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Cabala
Cabala (também Kabbalah, Qabbala, cabbala, cabbalah, kabala,
kabalah, kabbala) é um sistema religioso-filosófico que investiga a natureza
divina. Kabbalah (קבלה QBLH) é uma palavra de origem hebraica que significa
recepção. É a vertente mística do judaísmo.
Origem
A "Cabala" é uma filosofia esotérica que visa conhecer a Deus e o Universo,
sendo afirmado que nos chegou como uma revelação para eleger santos de um
passado remoto, e reservada apenas a alguns privilegiados.
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Formas antigas de misticismo judaico consistiam
inicialmente de doutrina empírica. Mais tarde, sob a influência da
filosofia neoplatônica e neopitagórica, assumiu um carácter
especulativo. Na era medieval desenvolveu-se bastante com o
surgimento do texto místico, Sefer Yetzirah, ou Sheper Bahir que
significa Livro da Luz, do qual há menção antes do século XIII.
Porém o mais antigo monumento literário sobre a Cabala é o Livro da
Formação (Sepher Yetsirah), considerado anterior ao século VI, onde
se defende a idéia de que o mundo é a emanação de Deus.
Transformou-se em objeto de estudo sistemático do
eleito, chamado o "baale ha-kabbalah" (בעלי הקבלה "possuidores ou
mestres da Cabala "). Os estudantes da Cabala tornaram-se mais tarde
conhecidos como maskilim (משכילים "o iniciado"). Do décimo terceiro
século em diante ramificou-se em uma literatura extensiva, ao lado e
frequentemente na oposição ao Talmud. |
Grande parte das formas de Cabala ensinam que cada letra, palavra, número, e
acento da Escritura contêm um sentido escondido e ensina os métodos de
interpretação para verificar esses significados ocultos.
Alguns historiadores de religião afirmam que devemos limitar o uso do termo
Cabala apenas ao sistema místico e religioso que apareceu depois do século
XX e usam outros termos para referir-se aos sistemas esotéricos-místicos
judeus de antes do século XII. Outros estudiosos vêem esta distinção como
sendo arbitrária. Neste ponto de vista, a Cabala do pós século XII é vista
como a fase seguinte numa linha contínua de desenvolvimento que surgiram dos
mesmos elementos e raízes. Desta forma, estes estudiosos sentem que é
apropriado o uso do termo Cabala para referir-se ao misticismo judeu desde o
primeiro século da Era Comum. O Judaismo ortodoxo discorda de ambas as
escolas filosóficas, assim como rejeita a idéia de que a Cabala causou
mudanças ou desenvolvimento histórico significativo.
Desde o final do século XIX, com o crescimento do estudo da cultura dos
Judeus, a Cabala também tem sido estudada como um elevado sistema racional
de compreensão do mundo, mais que um sistema místico. Um pioneiro desta
abordagem foi Lazar Gulkowitsch.
Antiguidade do misticismo esotérico
Formas iniciais de misticismo esotérico existem já há 2.000 anos. Ben Sira
alerta sobre isto ao dizer: "Você não deve ter negócios com coisas secretas"
(Sirach) ii.22; compare com o Talmud Hagigah 13a; Midrash Genesis Rabbah
viii.
Literatura Apocalíptica pertence aos séculos II e I do pré-Cristianismo
contendo alguns elementos da futura Kabbalah e, segundo Josephus, tais
escritos estavam em poder dos Essênios, e eram cuidadosamente guardados por
eles para evitar sua perda, o qual eles alegavam ser uma antiguidade valiosa
(veja Fílon de Alexandria, "De Vita Contemplativa", iii., e Hipólito,
"Refutation of all Heresies", ix. 27).
Estes muitos livros contém tradições secretas mantidas ocultas pelos "iluminados"
como declarado em IV Esdras xiv. 45-46, onde Pseudo-Ezra é chamado a
publicar os vinte e quatro livros canônicos abertamente, de modo a que
merecedores e não merecedores pudessem igualmente ler, mas mantendo sessenta
outros livros ocultos de forma a "fornece-los apenas àqueles que são sábios"
(compare Dan. xii. 10); pois para eles, estes são a primavera do
entendimento, a fonte da sabedoria, e a corrente do conhecimento.
Instrutivo ao estudo do desenvolvimento da Cabala é o Livro dos Jubilados,
escrito no reinado do Rei João Hircano, o qual refere a escritos de Jared,
Cainan, e Noé, e apresenta Abraão como o renovador, e Levi como o guardião
permanente, destes escritos antigos. Ele oferece uma cosmogênese baseada nas
vinte e duas letras do alfabeto hebraico, e conectada com a cronologia
judaica e a messianologia, enquanto ao mesmo tempo insiste na Heptade como
número sagrado ao invés do sistema decádico adotado por Haggadistas
posteriores e pelo "Sefer Yetzirah". A idéia Pitagórica do poder criador de
números e letras, sobre o qual o "Sefer Yetzirah" está fundamentado, era
conhecido no tempo da Mishnah (antes de 200DC).
Gnosticismo e Cabala
A literatura gnóstica dá testemunho da antiguidade da Cabala. Gnosticismo —
isto é, a "Chochmah" cabalística (חכמה "sabedoria") - parece ter sido a
primeira tentativa por parte dos sábios judeus em fornecer uma tradição
mística empírica, com ajuda de idéias Platônicas e Pitagóricas (ou estóicas),
um retorno especulativo. Isto conduziu ao perigo da heresia pela qual as
personalidades rabínicas judias Akiva e Ben Zoma esforçaram-se por libertar-se
e assim foi.
Dualidade Cabalística
O sistema dualístico de poderes divinos bons e maus, o qual provêm do
Zoroastrismo, pode ser encontrado no Gnosticismo; tendo influenciado a
cosmologia da antiga Cabala antes de ela ter atingido a idade média. Assim é
o conceito em torno da árvore cabalística (árvore da vida), onde o lado
direito é fonte de luz e pureza, e o esquerdo é fonte de escuridão e
impureza, encontrado entre os Gnósticos. O fato também que as Kelippot (קליפות
as "cascas" primevas de impureza), os quais são tão proeminentes na Cabala
medieval, são encontradas nos velhos encantamentos babilônicos, é evidência
em favor da antiguidade da maioria das idéias cabalísticas.
Doutrinas Místicas nos Tempos do Talmude
Nos tempos do Talmude os termos "Ma'aseh Bereshit" (Trabalhos da Criação) e
"Ma'aseh Merkabah" (Trabalhos do Divino Trono/Carruagem) claramente indicam
a vinculação com o Midrash nestas especulações; elas eram baseadas em Gen. i.
e Ezequiel i. 4-28; enquanto os nomes "Sitre Torah" (Talmude Hag. 13a) e
"Raze Torah" (Ab. vi. 1) indicam seu carater secreto. Em contraste com a
afirmação explícita das Escrituras que Deus criou não somente o mundo, mas
também a matéria da qual ele foi feito, a opinião é expressa em tempos muito
recentes que Deus criou o mundo da matéria que encontrou disponível — uma
opinião provavelmente atribuída a influência da cosmogênese platônica.
Eminentes professores rabinos conservam a teoria da preexistência da matéria
(Midrash Genesis Rabbah i. 5, iv. 6), em contrariedade com Gamaliel II. (ib.
i. 9).
Ao discorrer sobre a natureza de Deus e do universo, os místicos do período
Talmúdico afirmaram, em contraste com o transcedentalismo Bíblico, que "Deus
é o lugar-morada do universo; mas o universo não é o lugar-morada de Deus".
Possivelmente a designação ("lugar") para Deus, tão frequentemente
encontrada na literatura Talmúdica-Midrashica, é devida a esta concepção,
assim como Philo, ao comentar sobre Gen. xxviii. 11 diz, "Deus é chamado 'ha
makom' (המקום "o lugar") porque Deus abarca o universo, mas Ele próprio não
é abarcado por nada" ("De Somniis," i. 11).
Spinoza devia ter esta passagem em mente quando disse que os antigos judeus
não separavam Deus do mundo. Esta concepção de Deus pode ser panenteísta.
Isto também postula a união do homem com Deus; ambas as idéias foram
posteriormente desenvolvidas na Cabala mais recente.
Até em tempos bem recentes, teólogos da Palestina e de Alexandria
reconheceram dois atributos de Deus: o atributo da justiça (מדת הדין, "middat
ha-din") e o atributo da misericórdia (מדת הרחמים, "middat ha-rahamim") (Midrash
Sifre,Deut.27): Este é o contraste entre misericórdia e justiça, que é uma
doutrina fundamental da Cabala.
Cabala no Cristianismo e na sociedade não Judaica
O termo "Cabala" veio a ser usado até meados do século XI, e naquele tempo
referia-se à escola de pensamento (Judaica) relacionada ao misticismo
esotérico.
Desde esses tempos, trabalhos Cabalísticos ganharam uma audiência maior fora
da comunidade Judaica. Assim versões Cristãs da Cabala começaram a
desenvolver-se; no início do século XVIII a cabala passou a ter um amplo uso
por filósofos herméticos, neo-pagãos e outros novos grupos religiosos. Hoje
esta palavra pode ser usada para descrever muitas escolas Judaicas, Cristãs
ou neo-pagãs de misticismo esotérico. Leve-se em conta que cada grupo destes
tem diferentes conjuntos de livros que eles mantem como parte de sua
tradição e rejeitam as interpretações de cada um dos outros grupos.
Principais textos judeus
O primeiro livro na Cabala a ser escrito, existente ainda hoje, é o Sefer
Yetzirah ("Livro da criação"). Os primeiros comentários sobre este pequeno
livro foram escritos durante o século X, e o texto em si é citado desde o
século VI. Sua origem histórica não é clara. Como muitos textos místicos
Judeus, o Sefer Yetzirah foi escrito de uma maneira que pode parecer
insignificante para aqueles que o lêem sem um conhecimento maior sobre o
Tanakh (Bíblia Judaica) e o Midrash.
Outra obra muito importante dentro do misticismo judeu é o Bahir ("iluminação"),
também conhecido como "O Midrash do Rabino Nehuniah ben haKana". Com
aproximadamente 12.000 palavras. Publicado pela primeira vez em 1176 em
Provença, muitos judeus ortodoxos acreditam que o autor foi o Rabino
Nehuniah ben haKana, um sábio Talmúdico do século I. Historiadores mostraram
que o livro aparentemente foi escrito não muito antes de ter sido publicado.
O trabalho mais importante do misticismo judeu é o Zohar (זהר "Esplendor").
Trata-se de um comentário esotérico e místico sobre o Torah, escrito em
aramaico. A tradição ortodoxa judaica afirma que foi escrito pelo Rabino
Shimon ben Yohai durante o século II. No século XII, um judeu espanhol
chamado Moshe de Leon declarou ter descoberto o texto do Zohar, o texto foi
então publicado e distribuído por todo o mundo judeu. Gerschom Scholem, que
foi um célebre historiador e estudante da Cabala, mostrou que o próprio de
Leon teria sido o autor do Zohar: Entre suas provas, uma é que o texto
utiliza a gramática e estruturas frasais da língua espanhola do século XII;
outra é que o autor não tinha um conhecimento exato de Israel. O Zohar
contém e elabora sobre muito do material encontrado no Sefer Yetzirah e no
Sefer Bahir, e sem dúvida é a obra cabalística por excelência.
Ensinamentos cabalísticos sobre a alma humana
O Zohar propõe que a alma humana possui três elementos, o nefesh, ru'ach, e
neshamah. O nefesh é encontrado em todos os humanos e entra no corpo físico
durante o nascimento. É a fonte da natureza física e psicológica do
indivíduo. As próximas duas partes da alma não são implantadas durante o
nascimento, mas são criadas lentamente com o passar do tempo; Seu
desenvolvimento depende das ações e crenças do indivíduo. É dito que elas só
existem por completo em pessoas espiritualmente despertas. Uma forma comum
de explicar as três partes da alma é como mostrado a seguir:
Nefesh - A parte inferior ou animal da alma. Está associada aos instintos e
desejos corporais.
Ruach - A alma mediana, o espírito. Ela contém as virtudes morais e a
habilidade de distinguir o bem e o mal.
Neshamah - A alma superior, ou super-alma. Essa separa o homem de todas as
outras formas de vida. Está relacionada ao intelecto, e permite ao homem
aproveitar e se beneficiar da pós-vida. Essa parte da alma é fornecida tanto
para judeus quanto para não-judeus no nascimento. Ela permite ao indivíduo
ter alguma consciência da existência e presença de Deus.
A Raaya Meheimna, uma adição posterior ao Zohar por um autor desconhecido,
sugere que haja mais duas partes da alma, a chayyah e a yehidah. Gershom
Scholem escreve que essas "eram consideradas como representantes dos níveis
mais elevados de percepção intuitiva, e estar ao alcance somente de alguns
poucos escolhidos".
Chayyah - A parte da alma que permite ao homem a percepção da divina força.
Yehidah - O mais alto nível da alma, pelo qual o homem pode atingir a união
máxima com Deus
Tanto trabalhos Rabínicos como Kabalísticos sugerem que haja também alguns
outros estados não permanentes para a alma que as pessoas podem desenvolver
em certas situações. Essas outras almas ou outros estados da alma não tem
nenhuma relação com o pós-vida.
Ruach HaKodesh - Um estado da alma que possibilita a profecia.
Neshamah Yeseira - A alma suplementar que o Judeu demonstra durante o
Shabbat. Ela permite um maior prazer espiritual do dia. Ela existe somente
quando se observa o Shabbat e pode ser ganha ou perdida dependendo na
observação do Shabbat da pessoa.
Neshoma Kedosha - Cedida aos Judeus quando alcançam a maioridade (13 anos
para meninos, 12 para meninas), e está relacionada com o estudo e seguimento
dos mandamentos da Torah; pode ser ganha ou perdida dependendo do estudo e
prática da Torah pela pessoa.
Predizendo o Futuro
Um pequeno número de Cabalistas tentou predizer acontecimentos pela cabala.
A palavra passou a ser usada como referência às ciências secretas em geral,
à arte mística, ou ao mistério.
Depois disso, a palavra cabala veio a significar uma associação secreta de
uns poucos indivíduos que buscam obter posição e poder por meio de práticas
astuciosas.
Outros termos que originalmente se referiam a associações religiosas mas que
passaram a se referir de alguma forma a comportamentos perigosos e suspeitos
incluem fanático, assassino, e brutamontes.
Cabala e a Tradição Esotérica Ocidental
A Tradição Esotérica Ocidental (ou Hermética) é a maior precursora dos
movimentos do Neo-Paganismo e da Nova Era, que existem de diversas formas
atualmente, estando fortemente intrincados com muitos dos aspectos da
Cabala. Muito foi alterado de sua raiz Judaica, devido à prática esotérica
comum do sincretismo. Todavia a essência da tradição está reconhecidamente
presente.
A Cabala “Hermética”, como é muitas vezes denominada, provavelmente alcançou
seu apogeu na “Ordem Hermética do Alvorecer Dourado” (Hermetic Order of the
Golden Dawn), uma organização que foi sem sombra de dúvida o ápice da Magia
Cerimonial (ou dependendo do referencial, o declínio à decadência). Na
“Alvorecer Dourado”, princípios Cabalísticos como as dez emanações (Sephirah),
foram fundidas com deidades Gregas e Egípcias, o sistema Enochiano da magia
angelical de John Dee, e certos conceitos (particularmente Hinduístas e
Budistas) da estrutura organizacional estilo esotérico- (Maçónica ou
Rosacruz).
Muitos rituais da Alvorecer Dourado foram expostos pelo lendário ocultista
Aleister Crowley e foram eventualmente compiladas em formato de Livro, por
Israel Regardie, autor de certa notoriedade.
Crowley deixou sua marca no uso da Cabala, em vários de seus escritos;
destes, talvez o mais ilustrativo seja Líber 777. Este livro é basicamente
um conjunto de tabelas relacionadas: às várias partes das cerimônias de
magias religiosas orientais e ocidentais; a trinta e dois números que
representam as dez esferas e vinte e dois caminhos da Arvore da Vida
Cabalística.
A atitude do sincretismo demonstrada pelos Kabalistas Herméticos é
plenamente evidente aqui, bastando checar as tabelas, para notar que Chesed
corresponde a Júpiter, Isis, a cor azul (na escala Rainha), Poseidon, Brahma
e ametista – nada, certamente, do que os Cabalistas Judeus tinham em mente.
Cabala Qliphótica
Desenvolvida a partir da Cabala Hermética, a Cabala Qliphótica é o foco da
assim chamada Cabala Draconiana, que aborda também as forças consideradas
sinistras do universo e do homem (o subconsciente). Tem sido por muito tempo
uma matéria renegada pela maioria dos cabalistas e ocultistas e, por isto,
pouco compreendida. A Cabala Draconiana procura estudar a Luz e as Trevas em
vários níveis da constituição humana e cósmica, sendo um sistema cabalístico
muito prático que envolve a Magia Sexual, ritualística, meditações sombrias,
invocações e evocações, etc. Seu escopo está no trabalho com as Qliphoth, ou
as Sephiroth reversas, o outro lado da Árvore da Vida. Não é vista como
magia negra por seus adeptos, pois respeita o livre-arbítrio, os direitos
humanos e a própria Natureza como um todo.
Atualmente os mais importantes estudiosos e divulgadores da Cabala
Draconiana são: o inglês Kenneth Grant ("Nightside of Eden"), o sueco Thomas
Karlsson ("Qabalah, Qliphoth and Goetic Magic"), o lusobrasileiro Adriano
Camargo Monteiro ("A Cabala Draconiana") e a americana Linda Falorio ("The
Shadow Tarot").
Bibliografia
"A Cabala Mística", Dion Fortune. Editora Pensamento.
"A Cabala Draconiana", Adriano Camargo Monteiro. Madras Editora.
"A Cabala das Feiticeiras",Ellen Cannon Reed. Bertrand.
"Uma Introdução ao Estudo da Cabala", William Wynn Westcott. Madras Editora.
"A Kabbalah Revelada", Knorr von Rosenroth. Madras Editora.
Ver também
Hermetismo
Ocultismo
Leis herméticas
Esoterismo
Judaísmo
Zohar
Misticismo
Sephiroth
Golem
Árvore da Vida (Cabala)
Adam Kadmon
Ain Soph
Ligações externas
Cabala dicionário com mais do que 5000 palavras (em Inglês)
Árvore da vida (em Inglês)
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