pai, tornando-se um bom cavaleiro
e um excelente ferrador. Pedro e seu
irmão Miguel gostavam de sair caçando a
cavalo através de terrenos desconhecidos
e florestas, às vezes até mesmo de noite
e sob mau tempo.
O príncipe mostrava
talento para desenho e artesanato,
fazendo por conta própria mobílias e
entalhando madeira. Além disso, Pedro
também gostava bastante de música,
transformando-se em um hábil compositor
sob a tutela de Marcos Portugal. Tinha
uma boa voz para o canto e era
proficiente em diversos instrumentos
(incluindo piano, flauta e violão),
conseguindo tocar canções e danças
populares.
Pedro era um homem simples tanto em
hábitos quanto ao lidar com outras
pessoas. Exceto em ocasiões solenes
quando era necessário usar vestuários
elegantes, suas roupas diárias
consistiam em calças brancas de algodão,
uma jaqueta listrada também de algodão e
um chapéu de palha com abas largas, ou
ainda uma sobrecasaca e cartola para
situações mais formais. Ele
frequentemente entrava em conversas com
pessoas nas ruas querendo saber sobre
seus problemas.
A personalidade de Pedro era marcada por
uma vontade enérgica que beirava a
hiperatividade. Era impetuoso com uma
tendência para ser dominador e
temperamental. Se distraia ou ficava
entediado facilmente, entretendo-se com
namoricos em sua vida pessoal além de
suas atividades equestres e de caça. Seu
espírito inquieto o fazia buscar
aventuras e, certas vezes disfarçado de
viajante, frequentava tavernas nos
distritos de pior reputação do Rio de
Janeiro.
Pedro raramente bebia
álcool, porém era um mulherengo
incorrigível. Seu primeiro caso
duradouro conhecido foi com uma
dançarina francesa chamada Noémi
Thierry, que teve uma criança natimorta
dele. Seu pai, que em 1816 tornou-se rei
João VI com a morte de Maria I, enviou
Thierry para longe a fim que ela não
ameaçasse o noivado de Pedro com a
arquiduquesa Leopoldina da Áustria,
filha do imperador Francisco I da
Áustria e a princesa Maria Teresa da
Sicília.
Pedro e
Leopoldina casaram-se por procuração no
dia 13 de maio de 1817, com ela
assumindo o nome de Maria Leopoldina.
Esta chegou ao Rio de Janeiro em 5 de
novembro, imediatamente se apaixonando
pelo marido, que era muito mais charmoso
e atraente do que fora levada a esperar.
Após "anos sob o sol tropical, sua pele
ainda era clara, suas bochechas
rosadas". Pedro, então com dezenove
anos, era bonito e um pouco mais alto do
que a média, possuindo olhos negros e um
cabelo castanho escuro. "Sua boa
aparência", segundo o historiador Neill
Macaulay, "devia-se muito ao seu porte,
orgulhoso e ereto mesmo em tenra idade,
e sua preparação, que foi impecável.
Habitualmente arrumado e limpo, ele
havia pego o costume brasileiro de tomar
banho frequentemente". A missa nupcial
ocorreu no dia seguinte, com a
ratificação dos votos feitos
anteriormente por procuração. O casal
teve sete filhos: D. Maria, D. Miguel,
D. João Carlos, D. Januária, D. Paula,
D. Francisca e D. Pedro.
Independência
do Brasil
Revolução Liberal do
Porto
Chegaram no
Brasil em 17 de outubro de 1820 notícias
de que guarnições militares em Portugal
haviam se amotinado, levando a que
posteriormente ficaria conhecida como a
Revolução Liberal do Porto de 1820. Os
militares formaram um governo provisório
e suplantaram a regência que João havia
nomeado, convocando as Cortes, o
parlamento centenário português, desta
vez democraticamente eleito e com o
objetivo de criar uma constituição
nacional.
|
Pedro
faz um juramento de lealdade à
constituição portuguesa em nome
de seu pai no dia 26 de
fevereiro de 1821. Ele pode ser
visto na varanda do Paço
Imperial levantando seu chapéu. |
Pedro ficou surpreso quando seu pai não
apenas lhe pediu conselhos, mas também
decidiu enviá-lo de volta para Portugal
para governar como regente em seu nome e
tentar aplacar os revolucionários.
O príncipe nunca havia sido educado para
governar e anteriormente jamais recebeu
permissão para participar dos assuntos
de estado. O papel que seria seu direito
de nascimento era na verdade exercido
por sua irmã mais velha Maria Teresa;
João confiava nela para conselhos e
inclusive lhe fez uma membro do Conselho
de Estado.
Pedro era visto com suspeitas por João e
pelos conselheiros mais próximos do rei,
todos os quais apegavam-se aos
princípios de uma monarquia absolutista.
Em contraste, o príncipe era bem
conhecido como um grande defensor dos
ideais do liberalismo e de uma monarquia
constitucional representativa. Ele havia
lido os trabalhos de Voltaire, Benjamin
Constant, Gaetano Filangieri e Edmund
Burke.
Até mesmo sua esposa Maria Leopoldina
comentou que "Meu esposo, Deus nos
ajude, ama as novas ideias". João adiou
o máximo possível a partida de Pedro,
temendo que o filho fosse aclamado rei
pelos revolucionários assim que chegasse
em Portugal.
Tropas portuguesas no Rio de Janeiro se
amotinaram em 26 de fevereiro de 1821.
João e seu governo não realizaram
quaisquer ações contra as unidades
revoltosas. Pedro decidiu agir por conta
própria e foi se encontrar com os
rebeldes, negociando com eles e
convencendo seu pai a aceitar as
demandas, que incluíam a nomeação de um
novo gabinete e a realização de um
juramento de obediência para a futura
constituição portuguesa.
Os eleitores da
paróquia do Rio de Janeiro
encontraram-se em 21 de abril para
eleger seus representantes nas Cortes.
Um pequeno grupo de agitadores invadiu o
encontro e formaram um governo
revolucionário. João e seus ministros
novamente permaneceram passivos, com o
rei estando prestes a aceitar as
exigências dos revolucionários quando
Pedro tomou iniciativa e enviou tropas
do exército para restabelecer a ordem.
João e sua
família finalmente cederam sob a pressão
das Cortes e partiram de volta para
Portugal em 26 de abril, deixando Pedro
e Maria Leopoldina no Brasil. Dois dias
antes, o rei avisou o filho: "Pedro, se
o Brasil for se separar de Portugal,
antes seja para ti, que me hás de
respeitar, do que para algum desses
aventureiros".
"Independência ou
morte"
|
Pedro
em agosto de 1822, por Simplício
Rodrigues de Sá. |
Pedro foi nomeado como regente do
Brasil, desde o início promulgando
decretos que garantiam os direitos
pessoais e de propriedade. Ele também
reduziu impostos e gastos
governamentais. Até mesmo os
revolucionários presos no incidente de
abril acabaram sendo libertados.
Tropas
portuguesas sob o comando do
tenente-general Jorge de Avilez Zuzarte
de Sousa Tavares amotinaram-se em 5 de
junho de 1821, exigindo que Pedro
fizesse um juramento para manter a
constituição portuguesa após ela ser
colocada em efeito. O príncipe foi
intervir sozinho com os rebeldes. O
regente negociou calma e engenhosamente,
ganhando o respeito das tropas e sendo
bem sucedido em reduzir o impacto das
exigências mais inaceitáveis.
O motim era um
golpe de estado militar mal disfarçado
que tentava transformar Pedro em uma
mera figura decorativa e transferir o
poder para Avilez. O príncipe acabou
aceitando um resultado desfavorável,
porém também avisou que seria a última
vez que cederia sob pressão.
A crise alcançou um ponto sem volta
quando as Cortes dissolveram o governo
central no Rio de Janeiro e ordenaram o
retorno de Pedro. Os brasileiros viram
essa ação como uma tentativa de
novamente subordinar seu país ao domínio
português, já que o Brasil fora elevado
a reino em 1815. O príncipe recebeu uma
petição em 9 de janeiro de 1822 contendo
oito mil assinaturas que imploravam para
que não partisse. Pedro respondeu
afirmando que "Se é para o bem de todos
e felicidade geral da Nação, estou
pronto. Digam ao povo que fico!"; este
evento ficou conhecido como o Dia do
Fico.
Avilez se amotinou novamente para tentar
forçar o retorno do regente para
Portugal. Desta vez o príncipe
contra-atacou, reunindo as tropas
brasileiras (que não haviam juntado-se
aos portugueses nos motins anteriores),
unidades milicianas e civis armados.
Avilez ficou em inferioridade numérica e
foi expulso do Brasil junto com suas
tropas.
Pedro tentou manter pelos meses
seguintes alguma aparência de unidade
com Portugal, porém a ruptura final era
iminente. Procurou apoio fora do Rio de
Janeiro com o auxílio de seu ministro
José Bonifácio de Andrada e Silva. O
príncipe viajou para a província de
Minas Gerais em abril e depois para São
Paulo em agosto. Foi bem recebido nas
duas províncias e as visitas reforçaram
sua autoridade.
Enquanto voltava de
São Paulo, Pedro recebeu no dia 7 de
setembro as notícias de que as Cortes
não aceitariam a autorregulamentação no
Brasil e puniriam todos que
desobedecessem suas ordens.
"Nunca alguém que
evitava a ação mais dramática sobre o
impulso imediato", como escreveu Berman
sobre o príncipe, ele "não precisou de
mais tempo para decisão além do que ler
as cartas exigiam". Pedro montou sua
égua e disse para os presentes: "Amigos,
as Cortes Portuguesas querem
escravizar-nos e perseguir-nos.
A partir de
hoje as nossas relações estão quebradas.
Nenhum vínculo unir-nos mais [...] Para
o meu sangue, minha honra, meu Deus, eu
juro dar ao Brasil a liberdade.
Brasileiros, que nossa palavra de ordem
seja a partir de hoje 'Independência ou
morte!'
Imperador constitucional
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Pedro em 1823, por Jean-Baptiste
Debret. |
O príncipe foi
aclamado em 12 de outubro como Imperador
D. Pedro I, o dia de seu aniversário de
24 anos e também a data oficial da
fundação do Império do Brasil. Ele foi
coroado em 1 de dezembro. Sua ascensão
não se estendeu imediatamente por todos
os territórios brasileiros e Pedro teve
que forçar a submissão de várias
províncias nas regiões sudoeste,
nordeste e norte, com as últimas
unidades ainda leais a Portugal se
rendendo apenas no começo de 1824.
Enquanto isso a
relação de Pedro e José Bonifácio se
deteriorou. A situação chegou ao ápice
quando o imperador dispensou o ministro
sob os motivos de conduta inapropriada.
José Bonifácio tinha usado sua posição
para assediar, perseguir, prender e até
mesmo exilar seus inimigos políticos.
Por meses os inimigos do ministro tinham
trabalhado para ganhar o favor do
imperador.
Esses haviam conferido a Pedro em 13 de
maio de 1822 enquanto ainda era regente
o título de "Defensor Perpétuo do
Brasil", também lhe introduzindo à
Maçonaria em 2 de agosto e
posteriormente o fazendo grão-mestre em
7 de outubro no lugar do próprio José
Bonifácio.
A crise entre
monarca e seu antigo ministro afetou
imediatamente a Assembleia Geral
Nacional Constituinte, que havia sido
eleita com o objetivo de criar uma
constituição para o país recém criado.
José Bonifácio, como membro da
assembleia constituinte, havia recorrido
a demagogia e alegou a existência de uma
grande conspiração portuguesa contra os
interesses brasileiros; ele chegou até
mesmo a insinuar que Pedro, nascido
português, também estava implicado. O
imperador ficou ultrajado pela invetiva
direcionada aos leais cidadãos que eram
de nascimento português, além das
insinuações que o próprio estava
conflituoso sobre sua lealdade ao
Brasil. Pedro ordenou em 12 de novembro
de 1823 a dissolução da assembleia
constituinte e convocou novas eleições.
No dia seguinte encarregou o recém
estabelecido Conselho de Estado de
elaborar um rascunho constitucional. As
cópias do documento resultante foram
enviadas para todos os concelhos
municipais, com a enorme maioria votando
a favor de sua adoção instantânea como a
Constituição do Império.
A constituição foi outorgada por Pedro
em 25 de março de 1824, criando um
Estado altamente centralizado. Como
resultado, elementos rebeldes da
província de Pernambuco tentaram se
separar do Brasil e uniram-se aos
insurgentes das províncias da Paraíba e
do Ceará no que ficou conhecida como a
Confederação do Equador.
O imperador tentou
sem sucesso impedir o derramamento de
sangue ao oferecer-se para aplacar os
revoltosos. Ele furioso falou que "O que
estavam a exigir os insultos de
Pernambuco? Certamente um castigo, e um
castigo tal que se sirva de exemplo para
o futuro".
Pedro pediu empréstimos ao Reino Unido
para contratar mercenários e as tropas
seguiram para o Recife sob o comando de
Thomas Cochrane. Os rebeldes, que nunca
conseguiram assegurar seu controle das
províncias, foram subjugados, e as
rebeliões já tinha acabado por volta do
final de 1824.
Dezesseis
revoltosos foram julgados e executados,
enquanto os outros foram perdoados pelo
imperador.Além disso, Pedro ordenou que
Pernambuco perdesse parte de seu
território, que inicialmente foi cedido
para Minas Gerais e depois para a Bahia.
Crise Sucessão portuguesa
|
Pedro
em março de 1826, por Antônio
Joaquim Franco Velasco. |
Portugal acabou assinando um tratado
com o Brasil em 29 de agosto de 1825
após longas negociações, por fim
reconhecendo a independência do segundo.
Exceto pelo reconhecimento da
independência, as provisões do tratado
foram às custas do Brasil, incluindo a
exigência do pagamento de reparações
financeiras a Portugal, com nenhum outro
requerimento ficando por parte da antiga
metrópole. A compensação deveria ser
paga a todos os cidadãos portugueses
residentes no Brasil pelas perdas que
tinham passado, como por exemplo
propriedades que foram confiscadas. João
também recebeu o direito de se intitular
Imperador do Brasil. Mais humilhante foi
que o tratado implicava que a
independência havia sido concedida como
um ato beneficente do rei português, ao
invés de ter sido compelida pelos
brasileiros através da força bruta.
Pior ainda, o Reino Unido foi
recompensado por seu papel no avanço das
negociações ao assinar um tratado
separado em que seus favoráveis direitos
comerciais foram renovados, além da
assinatura de uma convenção em que o
Brasil concordava em abolir o comércio
de escravos com a África dentro de
quatro anos. Ambos os acordos
prejudicaram seriamente os interesses
comerciais brasileiros. Pedro recebeu
alguns meses depois a notícia de que seu
pai havia morrido em 10 de março de
1826, e que sendo assim havia sucedido
João no trono de Portugal como Rei D.
Pedro IV.
O imperador rapidamente abdicou da coroa
portuguesa em 2 de maio por saber que
uma união pessoal entre o Brasil e
Portugal seria inaceitável para os povos
de ambas as nações, passando o trono
para sua filha mais velha que se tornou
a Rainha D. Maria II. Sua abdicação foi
condicional: Portugal deveria aceitar
uma constituição elaborada por ele e
Maria casaria-se com seu irmão Miguel.
Pedro continuou a agir como rei ausente
mesmo com a abdicação e intercedeu em
assuntos diplomáticos e internos, como a
realização de nomeações. Para o monarca
foi no mínimo difícil manter separadas
sua posição de imperador brasileiro e
suas obrigações de proteger os
interesses de sua filha em Portugal.
Miguel fingiu aceitar os planos do
irmão. O infante anulou a constituição
com o apoio de Carlota Joaquina logo que
foi nomeado regente da sobrinha no
início de 1828, sendo aclamado como rei
com o suporte dos portugueses que eram a
favor do absolutismo. Além da dolorosa
traição de seu amado irmão, Pedro também
teve que suportar a deserção de suas
irmãs Maria Teresa, Maria Francisca,
Isabel Maria e Maria da Assunção todas
para a facção de Miguel.
Apenas sua
irmã caçula Ana de Jesus permaneceu
fiel, posteriormente viajando para o Rio
de Janeiro a fim de ficar perto de
Pedro. O imperador ficou consumido pelo
ódio e começou a acreditar nos rumores
que Miguel havia matado João, virando
seu foco para Portugal e tentando em vão
conseguir apoio internacional pelos
direitos de Maria.
Guerra e
viuvez
|
Celebrações na Praça São
Francisco de Paula no Rio de
Janeiro pela volta de Pedro da
Bahia, 4 de abril de 1826. |
Um pequeno
grupo de rebeldes com o apoio das
Províncias Unidas do Rio da Prata
declarou em abril de 1825 a
independência da Cisplatina, então a
província mais ao sul do Brasil. O
governo brasileiro inicialmente viu a
tentativa de secessão como um levante
menor. Demorou meses até uma ameaça
maior surgir do envolvimento das
Províncias Unidas, que esperava anexar a
Cisplatina, causando assim preocupações
sérias. O Brasil em retaliação declarou
guerra em dezembro, iniciando a Guerra
da Cisplatina. Pedro viajou em fevereiro
de 1826 para a província da Bahia no
nordeste do país, levando consigo sua
esposa e sua filha Maria. O imperador
foi bem recebido pelos habitantes
locais. A viagem tinha a intenção de
gerar apoio para o esforço de guerra.
O séquito imperial incluía Domitila de
Castro, Viscondessa de Santos (posterior
Marquesa de Santos), que desde o
primeiro encontro dos dois em 1822 havia
sido a amante do imperador.
Apesar de nunca ter
sido fiel a Maria Leopoldina, Pedro
anteriormente tinha tomado o cuidado de
esconder suas escapadas sexuais com
outras mulheres. Porém, sua atração por
sua nova amante "tinha se tornando
flagrante e sem limites", enquanto sua
esposa precisava aguentar desfeitas e
ser o assunto de fofocas. O imperador
cada vez mais passou a ser rude e vil
com Maria Leopoldina, deixando-a com
pouco dinheiro, proibindo-a de deixar o
palácio e forçando-a a aturar a presença
de Domitila como sua dama de companhia.
Enquanto isso, a amante aproveitou a
oportunidade para avançar seus
interesses e também os de sua família e
amigos. Aqueles que desejavam favores ou
a promoção de projetos cada vez mais
ignoravam os canais legais e normais, ao
invés disso procurando Domitila por
ajuda.
Pedro partiu em 24 de novembro de 1826
do Rio de Janeiro para a cidade de São
José na província de Santa Catarina. De
lá foi para Porto Alegre, capital da
província de São Pedro do Rio Grande do
Sul, onde o exército principal estava
esperando. O imperador chegou em 7 de
dezembro e descobriu que as condições
militares eram muito piores do que os
relatórios anteriores haviam lhe feito
esperar.
Ele "agiu com sua energia costumeira:
passou uma afobação de ordens, demitiu
supostos enxertadores e incompetentes,
fraternizou com as tropas e de forma
geral sacudiu a administração militar e
civil". Pedro já estava voltando para o
Rio de Janeiro quando soube que Maria
Leopoldina tinha morrido após um aborto.
Rumores sem
fundamento logo se espalharam dizendo
que a imperatriz havia sido fisicamente
maltratada pelo marido. Enquanto isso a
guerra continuou sem conclusão e Pedro
acabou cedendo a Cisplatina em agosto de
1828, com a província tornando-se o país
independente do Uruguai.
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O
casamento de Pedro e Amélia. Ao
lado do imperador estão seus
filhos do primeiro casamento:
Pedro, Januária, Paula e
Francisca. |
Segundo
casamento
Pedro percebeu depois
da morte da esposa como a havia tratado
miseravelmente, com sua relação com
Domitila começando a ruir.
Diferentemente da amante, Maria
Leopoldina era popular, honesta e amava
o marido sem esperar nada em troca. O
imperador passou a sentir muitas
saudades dela, nem mesmo sua obsessão
por Domitila conseguindo fazê-lo superar
seu sentimento de perda e
arrependimento. Um dia a amante o
encontrou chorando no chão abraçado a um
retrato de Maria Leopoldina, cujo
fantasma infeliz Pedro afirmou ter
visto.
Posteriormente o
imperador deixou a cama que estava com
Domitila e gritou: "Larga-me! Sei que
levo vida indigna de um soberano. O
pensamento da Imperatriz não me deixa".
Ele não esqueceu de seus filhos, que
ficaram órfãos de mãe, sendo observado
em mais de uma ocasião segurando seu
filho Pedro em seus braços e dizendo:
"Pobre menino, és o príncipe mais
infeliz do mundo".
Domitila acabou
deixando o Rio de Janeiro em 27 de junho
de 1828 após insistências do imperador.
Pedro havia decidido casar-se novamente
e tornar-se uma pessoa melhor. Ele
tentou convencer seu sogro Francisco I
de sua sinceridade, afirmando em uma
carta "que toda minha perversidade
acabou, que não hei de novamente cair
nos erros em que já caí, que
arrependo-me e pedi a Deus por perdão".
Francisco não se convenceu, tendo ficado
profundamente ofendido pela conduta que
sua filha tinha passado, retirando seu
apoio às preocupações brasileiras e
frustrando os interesses portugueses de
Pedro. Princesas de várias nações
recusaram propostas de casamento uma
depois da outra devido a má reputação do
imperador pela Europa. Seu orgulho ficou
muito ferido e ele acabou permitindo a
volta de Domitila, que chegou na capital
em 29 de abril de 1829 após quase um ano
longe.
Entretanto, Pedro
encerrou definitivamente sua relação com
Domitila ao saber que um noivado tinha
finalmente sido arranjado. Ela voltou em
27 de agosto a viver em sua província
natal de São Paulo, onde permaneceu pelo
resto da vida. Dias antes em 2 de
agosto, Pedro havia se casado por
procuração com a princesa Amélia de
Leuchtenberg, filha Eugênio de
Beauharnais, Duque de Leuchtenberg, e da
princesa Augusta da Baviera.
O
imperador ficou impressionado por sua
beleza ao conhecê-la pessoalmente. Os
votos realizados por procuração foram
ratificados em 17 de outubro em uma
missa nupcial. Amélia era bondosa e
amorosa com os filhos dele e
providenciou um necessitado sentimento
de normalidade tanto para a família
imperial quanto para o público em geral.
A promessa de Pedro
feita após o banimento de Domitila para
alterar seu comportamento acabou
mostrando-se sincera. Ele nunca mais
teve quaisquer casos e manteve-se fiel à
nova esposa. Pedro também fez as pazes
com José Bonifácio, seu antigo ministro
e mentor, em uma tentativa de mitigar e
superar seus desentendimentos do
passado.
Entre Brasil e Portugal
|
Pedro em 1830 por Henri
Grevedon. |
Entre Brasil e Portugal
Crises sem fim
Desde os dias da assembleia constituinte
de 1823 e depois com vigor renovado a
partir de 1826 com a abertura do
parlamento brasileiro, houve uma disputa
ideológica sobre o equilíbrio dos
poderes mantidos pelo imperador e pela
legislatura no governo. De um lado
estavam aqueles que compartilhavam as
visões de Pedro, políticos que
acreditavam que o monarca deveria ser
livre para escolher os ministros,
políticas nacionais e a direção
governamental. Em oposição estavam
aqueles, então conhecidos como o Partido
Liberal, que defendiam que os gabinetes
deveriam manter o poder para estabelecer
o curso de governo e que seriam formados
por deputados tirados do partido da
maioria respondendo ao parlamento por
suas ações. Estritamente falando, ambos
os lados defendiam o liberalismo e dessa
forma uma monarquia constitucional.
Pedro respeitava a constituição apesar
de suas falhas como governante: ele
nunca interferiu nas eleições ou
participou de fraudes eleitorais,
recusou-se a assinar atos ratificados
pelo governo ou impor restrições na
liberdade de expressão.
O imperador também
nunca dissolveu a Câmara dos Deputados
ou convocou novas eleições quando esta
discordava de seus objetivos ou adiava
suas sessões, mesmo isso estando dentro
de suas prerrogativas. Jornais e
panfletos liberais usaram o nascimento
português de Pedro no apoio a acusações
válidas (como por exemplo que boa parte
de sua energia era dedicada a assuntos
relacionados a Portugal) e também falsas
(que ele estava envolvido em
conspirações para suprimir a
constituição e reunificar o Brasil e
Portugal). Os amigos portugueses do
imperador que faziam parte da corte,
incluindo Francisco Gomes da Silva que
foi apelidado de "Chalaça", eram para os
Liberais parte desses complôs e formavam
um "gabinete secreto".
Nenhuma dessas
figuras mostrava interesse em tais
questões e, seja quais foram os
interesses que podem ter compartilhado,
não havia nenhuma conspiração para
anular a constituição ou levar o Brasil
de volta ao controle português.
Outra fonte de críticas por parte dos
Liberais eram as visões abolicionistas
de Pedro. O imperador tinha concebido um
processo gradual para eliminar a
escravidão no país.
Entretanto, o poder constitucional para
promulgar legislações estava nas mãos do
parlamento, que era dominado por donos
de terras escravagistas e que assim
poderiam frustrar quaisquer tentativas
de abolição. Pedro optou por tentar a
persuasão através do exemplo moral,
estabelecendo sua Fazenda Santa Cruz
como um modelo ao conceder terras aos
seus escravos libertos.
O monarca também
tinha outras ideias avançadas. Quando
declarou sua intenção de permanecer no
Brasil no Dia do Fico, a população
tentou lhe conceder a honra de
desatrelar os cavalos e eles mesmos
puxarem sua carruagem, porém o então
príncipe recusou.
Sua resposta foi ao
mesmo tempo uma condenação do direito
divino dos reis, da suposta
superioridade de sangue da nobreza e do
racismo: "Ofende-me ver os meus
semelhantes dando ao homem tributos
apropriados à divindade. Eu sei que o
meu sangue é da mesma cor que o dos
negros".
|
Carta
de abdicação de Pedro. |
Abdicação
Os
esforços do imperador para apaziguar os
Liberais resultaram em mudanças
importantes. Pedro apoiou um 1827 uma
lei estabelecendo responsabilidade
ministerial. Um gabinete nomeado em 19
de março de 1831 era formado por
políticos da oposição, permitindo que o
parlamento tivesse um papel maior no
governo.
Por fim, ofereceu
posições na Europa para Francisco Gomes
e outro amigo português a fim de acabar
com os rumores de um "gabinete secreto".
Para seu desalento, as medidas
paliativas não pararam os contínuos
ataques dos Liberais sobre seu governo e
nascimento estrangeiro. Pedro ficou
indisposto a lidar com a deteriorante
situação política por estar frustrado
com a intransigência.
Enquanto
isso, exilados portugueses fizeram
campanha para que ele abrisse mão do
Brasil e dedicasse suas energias à luta
pela coroa da filha. De acordo com
Barman, "[em] uma emergência as
habilidades do Imperador resplandeciam –
ficava com nervos calmos, engenhoso e
firme na ação. A vida como monarca
constitucional, cheia de tédio, cuidado
e conciliação, ia de encontro à essência
de sua personalidade".
Por outro
lado, o historiador salientou que Pedro
"encontrava no caso de sua filha tudo
que mais apelava a sua personalidade. Ao
ir para Portugal ele poderia defender os
oprimidos, mostrar seu cavalheirismo e
abnegação, manter o governo
constitucional e gozar da liberdade de
ação que desejava".
A ideia de
abdicar do trono brasileiro e voltar
para Portugal começou a tomar sua mente
e, a partir de 1829, Pedro falava a
respeito frequentemente. Uma
oportunidade logo apareceu para agir
sobre esse noção: radicais dentro do
Partido Liberal reuniram gangues de rua
para assediar a comunidade portuguesa
vivendo no Rio de Janeiro. Em 11 de
março de 1831, naquilo que ficou
conhecido como a Noite das Garrafadas,
os portugueses retaliaram e o tumulto
tomou as ruas da capital nacional. Pedro
dispensou o gabinete Liberal em 5 de
abril, que estava no poder apenas desde
19 de março, por motivos de
incompetência ao restaurar a ordem.
Uma grande multidão incitada pelos
radicais se reuniram no centro do Rio de
Janeiro na tarde do dia 6 de abril,
exigindo a imediata restauração do
antigo gabinete. Pedro respondeu
afirmando que "Tudo farei para o povo;
nada, porém, pelo povo".
Tropas
do exército, incluindo sua guarda
pessoal, desertaram após o anoitecer e
se juntaram aos protestos. Foi apenas
nesse momento que Pedro percebeu o
quanto tinha ficado isolado e separado
dos assuntos brasileiros, surpreendendo
todos ao abdicar do trono à
aproximadamente 3h00min da madrugada de
7 de abril. Ele entregou o documento da
abdicação a um mensageiro e afirmou:
"Aqui está a minha abdicação; desejo que
sejam felizes! Retiro-me para a Europa e
deixo um país que amei e que ainda amo".
|
Palavras - consternado,
estarreceu |
Retorno à Europa
Guerra civil
Ver artigo
principal: Guerra Civil PortuguesaPedro,
Amélia e outros embarcaram na fragata
britânica HMS Warspite na manhã do dia 7
de abril. A embarcação permaneceu
ancorada no Rio de Janeiro e o antigo
imperador foi transferido para o HMS
Volage em 13 de abril, partindo no mesmo
dia para a Europa. Ele chegou em
Cherbourg-Octeville, França, em 10 de
junho. Pelos meses seguintes ficou indo
e voltando entre a França e Reino Unido.
Pedro foi bem recebido, porém não
recebeu nenhum apoio de ambos os
governos.
Encontrando-se em uma
situação embaraçosa por não ter nenhuma
posição oficial tanto na casa imperial
brasileira quanto na casa real
portuguesa, ele assumiu em 15 de junho o
título de Duque de Bragança, que
anteriormente já tinha mantido como
herdeiro de Portugal. Apesar de que
título deveria pertencer ao herdeiro de
Maria, algo que Pedro certamente não
era, sua reivindicação foi reconhecida
de forma geral. Sua única filha com
Amélia, a princesa D. Maria Amélia,
nasceu em 1 de dezembro em Paris.
Pedro não esqueceu de seus outros
filhos e escreveu cartas comoventes para
cada um deles, expressando o quanto
sentia saudades e pedindo repetidas
vezes para que levassem a sério suas
educações. Ele disse a seu filho e
sucessor pouco depois de sua abdicação:
"Tenho a intenção que eu e o mano Miguel
havemos de ser os últimos malcriados da
família Bragança".
Charles John
Napier, um comandante naval britânico
que lutou com Pedro na década de 1830,
comentou que "suas boas qualidades eram
próprias; as ruins devido à falta de
educação; e nenhum homem era mais
sensível a isso do que o próprio". Suas
cartas para Pedro II frequentemente
continham linguajar muito além do nível
de leitura do menino, com historiadores
presumindo que tais passagens tinham a
intenção de servirem como conselhos que
o jovem monarca eventualmente pudesse
consultar ao alcançar a idade adulta.
Em Paris, Pedro acabou conhecendo e
ficando amigo de Gilbert du Motier,
Marquês de La Fayette, um veterano da
Guerra da Independência dos Estados
Unidos e da Revolução Francesa que se
tornou um de seus maiores apoiadores.
O duque despediu-se em 25 de
janeiro de 1832 de sua família, La
Fayette e mais de duzentas pessoas que
haviam ido lhe desejar boa sorte. Ele
ajoelhou-se diante de Maria e disse:
"Minha senhora, aqui estás um general
português que irá manter os seus
direitos e restaurar sua coroa". Sua
filha o abraçou em seguida em lágrimas.
Pedro partiu para o arquipélago
atlântico dos Açores, o único território
português que permanecera leal a Maria.
Ele passou alguns meses realizando
preparações finais e por fim partiu para
Portugal continental, entrando na cidade
do Porto sem oposição no dia 9 de julho.
Pedro estava na liderança de uma
pequena força portuguesa composta por
liberais como Almeida Garrett e
Alexandre Herculano, além de mercenários
estrangeiros e voluntários como o neto
de La Fayette, Adrien Jules de
Lasteyrie.
Morte
|
Pedro
em seu leito de morte em 1834,
por José Joaquim Rodrigues
Primavera. |
O exército de Pedro
estava em grande inferioridade numérica
e foi cercado pelos liberais no Porto
por mais de um ano. Foi nesta situação
que no começo de 1833 que recebeu as
notícias de que sua filha Paula estava
para morrer. Meses depois em setembro
Pedro se encontrou com Antônio Carlos de
Andrada, um dos irmãos de José
Bonifácio.
Como um representante
do chamado Partido Restaurador, Antônio
Carlos pediu para o duque retornar ao
Brasil e governar seu antigo império
como regente durante a minoridade do
filho. Pedro percebeu que os
Restauracionistas queriam usá-lo como
uma ferramenta a fim de facilitar sua
chegada ao poder, frustrando Antônio
Carlos ao fazer as exigências mais
impossíveis para ver se o povo
brasileiro também queria sua volta, não
apenas uma facção política. Ele também
insistiu que quaisquer pedidos de
retorno como regente fossem
constitucionalmente válidos.
A
vontade do povo teria de ser transmitida
através de seus representantes locais e
sua nomeação precisaria ser aprovada
pelo parlamento. Apenas assim, e "sob a
apresentação de uma petição a ele em
Portugal por uma delegação oficial do
parlamento brasileiro", Pedro
consideraria aceitar o pedido.
Durante a guerra contra Miguel, Pedro
montou canhões, cavou trincheiras,
cuidou de feridos, comeu dentre os
soldados mais baixos e lutou sob fogo
pesado enquanto homens ao seu lado eram
alvejados ou explodidos.
Sua
causa estava quase perdida até ele tomar
a arriscada atitude de dividir suas
forças e enviar uma parte para lançar um
ataque anfíbio no sul de Portugal. A
região de Algarve caiu diante da
expedição, que então marchou direto para
Lisboa e capturou a capital em 24 de
julho.
Pedro então seguiu para
subjugar o restante do país, porém bem
quando o conflito parecia estar
direcionando-se para sua conclusão,
interveio seu tio espanhol o infante
Carlos, Conde de Molina e que estava
tentando tomar a coroa de sua sobrinha a
rainha Isabel II. Essa guerra maior
englobou toda a península Ibérica e o
duque aliou-se com os exércitos
espanhóis liberais leais à rainha,
derrotando tanto Miguel quanto Carlos.
Um tratado de paz foi assinado em 26 de
maio de 1834.
Pedro sempre gozou
de saúde forte durante toda sua vida,
exceto por surtos de epilepsia a cada
alguns anos. Porém a guerra minou sua
constituição e por volta de 1834 ele
estava sofrendo de tuberculose.
Em 10 de setembro Pedro ficou de cama no
Palácio Real de Queluz e ditou uma carta
aberta aos brasileiros em que implorava
a adoção da gradual abolição da
escravidão: "Escravidão é um mal, e um
ataque contra os direitos e dignidade da
espécie humana, porém suas consequências
são menos prejudiciais para aqueles que
sofrem no cativeiro do que para a Nação
cujas leis permitem a escravidão. Ela é
um câncer que devora a moralidade".
Pedro morreu às 14h30min do dia 24
de setembro de 1834 após uma longa e
dolorosa doença. Conforme seu pedido,
seu coração foi colocado na Igreja da
Lapa no Porto, enquanto seu corpo foi
inicialmente enterrado no Panteão da
Dinastia de Bragança na Igreja de São
Vicente de Fora, Lisboa.
As
notícias de sua morte chegaram no Rio de
Janeiro em 20 de novembro, porém seus
filhos foram informados apenas em 2 de
dezembro. José Bonifácio, que havia sido
removido de sua posição de guardião,
escreveu a Pedro II e suas irmãs: "Dom
Pedro não morreu. Apenas homens
ordinários morrem, heróis não".
|
Monumento à Independência do
Brasil, onde Pedro e suas duas
esposas estão enterrados. |
O
então poderoso Partido Restaurador
desapareceu instantaneamente com a morte
de Pedro. Um julgamento justo do antigo
monarca tornou-se possível assim que a
ameaça de seu retorno ao poder sumiu.
Evaristo da Veiga, um de seus piores
críticos e também um dos líderes do
Partido Liberal, deixou uma declaração
que, de acordo com o historiador Otávio
Tarquínio de Sousa, acabou ficando como
a visão prevalecente: "o antigo
imperador do Brasil não era um príncipe
ordinário [...] e a Providência lhe fez
um poderoso instrumento da libertação,
tanto no Brasil e em Portugal. Se nós
[brasileiros] existimos como um corpo em
uma Nação livre, se nossa terra não foi
rasgada em pequenas repúblicas inimigas,
onde apenas anarquia e espírito militar
prevalecem, nós devemos muito à
resolução que ele tomou em ficar entre
nós, em realizar o primeiro grito por
nossa independência. [...] Portugal, se
fez-se livre da mais escura e degradante
tirania [...] se goza dos benefícios
trazidos por um governo representativo
aos povos educados, ela deve a D. Pedro
de Alcântara, cujas fatigas, sofrimentos
e sacrifícios pela causa portuguesa lhe
deram em alto grau o tributo da
gratitude nacional".
John
Armitage, que viveu no Brasil durante a
segunda metade do reinado de Pedro,
comentou que "até mesmo os erros do
Monarca foram atendidos com grande
benefício através de sua influência nos
assuntos da pátria mãe. Caso tivesse
governado com mais sabedoria, teria sido
bem para a terra de sua adoção, porém,
talvez, infeliz para a humanidade".
Armitage complementou que assim como
"o falecido Imperador dos Franceses,
[Pedro] também foi uma criança do
destino, ou ainda, um instrumento nas
mãos da beneficente Providência para o
adiantamento de fins grandes e
inescrutáveis. Tanto no velho quanto no
novo mundo ele doravante estava
predestinado a tornar-se um instrumento
de mais revoluções, e antes do fim da
sua carreira brilhante, mas efémera, na
terra de seus pais, para reparar
amplamente pelos erros e loucuras de sua
vida anterior, por sua devoção
cavalheiresca e heroica na causa da
liberdade civil e religiosa".
Em
1972, aniversário de 150 anos da
independência, o corpo de Pedro foi
levado para o Brasil – conforme havia
pedido em seu testamento – acompanhado
de grande pompa e honras dignas de um
chefe de estado. Seus restos foram
reenterrados no Monumento à
Independência do Brasil na cidade de São
Paulo, junto com os de Maria Leopoldina
e Amélia. Os três corpos foram
brevemente exumados em 2012 para que
examinações e pesquisas arqueológicas e
científicas fossem realizadas a fim de
descobrir-se mais a respeito do
imperador e as duas imperatrizes.
O historiador Neill Macaulay afirmou
que "críticas a Dom Pedro eram
livremente expressadas e muitas vezes
veementes; isso o fez abdicar de dois
tronos. Sua tolerância às críticas
públicas e disposição a abrir mão do
poder separaram Dom Pedro de seus
predecessores absolutistas e dos
governantes dos estados coercivos de
hoje, cujos mandatos vitalícios são tão
seguros quanto dos reis de antigamente".
Macaulay também afirmou que
"líderes liberais bem sucedidos como Dom
Pedro são homenageados ocasionalmente
com um monumento de pedra ou bronze,
porém seus retratos, de quatro andares
de altura, não moldam prédios públicos;
suas imagens não são levadas em
passeatas de centenas de milhares de
manifestantes uniformizados; nenhum
"-ismo" é anexado aos seus nomes".
Legado
|
Monograma imperial de Pedro. |
Títulos e honras
Títulos e estilos
12 de outubro de 1798 – 11 de junho
de 1801: "Sua Alteza, o Sereníssimo
Infante D. Pedro, Grão Prior de Crato"11
de junho de 1801 – 20 de março de 1816:
"Sua Alteza Real, o Príncipe da Beira"20
de março de 1816 – 9 de janeiro de 1817:
"Sua Alteza Real, o Príncipe do Brasil"9
de janeiro de 1817 – 10 de março de
1826: "Sua Alteza Real, o Príncipe
Real"12 de outubro de 1822 – 7 de abril
de 1831: "Sua Majestade Imperial, o
Imperador"10 de março de 1826 – 2 de
maio de 1826: "Sua Majestade, o Rei"15
de junho de 1831 – 24 de setembro de
1834: "Sua Alteza Imperial, o Duque de
Bragança" No Brasil, seu título e estilo
completo era: "Sua Majestade Imperial,
D. Pedro I, Imperador Constitucional e
Defensor Perpétuo do Brasil". Já em
Portugal, como rei era: "Sua Majestade
Fidelíssima, D. Pedro IV, Rei de
Portugal e Algarves, d'Aquém e
d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e
da Conquista, Navegação e Comércio da
Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc."
Honras Brasileiras
Grão-Mestre da Imperial Ordem de São
Bento de Avis Grão-Mestre da Imperial
Ordem de Sant'Iago da Espada Grão-Mestre
da Imperial Ordem do Cruzeiro do Sul
Grão-Mestre da Imperial Ordem de Pedro
PrimeiroGrão-Mestre da Imperial Ordem da
RosaPortuguesas: Grão-Mestre da Ordem
de São Bento de Avis Grão-Mestre da
Ordem Militar de Sant'Iago da Espada
Grão-Mestre da Ordem Militar da Torre e
Espada, do Valor, Lealdade e Mérito
Grão-Mestre da Real Ordem de Nossa
Senhora da Conceição de Vila Viçosa
Estrangeiras:
Cavaleiro da Ordem
do Tosão de Ouro Grã-Cruz da Ordem de
Carlos III Cavaleiro da Ordem de São
Luís Cavaleiro da Ordem de São Miguel
Grã-Cruz da Ordem de Santo Estêvão
Descendência
Titulos e honra
12 de outubro de
1798 – 11 de junho de 1801: "Sua Alteza,
o Sereníssimo Infante D. Pedro, Grão
Prior de Crato"
11 de junho de
1801 – 20 de março de 1816: "Sua Alteza
Real, o Príncipe da Beira" 20 de março
de 1816 – 9 de janeiro de 1817: "Sua
Alteza Real, o Príncipe do Brasil" 9 de
janeiro de 1817 – 10 de março de 1826:
"Sua Alteza Real, o Príncipe Real" 12 de
outubro de 1822 – 7 de abril de 1831:
"Sua Majestade Imperial, o Imperador" 10
de março de 1826 – 2 de maio de 1826:
"Sua Majestade, o Rei" 15 de junho de
1831 – 24 de setembro de 1834: "Sua
Alteza Imperial, o Duque de Bragança"
No Brasil, seu título e estilo
completo era: "Sua Majestade Imperial,
D. Pedro I, Imperador Constitucional e
Defensor Perpétuo do Brasil". Já em
Portugal, como rei era: "Sua Majestade
Fidelíssima, D. Pedro IV, Rei de
Portugal e Algarves, d'Aquém e
d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e
da Conquista, Navegação e Comércio da
Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc."
Honras Brasileiras
Grão-Mestre da Imperial Ordem de São
Bento de AvisGrão-Mestre da Imperial
Ordem de Sant'Iago da EspadaGrão-Mestre
da Imperial Ordem do Cruzeiro do
SulGrão-Mestre da Imperial Ordem de
Pedro PrimeiroGrão-Mestre da Imperial
Ordem da RosaPortuguesas:
Grão-Mestre da
Ordem de São Bento de AvisGrão-Mestre da
Ordem Militar de Sant'Iago da
EspadaGrão-Mestre da Ordem Militar da
Torre e Espada, do Valor, Lealdade e
MéritoGrão-Mestre da Real Ordem de Nossa
Senhora da Conceição de Vila Viçosa
Estrangeiras: Cavaleiro da Ordem do
Tosão de Ouro Grã-Cruz da Ordem de
Carlos III Cavaleiro da Ordem de São
Luís Cavaleiro da Ordem de São Miguel
Grã-Cruz da Ordem de Santo Estêvão
Descendência
Nome |
Retrato |
Vida |
Notas |
Com
Maria Leopoldina da Áustria |
Maria II de Portugal |
|
4 de abril
de 1819 –
15 de
novembro de 1853 |
Rainha
de Portugal de 1826 até sua
morte. Casou-se primeiro com o
príncipe Augusto de Beauharnais,
Duque de Leuchtenberg, porém ele
morreu poucos meses após a
união. Seu segundo marido foi o
príncipe Fernando de
Saxe-Coburgo-Gota, que se tornou
o rei D. Fernando II após o
nascimento do primeiro filho do
casal. Os dois acabariam tendo
onze filhos. Maria foi a
herdeira de seu irmão Pedro II
desde a ascensão deste até sua
exclusão da linha de sucessão
brasileira em 30 de outubro de
1835 pela lei nº 91. |
Miguel, Príncipe da Beira |
|
26 de abril de 1820 |
Príncipe da Beira de seu
nascimento até sua morte |
João Carlos, Príncipe da Beira |
|
6 de março
de 1821 –
4 de
fevereiro de 1822 |
Januária do
Brasil |
|
11 de março
de 1822 – 13 de março de 1901 |
Casou-se com o príncipe Luís
Carlos, Conde de Áquila e filho
do rei Francisco I das Duas
Sicílias. Os dois tiveram quatro
filhos. Foi oficialmente
reconhecida como uma infanta de
Portugal em 4 de junho de 1822,
porém foi posteriormente
excluída da linha de sucessão
portuguesa após a independência
do Brasil. |
Paula do Brasil |
|
17 de
fevereiro de 1823
– 16 de
janeiro de 1833 |
Morreu
aos nove anos de idade,
provavelmente de meningite. Por
ter nascido depois da
independência do Brasil, ela
nunca fez parte da linha de
sucessão portuguesa. |
Francisca do Brasil |
|
2 de agosto
de 1824 –
27 de março
de 1898 |
Casou-se com o príncipe
Francisco de Orleães, Príncipe
de Joinville e filho do rei Luís
Filipe I da França. O casal teve
três filhos. Por ter nascido
depois da independência do
Brasil, ela nunca fez parte da
linha de sucessão portuguesa. |
Pedro II do Brasil |
|
2 de
dezembro de 1825
– 5 de dezembro de 1891 |
Imperador do Brasil de 1831 até
1889. Casou-se com a princesa
Teresa Cristina das Duas
Sicílias, filha do rei Francisco
I das Duas Sicílias. Os dois
tiveram quatro filhos. Por ter
nascido depois da independência
do Brasil, ele nunca fez parte
da linha de sucessão portuguesa. |
Com Amélia de Leuchtenberg |
Maria Amélia do
Brasil |
|
1 de dezembro
de 1831 – 4 de fevereiro de
1853 |
Ela
viveu sua vida inteira na Europa
e nunca visitou o Brasil. Maria
Amélia foi prometida ao
arquiduque Maximiliano da
Áustria, depois imperador
Maximiliano do México, porém ela
morreu antes do noivado
tornar-se oficial. Por ter
nascido anos depois da abdicação
de seu pai ao trono português,
ela nunca fez parte da linha de
sucessão. |
Com Maria Benedita de Castro |
Rodrigo Delfim Pereira |
|
4 de
novembro de 1823
– 31 de
janeiro de 1891 |
Pedro o
reconheceu como seu filho em seu
testamento e lhe deu uma parte
de sua herança. Pereira acabou
se tornando um diplomata
brasileiro e viveu a maior parte
de sua vida na Europa. |
Com Domitila de Castro, Marquesa
de Santos |
Isabel Maria de Alcântara
Brasileira, Duquesa de Goiás |
|
23 de maio
de 1824 –
3 de
novembro de 1898 |
Ela foi
a única filha ilegítima de Pedro
que foi oficialmente
reconhecida. Isabel Maria
recebeu em 24 de maio de 1826 o
título de "Duquesa de Goiás", o
estilo de "Sua Alteza" e o
direito de usar o prefixo
honorífico "Dona". Ela foi a
primeira pessoa a receber um
título de duque no Império do
Brasil Essas honras não lhe
deram a condição de princesa ou
um lugar na linha de sucessão
brasileira. Pedro lhe deu uma
porção de sua herança em seu
testamento. Ela posteriormente
perdeu seu título em 17 de abril
de 1843 ao casar-se com um
estrangeiro, Ernst Fischler von
Treuberg, Conde de Treuberg. |
Pedro de Alcântara Brasileiro |
|
7 de
dezembro de 1825 –
27 de
dezembro de 1825 |
O
imperador aparentemente
considerou lhe dar o título de
"Duque de São Paulo", algo que
nunca aconteceu pela morte
prematura da criança. |
Maria Isabel de Alcântara
Brasileira |
|
13 de
agosto de 1827 –
25 de
outubro de 1828 |
O
imperador considerou lhe dar o
título de "Duquesa do Ceará", o
estilo de "Sua Alteza" e o
prefixo honorífico "Dona". Isso
nunca chegou a acontecer pela
morte prematura da criança.
Mesmo assim, é bem comum
encontrar fontes a chamando de
Duquesa do Ceará, mesmo não
existindo registro oficial de
seu título, algo que também não
é mencionado na papelada
relacionada ao seu funeral. |
Maria Isabel de Alcântara
Bourbon |
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28 de
fevereiro de 1830
– 5 de
setembro de 1896 |
Condessa de Iguaçu por casamento
em 1848 com Pedro Caldeira
Brant, filho de Felisberto
Caldeira Brant, Marquês de
Barbacena. Ela nunca recebeu
títulos de seu pai devido seu
casamento com Amélia.
Entretanto, Pedro a reconheceu
em seu testamento, porém não lhe
deixou herança, apenas pedindo
que sua viúva ajudasse em seu
crescimento e educação |
Com Henriette Josephine Clemence
Saisset |
Pedro de Alcântara Brasileiro |
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28 de
agosto de 1829
– 1902 |
O
imperador o reconheceu como seu
filho em seu testamento e lhe
deu uma parte de sua herança.
Casou-se com Maria Palomares,
com quem teve quatro filhos. Ele
trabalhou em diversos
empreendimentos de negócios nos
Estados Unidos, onde serviu como
agente consular da França por
mais de três décadas. |
Ancestrais
Ancestrais de
Pedro I do Brasil & IV de Portugal
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