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Você pode enxergar os órgãos internos
desta espécie de sapo
Se existe um animal
que não é lá muito bom em disfarçar ansiedade,
este é a rãzinha Hyalinobatrachium yaku. Seu
coração pode ser visto batendo acelerado por
debaixo da pele, graças a uma camada
incrivelmente transparente na região do peito. A
variedade integra o gênero dos glassfrogs,
apelido que os cientistas deram para os sapos de
pele tão clara quanto o vidro.
Rãzinha
hyalinobatrachium yaku
Apesar de ter vários
parentes com essa mesma habilidade de
transparência, cientistas acreditam que a
espécie seja única por uma série de motivos. E o
primeiro está exatamente no coração. No caso da
Hyalinobatrachium yaku, o órgão pode ser visto
sob a pele com sua cor verdadeira, um vermelho
vivo. Isso não acontece em outras variedades de
glassfrogs, em que todos os órgãos – o coração,
incluso – aparentam ter a cor branca. Também
entram na lista de peculiaridades os pontos em
verde escuro que a espécie possui no corpo todo,
sobretudo nas costas.
Mas o mais
interessante mesmo são seus comportamentos
reprodutivos incomuns – quem realiza a guarda
dos ovos são os machos, por exemplo. O local
onde os proto-filhotes são estocados antes de
ganharem o mundo também não é nada usual: a
parte de baixo das folhas das árvores. Quando
estiverem prontos para eclodir, os ovos se
descolam e caem na água, onde as crias estão
livres para completar seu desenvolvimento.
A espécie foi descrita
pela primeira vez há algumas semanas, em um
estudo divulgado no periódico Zookeys. Ela pode
ser encontrada saltitante em cima das árvores na
Amazônia equatoriana – lá, pelo menos, foi o
lugar onde apareceu pela primeira vez.
Mas manter esse
habitat latino-americano pode ser considerado um
problema para a sobrevivência da espécie, de
acordo com os pesquisadores. Essa região
amazônica é marcada pela extração de petróleo e
desmatamento, atividades que podem destruir por
completo o local onde os sapos são encontrados –
ou pelo menos comprometer gravemente a interação
entre populações.
“Esperamos que
descobertas como a desse sapinho possam nos
ajudar no alerta de que há muita coisa para ser
perdida com a extração continuada de
combustíveis fósseis, além daquilo que já
sabemos sobre as mudanças climáticas”, disse
Paul Hamilton, um dos autores do estudo, à
revista New Scientist.
Classificação
científica
Reino:
Animalia
Filo: Chordata
Classe:
Amphibia
Ordem: Anura
Família:
Centrolenidae
Género:
Hyalinobatrachium
Espécie: H.
yaku
Nome binomial
Hyalinobatrachium yaku
Guayasamin JM,
Cisneros-Heredia DF, Maynard RJ, Lynch
RL, Culebras J, Hamilton PS, 2017
Distribuição
geográfica
Os pontos em
azul se referem aonde a espécie foi
encontrada. |
|
Hyalinobatrachium
yaku é uma espécie de anuro da família
Centrolenidae, sendo encontrada nas
províncias de Pastaza, Orellana e Napo, no
Equador.
Uma das
características marcantes desta espécie é o
fato do ventre e alguns órgãos serem
transparentes, sendo possível ver seu
coração e suas veias. Possui também um
comportamento que é inusitado nas espécies
de anuros, que é o cuidado parental, onde a
mãe choca os ovos e o macho os defendem.
Foi descrita em 12
de maio de 2017, por 5 pesquisadores de
diferentes nacionalidades, na revista
ZooKeys. Seu nome deriva da palavra do
idioma Kichwa yaku que significa água.
Recebeu esse nome devido ao fato de todas
pererecas-de-vidro necessitarem de água
limpa para se reproduzirem. Atualmente,
ainda não foi catalogada pela IUCN, mas os
autores da descrição da espécie sugerem que
seja marcada como deficiente de dados,
devido a ausência de informações precisas
sobre sua distribuição e população e pela
possibilidade de ser ameaçada pela expansão
da mineração e extração de petróleo na
região.
Taxonomia
A espécie
foi descrita na revista científica ZooKeys
em 12 de maio de 2017, pelos pesquisadores
Juan M. Guayasamin, Diego F.
Cisneros-Heredia, Ross J. Maynard, Ryan L.
Lynch, Jaime Culebras e Paul S. Hamilton. O
gênero Hyalinobatrachium, o qual a espécie
pertence, possui identificação complexa, o
que dificulta a identificação de novas
espécies.
O maior problema é a perda total das
cores quando um indivíduo é preservado,
inviabilizando esse processo. Porém, podem
ser usados outros métodos de identificação,
como análises da vocalização, do ADN e do
padrão de cores. Foi descrita como
pertencente a esse gênero por possuir todas
as características comuns, que são a
transparência do peritônio ventral, o hábito
de vocalizar debaixo de folhas e a presença
de comportamento parental.
Entretanto, possui características próprias
que permitem a sua separação em uma espécie,
como a presença de manchas médio-dorsais de
coloração verde-escura na cabeça e no dorso,
ter o pericárdio transparente e uma
vocalização com duração entre 0,27 a 0,4
segundos e com frequência entre 5 219,3 e 5
329,6 Hz.
Também foram feitas
análises no ADN mitocondrial, fazendo
comparações com outras espécies do gênero,
tendo como resultado final a confirmação de
se tratar de uma nova espécie. A espécie
mais próxima filogeneticamente é a
Hyalinobatrachium pellucidum.
Foi
nomeada Hyalinobatrachium yaku a partir da
palavra do idioma Kichwa, yaku, que
significa água, ambiente essencial para
reprodução das pererecas-de-vidro. O
holótipo usado na descrição era um macho, e
foi encontrado em um córrego na província de
Pastaza, numa altitude de 325 metros, no dia
15 de abril de 2016. A descoberta da espécie
poderá ajudar a descobrir como e por que
esses animais possuem a pele e alguns órgãos
transparentes.
Distribuição e
conservação
Atuamente, a espécie só
foi encontrada em três lugares no Equador,
na província de Pastaza, Orellana e Napo,
numa altitude entre 300 e 360 metros. A
distância entre as duas localidades mais
distantes, Orellana e Pastaza, mede 110
quilômetros, dando a imaginar que sua
distribuição seja bem maior, podendo chegar
próximo a fronteira do Peru.
Devido
as informações insuficientes sobre sua
localização e população, a espécie
possivelmente será considerada pela União
Internacional para a Conservação da Natureza
como espécie deficiente de dados, mas por
enquanto ela ainda não foi avaliada. Dentre
as maiores ameaças a conservação da espécie
estão a degradação das florestas, poluição
dos rios, isolamento populacional,
construção de rodovias e extração de
recursos naturais.
A espécie é
extremamente dependente da água de córregos
limpos, pois são nestes locais que ela se
reproduz, e atualmente a extração de
petróleo e minérios podem degradar esses
ambientes, poluindo os rios e isolando as
populações. Com sua descoberta, o gênero
Hyalinobatrachium possui um total de 33
espécies distribuídas ao longo da América
Latina.
Descrição
Possui 20,8
milímetros de comprimento, sendo que a
cabeça corresponde a 37% do seu comprimento
e é ligeiramente mais larga que o corpo. A
região loreal é ligeiramente côncava, com o
focinho truncado quando visto pela lateral e
pelo dorso e as narina ligeiramente
salientes e elípticas e a região entre as
narinas é côncava com o canthus rostralis
pouco definido.
O tímpano é
notavelmente inclinado ao dorso, com
diferenciação a partir de pintas ao redor da
pele e tendo a metade do anel timpânico
visível. A coana é larga e circular, com a
língua oval e com cordas vocais ao longo da
boca a língua.
As características que
a torna única são a formação de dentes no
osso vômer, focinho truncado, membrana
timpânica diferenciável, dorso cor de couro,
a área cloacal glandular com saliências nas
laterais.
E também possui o
peritônio parietal, o pericárdio e o sistema
urinário transparentes e peritônio hepático,
gastrointestinal e testicular são cobertos
por iridóforos brancos. Seu fígado é bulboso
e não possui espinha umeral. Seu dorso varia
do verde-maçã ao verde-amarelado com
pequenos pontos amarelados e minúsculos
melanóforos do cinza ao preto. Seus ossos
são brancos.
Sua íris é varia do
prata ao amarelo, com pequenos pontos ao
redor da pupila, parecendo com um anel
difuso. Pela vista ventral é possível ver
seu coração e suas veias, que possuem
coloração avermelhada. Em indivíduos
preservados a transparência ventral é
perdida. Os jovens possuem os mesmos padrões
de cor dos adultos.
Ecologia
Essa espécie de anfíbio possui um
comportamento reprodutivo diferente dos
comumente vistos, pois os pais possuem
cuidados parentais pelos seus filhotes, com
as fêmeas chocando os ovos e cuidando da
ninhada e com os machos os defendendo dos
predadores.
Foram observados
comportamentos diferentes em cada lugar,
algo que pode ser explicado devido a
distâncias entre os pontos de coleta. Em
Pastaza, os indivíduos foram encontrados
debaixo de folhas na vegetação ribeirinha
numa floresta preservada. Também foi
encontrado um individuo vocalizando em uma
folha a seis metros acima de um córrego, que
possuía três metros de comprimento e um
metro de profundidade.
Em Napo, foi
encontrado um indivíduo foi encontrado
debaixo de uma folha um metro acima de um
pequeno riacho com um metro de largura, 40
centímetros de profundidade e com uma
pequena correnteza. A área era composta por
uma floresta secundária. Já em Orellana, foi
encontrada em folhas de vegetações rasteiras
e arbustivas em florestas secundárias
degradadas, estando em todos os locais a
mais de 30 metros de qualquer córrego, algo
totalmente diferente dos dois locais
anteriores.
Sua vocalização possui um
único tom e uma única nota musical, sem
frequências e amplitudes alternativas. A
duração da chamada dura de 0,27 a 0,4
segundos, com pausas entre 5,3 e 8,9
segundos, com uma média de 9 vocalizações
por minuto. A frequência média está entre os
5 219,3 5 329,6 Hz.
Referências
«Hyalinobatrachium yaku Yaku Glassfrog»
(em inglês). Amphibiaweb. Consultado em 26
de abril de 2017. Cópia arquivada em 26 de
maio de 2017 a b «See-through frog has
heart you can see beating through its chest»
(em inglês). New Scientist. Consultado em 27
de maio de 2017. Cópia arquivada em 27 de
maio de 2017 a b c d e f GUAYASAMIN,
Juan; CISNEROS-HEREDIA, Diego; MAYNARD,
Ross; LYNCH, Ryan; CULEBRAS, Jaime;
HAMILTON, Paul (12 de maio de 2017). «A
marvelous new glassfrog (Centrolenidae,
Hyalinobatrachium) from Amazonian Ecuador».
ZooKeys (em inglês) (673): 1-20.
doi:10.3897/zookeys.673.12108. Consultado em
26 de maio de 2017 «Descubren en Ecuador
a una nueva especie de rana de cristal» (em
espanhol). RPP. Consultado em 27 de maio de
2017. Cópia arquivada em 27 de maio de 2017
«Researchers discover incredible new glass
frog so translucent you can see its heart
beating» (em inglês). Daily Mail. Consultado
em 27 de maio de 2017. Cópia arquivada em 27
de maio de 2017 «Hyalinobatrachium» (em
inglês). Amphibiaweb. Consultado em 26 de
maio de 2017. Cópia arquivada em 27 de maio
de 2017 «Descubren nueva especie de rana
de cristal en Ecuador» (em espanhol). LR21.
Consultado em 27 de maio de 2017. Cópia
arquivada em 27 de maio de 2017 «Newly
Discovered Glass Frog Shows Off Its Beating
Heart» (em inglês). IFLScience. Consultado
em 27 de maio de 2017. Cópia arquivada em 27
de maio de 2017. Ache Tudo e Região
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