Um "pirata" de
apetite insaciável (Orcinus orca)
A orca ou baleia assassina é o membro de
maior porte da família Delphinidae (ordem
dos cetáceos) e um predador versátil,
podendo comer peixes, moluscos, aves,
tartarugas, ainda que, caçando em grupo,
consigam capturar presas de tamanho maior,
incluindo morsas e outras "baleias".
Apesar da designação baleia assassina, não
é, na verdade, uma baleia mas sim um
golfinho. O nome provém da alteração da
expressão "assassina de baleias" já que
caçam outros cetáceos jovens. Está, portanto,
no da cadeia alimentar oceânica. Pode
chegar a pesar nove toneladas. É o segundo
animal de maior área de distribuição
geográfica (logo a seguir ao homem), podendo
encontrar-se em qualquer um dos oceanos.
Têm uma vida
social complexa, baseada na formação e
manutenção de grupos familiares extensos.
Orca selvagem com
seu filhote, é carinhosa e protetora,
como qualquer mãe humana. |
Comunicam através de
sons e costumam viajar em formações que
assomam ocasionalmente à superfície. A
primeira descrição da espécie foi feita por
Plínio, o Velho que já a descrevia como um
monstro marítimo feroz. Contudo, não se tem
conhecimento de ataques a seres humanos no
ambiente selvagem, ainda que se saiba de
alguns casos de agressões aos seus
treinadores em parques temáticos.
Tanto vivem no mar alto como junto ao
litoral
O nome orca foi dado a estes animais pelos
antigos romanos, em princípio, derivado da
palavra grega que (entre outros significados)
se referia a uma espécie de baleia.
" Baleia
assassina" é outro dos nomes mais vulgares.
Contudo, desde a década de 1960, a
comunidade científica (principalmente a
anglófona) passou, de novo, a utilizar mais
frequentemente "orca", que apesar de ter
origem "erudita" foi rapidamente aceita pela
população em geral que foi adotando cada vez
mais o termo. As razões para esta mudança de
nomenclatura popular também está ligada ao
fato de os leigos terem começado a
interessar-se mais pela espécie, aprendendo,
por exemplo, que este animal não é, de fato,
uma baleia, mas sim um golfinho.
A palavra orca era já comum noutras línguas
européias - o aumento de pesquisas
científicas sobre a espécie ajudou também a
criar uma certa convergência na forma de
nomear este cetáceo. Outra razão relaciona-se
com o adjetivo "assassina" que parece ter
implícita a ideia errônea de que seria letal
para os seres humanos. Orca é, quanto a isso,
uma opção vocabular mais neutral.
Um grupo de orcas pode, de fato, matar uma
grande baleia. Pensa-se que os marinheiros
espanhóis do século XVIII designaram estes
animais de assassinas de baleias por esta
razão. O termo foi, depois, mal traduzido
para inglês como "killer whale" - designação
imprópria, mas que se tornou tão frequente
que os próprios espanhóis (e portugueses)
adataram a "retradução".
A orca é a única espécie do género Orcinus.
É uma das trinta e cinco espécies da família
dos golfinhos. Tal como o género Physeter,
também com apenas uma espécie (o cachalote),
o género Orcinus caracteriza-se por um
população abundante sem parentes imediatos
do ponto de vista da cladística.
Os paleontólogos acreditam que a orca pode
ter tido, provavelmente, um passado
evolucionário anagenético; isto é, uma
evolução de ancestral para descendente sem
se verificar qualquer ramificação da linha
genética (formação de espécies aparentadas,
coexistindo no tempo). Se assim fosse, a
orca passaria a ser uma das mais antigas
espécies de golfinhos, ainda que seja pouco
provável que seja tão antiga quanto a
própria família, cujo início é datado em
cerca de cinco milhões de anos.
Estes animais caracterizam-se por terem o
dorso negro e a zona ventral branca. Têm
ainda manchas brancas na parte lateral
posterior do corpo, bem como acima e detrás
dos olhos. Com um corpo pesado e entroncado,
têm a maior barbatana dorsal do Reino
animal, que pode medir até 1,8 metros de
altura (maior e mais ereta nos machos que
nas fêmeas). Os machos podem medir até 9,5
metros de comprimento e pesar até 6
toneladas; as fêmeas são menores, chegando
aos 8,5 metros e 5 toneladas,
respectivamente. As crias nascem com cerca
de 180 Kg e medem cerca de 2,4 metros de
comprimento.
As orcas macho de maiores dimensões têm um
aspecto distinto que não dá margem para
confusões ao serem identificados. Contudo,
vistas à distância em águas temperadas, as
fêmeas e as crias podem confundir-se com
outras espécies, como a Falsa-orca ou o
Golfinho-de-Risso.
A maior parte dos dados sobre a vida das
orcas foi obtida em pesquisas de longa
duração com populações da costa da Columbia
Britânica e de Washington, bem como pela
observação de animais em cativeiro.
A informação disponível sobre esta espécie é
avultada e está devidamente sistematizada
pelos naturalistas, o que se deve também à
natureza altamente estruturada dos grupos
sociais destes animais. Contudo, grupos
transitórios ou residentes noutras áreas
geográficas podem ter características
ligeiramente diferentes.
As fêmeas atingem a maturidade sexual aos 15
anos de idade. A partir dessa altura, têm
períodos de ciclo poliestral (cio regular e
contínuo) com períodos sem o ciclo estral
que podem durar de três a dezesseis meses.
As fêmeas podem dar à luz uma só cria, uma
vez cada cinco anos. Nos grupos sociais
analisados, os nascimentos podem ocorrer em
qualquer época do ano, havendo uma certa
preferência pelo inverno.
A mortalidade dos recém-nascidos é elevada -
os resultados de uma investigação sugerem
que cerca de metade das crias morrem antes
de atingir os seis meses. Os filhotes são
amamentados até aos dois anos de idade, mas
com doze meses já se alimentam de comida
sólida. As fêmeas são férteis até aos 40
anos, o que, em média, significa que podem
ter até cinco crias. A esperança de vida das
fêmeas é, geralmente, de cinquenta anos,
ainda que em casos excepcionais possam viver
até aos noventa anos.
Os machos tornam-se sexualmente ativos com
15 anos de idade e chegam a viver até aos 30
anos (ou até aos 50, em casos excepcionais.
A orca é o segundo mamífero com maior área
de distribuição geográfica no planeta, logo
a seguir ao ser humano.
Encontram-se em todos os oceanos e na maior
parte dos mares, incluindo (o que é raro,
para os cetáceos) o mar Mediterrâneo e o mar
da Arábia. As águas mais frias das regiões
temperadas e das regiões polares são,
contudo, preferidas. Ainda que se encontrem
por vezes em águas profundas, as áreas
costeiras são geralmente preferidas aos
ambientes pelágicos. Existem populações de
orcas particularmente concentradas na zona
nordeste da Bacia do Pacífico, onde o Canadá
faz curva com o Alasca, ao longo da costa da
Islândia e na costa setentrional da Noruega.
São frequentemente avistadas nas águas
antárticas, acima do limite das calotas
polares.
De fato, crê-se que se aventuram abaixo da
calota de gelo, sobrevivendo apenas com o ar
presente em bolsas de ar situadas abaixo do
gelo, tal como faz a beluga. No Ártico,
contudo, a espécie é raramente avistada no
inverno, não se aproximando da calota polar,
visitando estas águas apenas no verão.
A informação sobre outras regiões é escassa.
Não existe uma estimativa para a população
global total. Estimativas locais indicam
cerca de 70 a 80 000 na Antártida; 8 000 no
Pacífico tropical (ainda que as águas
tropicais não sejam o ambiente preferido
destes animais, a grande dimensão desta área
oceânica - 19 milhões de quilômetros
quadrados - significa que poderão aí viver
milhares de orcas); cerca de 2 000 junto ao
Japão; 1 500 nas águas mais frias do
nordeste do Pacífico e 1 500 junto à Noruega.
Se juntarmos os dados de estimativas menos
precisas sobre áreas menos investigadas, a
população total poderá ascender aos 100
000.As orcas têm um sistema social de
agrupamento bastante complexo. A unidade
básica é a linha matriarcal que consiste
numa única fêmea, mais velha, e os seus
descendentes.
Os filhos e filhas da matriarca fazem parte
desta linha, tal como os filhos e filhas
destas últimas filhas - contudo, os filhos e
filhas de qualquer um dos filhos passarão a
viver com a linha matriarcal das suas
companheiras de acasalamento) - e assim
sucessivamente, ao longo da árvore
genealógica destes animais. Como as fêmeas
podem viver até cerca de noventa anos, não é
raro encontrar quatro ou mesmo cinco
gerações de orcas a viver na mesma linha.
Estes grupos matrilineares são muito
estáveis e mantêm-se durante anos.
Os seus elementos apenas os abandonam, nunca
mais de algumas horas, com o fim de procurar
alimento ou acasalar. Não há registro de
nenhuma expulsão de um indivíduo destes
grupos. O tamanho médio de uma linha
matriarcal é de cerca de nove animais,
segundo as estatísticas efetuadas junto às
orcas do Pacífico nordeste.
As linhas matriarcais têm alguma tendência a
juntarem-se a outras, de forma a
constituírem grupos (em inglês utiliza-se o
substantivo coletivo "pod" que não tem
correspondente em português, para conjunto
de "baleias", a não ser a palavra "baleal",
proposta pelo dicionário Houaiss, que, na
falta de outro termo - já que cardume, ou
mesmo manada, apesar de também serem usados,
parecem ainda mais impróprios - será usado
neste artigo, tendo em conta, contudo, que
as orcas não são baleias) que têm, em média,
cerca de 18 indivíduos. Os membros de um "baleal"
partilham do mesmo dialeto (os sons
distintivos da espécie), havendo indícios de
que são todos aparentados pelo lado materno.
Ao contrário das linhas matriarcais, os
baleais podem separar-se nas linhas que os
constituem por vários dias ou semanas, em
busca de comida, até voltarem a juntar-se. O
maior baleal registrado tinha 49 membros.
O próximo nível de organização dos grupos de
orcas é o "clã", que consiste na reunião dos
vários baleais com dialetos semelhantes.
Novamente, verifica-se que as relações entre
os vários baleais têm um fundamento
genealógico, por linha materna. Vários clãs
podem partilhar a mesma área geográfica. Há
registro de baleais de clãs diferentes
viajando em conjunto. Quando baleais
residentes se juntam para viajarem como um
clã, há um ritual de reconhecimento, com
saudações que consistem em colocarem-se em
linhas paralelas semelhantes, antes de se
misturarem por completo.
O último nível de associação é a comunidade
que pode ser definida, vagamente, como o
conjunto de clãs que se unem regularmente.
As comunidades não partilham, contudo,
quaisquer padrões familiares vocais
discerníveis.
No nordeste do Pacífico conseguiu-se
identificar três comunidades:
A comunidade meridional (1 clã, 3 baleais e
83 orcas em 2000)
A comunidade setentrional (3 clãs, 16
baleais e 214 orcas em 2000)
A comunidade do Sul do Alasca (2 clãs, 11
baleais e 211 orcas em 2000)
Deve-se enfatizar que estas hierarquias são
apenas válidas para grupos sedentários ou
residentes. Grupos nômades, caçadores de
mamíferos, são, na generalidade, menores
porque, ainda que se baseiem em linhas
matriarcais, nota-se uma maior tendência dos
machos para levarem uma vida isolada.
Contudo, grupos nômades mantém uma vaga
coesão definida pelos seus dialetos.
O comportamento cotidiano das orcas é,
geralmente, dividido em quatro atividades
básicas: busca de alimento, viagem, descanso
e socialização.
Esta última costuma ser acompanhada de
comportamentos entusiásticos, exibindo
vários tipos de saltos e arremessos do corpo,
espreita delas sobre a água, além de baterem
com as barbatanas na água e erguerem a
cabeça. grupos constituídos apenas por
machos interagem, freqüentemente, com os
pênis eretos. Não se sabe se este gênero de
interação é um comportamento apenas lúdico
ou se comporta manifestações de afirmação de
papéis de dominação.As orcas utilizam na sua
alimentação uma grande diversidade de presas
diferentes.
Populações específicas têm tendência a
especializar-se em presas específicas, mesmo
com o prejuízo de ignorarem outras presas em
potência. Por exemplo, algumas populações do
mar da Noruega e da Groenlândia são
especializadas no arenque, seguindo as rotas
migratórias deste peixe até à costa
norueguesa, em cada outono. Outras
populações preferem caçar focas.
A orca é o único cetáceo que caça
regularmente outros cetáceos.
Há registros de vinte e duas espécies de
cetáceos caçadas por orcas, seja pelo exame
do conteúdo do estômago, seja pela
observação das cicatrizes no corpo de outros
cetáceos ou, simplesmente, pela observação
do seu comportamento alimentar. Baleais de
orcas chegaram mesmo a atacar baleias comuns,
baleias-de-minke, baleias-cinzentas ou,
mesmo, jovens baleias-azuis. Neste último
caso, os grupos de orcas perseguem a cria de
baleia azul, em conjunto com a sua mãe, até
ao esgotamento de ambas. Por vezes conseguem
separar o par. De seguida, rodeiam a jovem
baleia, impedindo-a de subir à superfície
onde esta precisa de tomar ar para respirar.
Assim que a cria morre afogada, as orcas
podem alimentar-se sem problemas.
Há também um caso registrado de provável
canibalismo. Um estudo levado a cabo por V.
I. Shevchenko nas áreas temperadas do Sul do
Pacífico em 1975 registrou a existência de
restos de outras orcas no estômago de dois
machos. Das 30 orcas capturadas e examinadas
nesta pesquisa, 11 tinham o estômago
completamente vazio. Uma percentagem
invulgarmente alta que indicia que o
canibalismo foi forçado, devido à falta
extrema de alimento.
Mais frequentemente, contudo, as orcas
predam cerca de 30 espécies diferentes de
peixes, nomeadamente o salmão (incluindo
salmão-real e salmão-prateado), arenques e
atum. O tubarão-frade, o
tubarão-galha-branca-oceânico e, muito
ocasionalmente, o tubarão-branco, são também
caçados pelos seus fígados altamente
nutritivos, acreditando-se também que são
caçados no sentido de eliminar ao máximo a
competição.
Outros mamíferos marinhos, incluindo várias
espécies de focas e leões marinhos são
também procurados pelas populações que vivem
nas regiões polares. Morsas ou lontras
marinhas são também caçadas, mas menos
frequentemente. A sua dieta inclui ainda
sete espécies de aves, incluindo todas as
espécies de pinguins ou aves marinhas, como
os corvos-marinhos. Alimentam-se também de
cefalópodes, como o polvo ou lulas.
As orcas são muito inventivas, e de uma
crueldade brincalhona impressionante nas
suas matanças. Por vezes, atiram focas umas
contra as outras, pelo ar, de modo a
atordoá-las e matá-las. Enquanto que os
salmões são, geralmente, caçados por uma
orca isolada ou por pequenos grupos, os
arenque são muitas vezes apanhados pela
técnica da captura em carrossel: as orcas
forçam os arenques a concentrarem-se numa
bola apertada, cercando-os e assustando-os
soltando bolhas de ar ou encandeando-os com
o seu ventre branco.
As orcas batem, então, com os lobos da cauda
sobre o grupo arrebanhado, atordoando ou
matando cerca de 10 a 15 arenques com cada
pancada. A captura em carrossel só foi
documentada na população masculina de
baleias assassinas de Tysfjord (Noruega) e
no caso de algumas espécies oceânicas de
golfinhos. Os leões marinhos são mortos por
golpes de cabeça ou pancadas com os lobos da
cauda.
Outras técnicas mais especializadas são
utilizadas por várias populações no mundo.
Na Patagônia, as orcas alimentam-se de leões
marinhos dos sul e crias de elefantes
marinhos, forçando as presas a dar à costa,
mesmo correndo o risco de elas mesmas
ficarem, temporariamente, em terra. As orcas
observam o que se passa à superfície,
através de um comportamento designado de
spyhopping, que lhes permite localizar focas
a descansar sobre massas de gelo flutuante.
A técnica consiste em criar uma onda que
obrigue o animal a cair à água, onde outra
orca o espera, para o matar.
Em média, uma orca come cerca de 60 kg de
comida por dia. Com uma tal variedade de
presas e sem outros predadores que não o
homem, é um animal bem no na cadeia
alimentar.Tal como os outros golfinhos, as
orcas são animais com um comportamento vocal
complexo. Produzem uma grande variedade de
estalidos e assobios usados em comunicação e
ecolocalização. Os tipos de vocalização
variam com o tipo de atividade. Naturalmente
que, enquanto descansam, emitem menos sons,
ainda que façam ocasionalmente um chamamento
bem distinto daqueles que usam num
comportamento mais ativo.
Os baleais sedentários têm uma maior
tendência para a vocalização que os grupos
nômades. Os cientistas indicam duas razões
principais para este fato. Em primeiro lugar,
as orcas residentes mantêm-se no mesmo grupo
social por muito mais tempo, desenvolvendo,
assim, relações sociais mais complexas - o
que implica também um maior desenvolvimento
local e uma maior partilha de sons próprios
do grupo.
Os grupos nômades, como ficam juntos por
períodos mais passageiros (algumas horas ou
dias), comunicam também menos. Em segundo
lugar, as orcas nômades têm maior tendência
para se alimentarem de mamíferos, ao
contrário das orcas residentes, que preferem
peixes. As orcas predadoras de mamíferos
necessitam, naturalmente, de passar
despercebidas pelos animais que pretendem
apanhar de surpresa. Usam por isso, apenas
estalidos isolados (o chamado "estalido
críptico") para ecolocalização, em vez da
longa série de estalidos observada noutras
espécies.
Os grupos residentes apresentam dialetos
regionais. Cada baleal tem as suas próprias
"canções" ou conjuntos de assobios e
estalidos que são constantemente repetidos.
Cada membro do baleal parece conhecer todo o
repertório do grupo, de forma que não é
possível identificar especificamente um
animal apenas pela sua voz - é apenas
possível identificar o grupo dialetal. Uma
canção pode ser específica de um grupo ou
partilhada por vários.
O grau de semelhança nas vocalizações de
dois grupos distintos parece estar mais
relacionada com a proximidade genealógica
dos dois grupos que com a proximidade
geográfica. Dois grupos que partilhem um
conjunto de ancestrais comuns mas que vivam
em locais distantes continuarão a ter um
repertório de canções muito semelhante. Isto
sugere que as canções passem de mãe para
filho durante o período de amamentação.Ainda
que só tenham sido classificadas como
espécie em 1758, a orca já era conhecida
pelo ser humano desde tempos pré-históricos.
A cultura desértica de Nazca foi responsável
pela representação de uma orca, desenhada
pelas famosas linhas de Nazca, numa data
indeterminada entre 200 a.C. de 600 d. C.
A primeira descrição escrita de uma orca foi
da autoria de Plínio, o Velho, na sua
História Natural, escrita cerca de 50 a.C..
A aura de invencibilidade, ligada a uma
imagem voraz da orca, estava já bem
estabelecida por esta altura. Ao assistir à
matança pública de uma baleia encalhada no
porto de Roma, Plínio escreveu: "As orcas (cuja
aparência não há imagem que consiga
expressar, não era mais quem uma enorme
massa de carne selvagem com dentes) são
inimigas das outras baleias... Atacam-nas e
rasgam-lhes a carne como navios de guerra em
golpes bélicos."
Tribos aborígines do Noroeste do Pacífico da
América do Norte, como a Tlingit, Haida, e
Tsimshian destacam com frequência a orca na
sua religião e artesanato. As orcas tornaram-se
alvo da caça à baleia comercial a partir de
meados do século XX devido ao esgotamento
das reservas de espécies de maior porte.
Esta atividade teve um final abrupto em 1981
com a implementação de uma moratória
internacional sobre a caça à baleia.
Ainda que de um ponto de vista taxonômico a
orca seja mais um golfinho que uma baleia, o
seu tamanho justifica a sua inclusão entre
as espécies protegidas pela Comissão
internacional para a caça da baleia. O país
que mais orcas caçava era a Noruega que
capturou, em média, 56 animais por ano, de
1938 a 1981.
O Japão capturou, também em média, 43
baleias assassinas por ano, de 1946 a 1981.
(não há dados fiáveis sobre os anos de
guerra, mas supõe-se que tenham sido caçados
menos exemplares). A União Soviética caçava
uma pequena quantidade de animais todos os
anos no Antártico, à exceção de uma época
extraordinária de caça, ocorrida em 1980,
durante a qual se capturaram 916 orcas.
Hoje em dia, não é realizada caça
substancial à espécie. O Japão captura
alguns indivíduos quase todos os anos, no
âmbito de um programa de "pesquisa
científica" controverso. É prosseguido um
nível de captura igualmente baixo pela
Indonésia e Groenlândia. Além de caçadas
para servirem de alimento humano, as orcas
são também mortas porque alguns defendem que
entram em competição com os pescadores.
Na década de 1950, a Força Aérea dos Estados
Unidos da América, a pedido do Governo da
Islândia, usou bombas e armas de fogo na
chacina de grupos de orcas nas águas da
Islândia, sob esse mesmo pretexto. A
operação foi considerada um êxito pelos
pescadores e pelo governo islandês.
Opositores desta medida, contudo, afirmaram
que a queda nas reservas de peixe se deve à
pesca excessiva por parte do ser humano.
Este debate continua sem que cada parte
aceite ceder terreno à outra.
As orcas são ainda, ocasionalmente, mortas
devido ao medo que a sua reputação provoca.
Ainda que nenhum ser humano tenha sido
atacado por uma orca em liberdade, os
marinheiros do Alasca matam-nas com o
intuito de protegerem-se. Este medo tem
vindo a ser dissipado nos últimos anos
devido a uma melhor informação das
populações em relação à espécie, além da
popularidade que estes animais têm em
aquários e outras atrações turísticas afins.
A inteligência das orcas, a facilidade em
treiná-las, a sua aparência impressionante,
o seu comportamento brincalhão em cativeiro
e o seu tamanho anormalmente grande torna-as
um animal bastante popular como exibição em
aquários e em espetáculos aquáticos, como em
parques temáticos.
A primeira captura e exibição de uma orca
teve lugar em Vancouver, em 1964. Nos 15
anos seguintes, cerca de sessenta ou setenta
orcas foram retiradas das águas do Pacífico
com este fim. No final dos anos 70, e na
primeira metade da década de 1980, as águas
da Islândia eram a origem de muitos dos
animais capturados - nos cinco anos antes de
1985, capturaram-se aí 50 orcas.
Desde essa altura que as orcas são criadas
desde nascença em cativeiro, sendo raras os
espécimes selvagens nestas condições. O
cativeiro pode, contudo, levar ao
desenvolvimento de determinadas patologias
como o colapso da barbatana dorsal,
verificada em 60 a 90% dos machos cativos.
Já ocorreram alguns ataques ou acidentes com
orcas em cativeiro, envolvendo seres humanos.
Em 1991, um grupo de orcas foi responsável
pela morte de uma treinadora, Keltie Byrne,
em Sealand, Victoria, na Colúmbia Britânica
(onde os empregados não estavam autorizados
a permanecer na água com as orcas). Crê-se
que esta morte tenha sido provocada pelo
facto de as orcas não se aperceberem que o
ser humano não é capaz de sobreviver debaixo
de água, pelo que se julga que se trata
apenas de um comportamento brincalhão, mas
trágico.
O mesmo se acredita que tenha acontecido em
1999, no parque SeaWorld em Orlando,
Florida, onde uma orca terá alegadamente
matado um turista que entrou de forma sub-reptícia
na piscina, durante a noite. Há quem
acredite que o mesmo possa ter morrido de
hipotermia. No final de Julho de 2004,
durante um espetáculo no parque SeaWorld, em
San Antonio, Texas, uma orca empurrou o seu
instrutor (depois de dez anos de convívio
entre os dois) para debaixo de água,
impedindo-o de atingir a borda da piscina.
Só depois alguns minutos de angústia é que
os seus colegas o conseguiram salvar.
Outro incidente trágico envolvendo orcas
ocorreu em Agosto de 1989, quando uma fêmea
dominante, Kandu V, se atirou a uma orca
recém-chegada, Corky II, mordendo-a durante
um espetáculo aquático. Corky II tinha sido
trazida da Marineworld, na Califórnia apenas
alguns meses antes do acidente. De acordo
com testemunhos, ouviu-se uma dentada sonora
ao longo do estádio. Ainda que os
treinadores tenham tentado continuar o
espetáculo, a dentada provocou a
fragmentação do maxilar da orca atacante,
provocando o corte de uma artéria que
começou a jorrar sangue. Depois de evacuada
a multidão de espectadores e depois de uma
hemorragia de cerca de 45 minutos, Kandu V
morreu. Os opositores deste gênero de
espetáculo referem frequentemente estes
incidentes nas suas críticas e argumentos
para a sua abolição.
A SeaWorld continuou implicada em várias
práticas criticadas por movimentos a favor
dos direitos dos animais, como a manutenção
de orcas capturadas no meio selvagem. A
associação Born Free Foundation criticou
este empreendimento por manter em cativeiro,
após vários anos, a orca Corky II, que
queriam devolver à sua família no grupo (baleal)
A5 Pod — na Colúmbia Britânica, no
Canadá.Até ao final da década de 1970 que as
orcas eram apresentadas de forma negativa na
ficção, como predadores ferozes que os
heróis da história tinham de enfrentar para
salvar as presas. O exemplo mais extremo
talvez seja um filme que teve, aliás, pouca
aceitação do público: Orca onde se descreve
a história de uma orca que se decide vingar
dos seres humanos responsáveis pela morte do
seu companheiro (a história remete de
imediato para o argumento de Jaws - Tubarão,
de Steven Spielberg).
Contudo, a pesquisa sobre a vida destes
animais e a sua popularidade nos espetáculos
aquáticos reabilitou quase por completo a
imagem pública da espécie. De fato, o
público rapidamente concedeu a este animal o
estatuto de um respeitável e nobre predador,
o que não aconteceu, por exemplo, com outros
predadores, como o lobo, que continua a ter
uma posição menos favorecida no imaginário
popular.
O filme Free Willy (Libertem Willy, em
Portugal) (de 1993) focou, com algum sucesso,
a luta pela libertação de uma orca cativa. A
baleia assassina (um macho) usada nas
filmagens, Keiko, era originária de águas
islandesas. Depois da sua reabilitação no
Oregon Coast Aquarium em Newport, Oregon,
voltou para os países nórdicos, no seu
habitat natural, ainda que se mantivesse
dependente dos seres humanos, até à sua
morte, em Dezembro de 2003.
O derramamento de crude do petroleiro Exxon
Valdez teve um efeito particularmente
adverso na população de orcas do Alasca. Um
dos grupos de orcas foi apanhado pelo
derrame. Ainda que tenha consigo nadar para
águas limpas, onze membros do baleal (cerca
de metade) morreram nos dias e semanas
seguintes. O derramamento teve outros
efeitos a longo prazo, ao reduzir a
quantidade disponível de presas necessárias
para a alimentação. Em dezembro de 2004,
cientistas da North Gulf Oceanic Society
comprovou que o grupo AT1, agora apenas com
sete membros, estava afectado por alguma
forma de esterilidade, já que falhou, desde
então, qualquer tentativa de reprodução.
Espera-se que a sua população decresça até à
sua extinção.
Tal como outros animais de níveis tróficos
mais elevados da cadeia alimentar, a orca é
particularmente susceptível ao envenenamento
pela acumulação de bifenil policlorado (ou
PCBs) no corpo. Uma pesquisa efetuada sobre
orcas residentes ao longo da costa de
Washington demonstra que os níveis de PCB
são mais elevados nestes animais que os
níveis encontrados em espécimes de
foca-comum na Europa, envenenados e com a
sua saúde gravemente afetada por este
produto químico. Contudo, não há qualquer
evidência de doença nas orcas, ainda que se
suponha que tenha efeitos, por exemplo, na
taxa de reprodução que poderá decrescer no
futuro.
As orcas são obrigadas a enfrentar outras
ameaças ambientais, como a indústria
turística que, através da organização
extensiva de atividades de observação de
baleias, parece ter efeito em algumas
mudanças comportamentais destes animais. Foi
também provado que ruídos de elevada
intensidade em navios têm modificado a
frequência dos cantos e chamamentos
específicos da espécie.Guardians of the
Whales, Graeme Ellis and Bruce Obee,
Whitecap Books; Killer Whales, John K.B.
Ford, Graeme Ellis, Kenneth C. Balcomb, UBC
Press.
Orca: The Whale Called Killer, Erich Hoyt,
Camden House Publishing; Killer Whale, John
K.B. Ford, pp669–675 in the Encyclopedia of
Marine Mammals, Academic Press; National
Audubon Society Guide to Marine Mammals of
the World, Reeves, Stewart, Clapham and
Powell. Alfred A. Knopf.;
Kharakter vzaimootnoshenii kasatok i drugikh
kitoobraznykh in Morskie mlekopitayushchie (em
russo - existem outras transliterações
possíveis do título). A natureza das inter-relações
entre orcas e outros cetáceos I.V.Shevchenko,
1975 pp173–175. (Onde se descreve a
descoberta do caso de canibalismo entre
orcas).
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe:
Mammalia
Ordem: Cetacea
Subordem: Odontoceti |
Família:
Delphinidae
Género: Orcinus
Espécie: O. orca.
Nome binomial
Orcinus orca |
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Não
solte fogos,
eles causam câncer e atacam o
sistema neurológico e psicológico
das crianças, matam, maltratam e
adoece animais e humanos.
Não frequente zoológico, não compre
animais adote (1), você consumidor é
o culpado pela sua extinção, sem
animais e sem florestas não há como
sobreviver, só restará deserto... |
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'Não estamos
sozinhos neste planeta', ou
dividimos espaço com outras criaturas ou
morreremos, tenha consciência disso. Proteger as
árvores, animais, rios e mares é um dever
cívico. Faça sua parte, todos seremos
responsabilizados pelo que estamos fazendo de
mal a natureza. |
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