A corrida do Ouro
Em 1893 (alguns mencionam 1894) os ânimos
passam a se acelerar mais na região do Contestado. Dois garimpeiros brasileiros
e naturais de Curuçá-Pa., os irmãos Germano e Firmino Ribeiro, após tanta
procura, descobriram ouro na bacia do rio Calçoene. Isto causou uma verdadeira
corrida sem precedentes, invadindo a região aventureiros de todas as
nacionalidades. A descoberta do referido metal também provocou um crescimento
desordenado, aumentando inclusive a violência e os problemas de saúde, consequenciados pela falta de saneamento. O incontentamento grassou em toda a
região, atravessando fronteiras.
Sabedor do achado do ouro, o governador da Guiana Francesa, Mr. Charvein, cuidou
logo de colocar um representante da França lá. Assim, Eugene Voissien é
escolhido para assumir a função de delegado da região contestada. Com essa
regalia, Voissien passa a fiscalizar a região. facilitando assim todo o trabalho
de coleta do ouro, que era desviado para o lado francês, que se arvorava na
cobrança de altas taxas de impostos. Esse período, que vai de dezembro de 1893
até novembro de 1894 é, para alguns brasileiros um período de intranquilidade,
pois incontáveis vezes alguns garimpeiros foram aprisionados por Voissien, que
alegava nas suas faltas a prática do contrabando. Outros achavam que tais
denúncias eram vazias, defendendo um pouco a imparcialidade discutida de Charvein.
As reações dos brasileiros não tardaram, reunindo-se a população para nomear,
ali, um governo triúnviro sob a presidência do cônego Domingos Maltez, tendo
como seus auxiliares, Veiga Cabral e Desidério Antonio Coelho Esta decisão do
Triunvirato foi uma idéia do próprio Desidério Antonio Coelho, que antes foi
nomeado para dirigir a região; mas opinava ele que isto poderia ser eficaz com a
nomeação de três pessoas. Quanto a Voissien, ele se contentou com o cargo
honorífico de Capitão Honorário do Exército Defensor do Amapá.
Em 1895 os ânimos se acirraram, provocando em 15 de maio, uma 'invasão'
francesa, sob o comando do Capitão Lunier, ao Amapá. O paraense Francisco Xavier
da Veiga Cabral (o Cabralzinho) foi quem administrou a retirada dos 'invasores',
sagrando-se, com o feito, o ‘Herói do Amapá’.
Em 1897, um termo de compromisso assinado no Rio de Janeiro, em 10 de abril,
pelos delegados do Brasil (Ministro Gabriel e Piza) e da França, confiava a
resolução do Contestado á arbitragem do presidente da Confederação Suíça, Walter Hauser, e o advogado Barão do Rio Branco ( José Maria. da Silva. Paranhos ),
especialista experiente em questões de fronteiras, é escolhido para defender o
Brasil. Este encargo foi confiado, primeiramente, a Ruy Barbosa, mas este
hesitou em assumir a questão, indicando como mais experiente que ele nesses
assuntos, seu colega Barão do Rio Branco.
Após inúmeros estudos e conferências, a sentença foi pronunciada pelo governo
suíço, três anos mais tarde, isto é; em 1º de dezembro de 1900, fixando ao
Brasil a posse definitiva da região contestada, que se situava entre o Oiapoque
e o Araguari. A data de lº de dezembro ficou consolidada como o nascimento do
Amapá como parte territorial integrativa.
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