Átomo é uma
unidade básica de matéria que consiste num
núcleo central de carga elétrica positiva
envolto por uma nuvem de eletrões de carga
negativa. O núcleo atómico é composto por
protões e neutrões.
Os eletrões de um átomo estão ligados ao núcleo
por força eletromagnética. Da mesma forma, um
grupo de átomos pode estar ligado entre si
através de ligações químicas baseadas na mesma
força, formando uma molécula.
Um átomo que tenha o mesmo número de protões e
eletrões é eletricamente neutro, enquanto que um
com número diferente pode ter carga positiva ou
negativa, sendo desta forma denominado ião. Os
átomos são classificados de acordo com o número
de protões no seu núcleo: o número de protões
determina o elemento químico e o número de
neutrões determina o isó desse elemento.
Os átomos são objetos minúsculos cujo diâmetro é
de apenas algumas décimas de nanómetros e com
pouca massa em relação ao seu volume. A sua
observação só é possível com recurso a
instrumentos apropriados, como o microscópio de
corrente de tunelamento. Cerca de 99,94% da
massa atómica está concentrada no núcleo, tendo
os protões e neutrões aproximadamente a mesma
massa. Cada elemento possui pelo menos um
isó com nuclídeo instável que pode sofrer
decaimento radioativo.
Ilustração de um átomo de
hélio, na qual está representado o
núcleo (a rosa) e a distribuição da
nuvem de eletrões (a preto). O núcleo
(canto sup. dir.) no hélio-4 é simétrico
e asemelha-se muito à nuvem de eletrões,
embora em núcleos mais complexos isto
nem sempre se verifique. A escala
gráfica corresponde a um ångström (10−10
m ou 100 pm).
Classificação
A mais pequena divisão observável de um
elemento químico
Propriedades
Intervalo de massa:
de 1,67×10−27 a 4,52×10−25 kg
Carga elétrica:
zero (neutra), ou carga iónica
Intervalo de
diâmetro: de 62 pm (He) a 520 pm (Cs)
Componentes:
Eletrões e um núcleo compacto de protões
e neutrões |
Isto pode levar à
ocorrência de uma transmutação que altere o
número de protões ou neutrões no interior do
núcleo. Os eletrões ligados a átomos possuem um
conjunto estável de níveis energéticos, ou
orbitais atómicas, podendo sofrer transições
entre si ao absorver ou emitir fotões que
correspondam à diferença de energia entre esses
níveis. Os eletrões definem as propriedades
químicas de um elemento e influenciam as
propriedades magnéticas de um átomo. A mecânica
quântica é a teoria que descreve corretamente a
estrutura e as propriedades dos átomos.
Partícula
subatómica
Embora o significado
original do termo átomo correspondesse a uma
partícula que não pode ser dividida em
partículas menores, no contexto científico
contemporâneo o átomo é constituído por várias
partículas subatómicas: o eletrão, o protão e o
neutrão. No entanto, há exceções: um átomo de
hidrogénio-1 não tem neutrões e um ião
hidrogénio não tem eletrões. O eletrão é a
partícula com menor massa, com apenas 9,11
x10-31 kg, tendo carga elétrica negativa e uma
dimensão de tal modo reduzida que não é possível
a sua medição com a tecnologia atual. O protão
tem carga positiva e massa 1 836 vezes maior do
que a dos eletrões – 1,6726 x 10-27 kg. O
neutrão não possui carga elétrica e tem massa 1
839 vezes superior à massa do eletrão, ou 1,6929
x 10-27 kg. Neutrão e protão possuem dimensões
comparáveis, na ordem de 2,5 x10-15 m, embora a
superfície destas partículas não tenha contornos
precisos.
No modelo padrão da física de partículas, os
eletrões são partículas verdadeiramente
elementares sem qualquer estrutura interna. No
entanto, tanto os protões como os neutrões são
partículas compostas, formadas por partículas
denominadas quarks. Os protões são constituídos
por dois quarks up (cada um com carga +2⁄3) e um
quark down (com carga −1⁄3). Os neutrões são
constituídos por um quark up e dois quarks down.
Esta diferença é responsável pelos diferentes
valores de massa e carga entre as duas
partículas.
Os quarks mantêm-se unidos através da força
forte, mediada pelos gluões. Por outro lado, os
protões e neutrões mantêm-se unidos através da
força nuclear, um resíduo da força forte com
propriedades diferentes. O gluão é um membro da
família dos bosãos de calibre, que são
partículas elementares que medeiam a forças
físicas.
Núcleo
O conjunto dos protões e neutrões ligados entre
si num átomo formam um pequeno núcleo atómico.
Estes elementos que formam o núcleo são
denominados coletivamente por nucleões. O raio
de um núcleo é aproximadamente igual a 1,07 3√A
fm, onde A é o número total de nucleões.
Este valor é muito inferior ao raio do próprio
átomo, que é da ordem dos 105 fm. Os nucleões
mantêm-se unidos através de um potencial
atrativo de curto alcance denominado força
nuclear residual. A distâncias inferiores a 2,5
fm, esta força é muito mais poderosa que a força
eletrostática, o que faz com que os protões de
carga positiva se repelem mutuamente.
Os átomos de um mesmo elemento químico têm
sempre o mesmo número de protões, o qual é
denominado número atómico. Entre cada elemento,
o número de neutrões pode variar, determinando
desta forma o isó desse elemento. O número
total de protões e neutrões determina o nuclídeo.
O número de protões relativamente ao número de
neutrões determina a estabilidade do núcleo,
havendo determinados isós que são
radioativos.
Os neutrões e protões são tipos diferentes de
fermiões. O Princípio de exclusão de Pauli é um
princípio de mecânica quântica que proíbe que
fermiões idênticos, tais como múltiplos protões,
ocupem o mesmo estado físico quântico ao mesmo
tempo. Por conseguinte, todos os protões no
núcleo devem ocupar um estado diferente, com um
nível de energia próprio, aplicando-se a mesma
regra a todos os neutrões. Esta proibição não se
aplica a um protão e neutrão que ocupem o mesmo
estado quântico.
Nos átomos com números
atómicos baixos, um núcleo que tenha um número
de protões diferente do número de neutrões pode
decair para um estado de energia inferior
através de radioatividade, de forma a que o
número de protões e eletrões seja igualado. Por
este motivo, os átomos com número semelhante de
protões e neutrões são mais estáveis em relação
à radioatividade. No entanto, à medida que o
número atómico aumenta, a repulsa mútua entre os
protões requer uma proporção cada vez maior de
neutrões para manter a estabilidade do núcleo.
Assim, não existem núcleos estáveis com o mesmo
número de protões e neutrões acima do número
atómico 20 (cálcio) e, à medida que o valor
aumenta, o rácio entre protões e neutrões
necessário à estabilidade aumenta para cerca de
1,5.
O número de protões e neutrões no núcleo atómico
pode ser alterado, embora possa ser necessária
grande quantidade de energia para vencer a força
forte. A fusão nuclear ocorre quando várias
partículas atómicas se juntam para formar um
núcleo mais pesado, como no caso da colisão
entre dois núcleos. Por exemplo, no interior do
Sol os protões necessitam de energia na ordem
dos 3–10 keV para vencer a sua repulsa mútua - a
barreira de Coulomb - e se fundirem num único
núcleo. A fissão nuclear é o processo oposto, na
qual o núcleo se divide em dois núcleos menores,
normalmente através de radioatividade. O núcleo
também pode ser modificado através do bombardeio
com partículas subatómicas de elevada energia ou
fotões. Se isto modificar o número de protões
dentro do núcleo, o átomo muda para um elemento
químico diferente.
|
Ilustração de um
processo de
fusão nuclear. Dois protões dão
origem a um núcleo de deutério com um
protão e um neutrão. Durante o processo
são emitidos um positrão (e+) – um
eletrão antimatéria – e um neutrino. |
Se, depois de uma reação de fusão, a massa de um
núcleo for menor que a soma das massas das
várias partículas, a diferença entre estes dois
valores pode ser emitida através de energia útil
(como raios gama ou a energia cinética de uma
partícula beta), tal como descrito na fórmula de
equivalência massa-energia de Einstein E = mc2,
na qual m é a perda de massa e c é a velocidade
da luz. Este défice é parte da energia de
ligação do novo núcleo, sendo a perda
irrecuperável de energia que faz com que as
partículas fundidas se mantenham juntas.
A fusão de dois núcleos que dêem origem a
núcleos maiores com números atómicos inferiores
aos do ferro e níquel (60) é geralmente uma
reação exotérmica que libera mais energia do que
aquela necessária para os fundir.
É este processo de libertação de energia que faz
da fusão nuclear em estrelas uma reação auto-sustentável.
Em núcleos mais pesados, a energia de ligação
por cada nucleão dentro do núcleo começa a ser
cada vez menor. Isto significa que os processos
de fusão que produzam núcleos com número atómico
superior a 26 e massa atómica superior a 60 são
reações endergónicas. Estes núcleos de maior
massa não são capazes de dar origem a uma reação
de fusão produtora de energia que sustente o
equilíbrio hidrostático de uma estrela.
Nuvem de eletrões
Os eletrões de um átomo são atraídos para os
protões do núcleo por meio da força
eletromagnética. Esta força prende os eletrões
no interior de um poço de potencial
eletrostático em redor do núcleo mais pequeno, o
que significa que é necessária uma fonte de
energia externa para o eletrão escapar. Quando
mais perto está o eletrão do núcleo, maior a
força de atração. Assim, os eletrões que estejam
ligados mais perto do centro do poço de
potencial requerem mais energia para escapar do
que aqueles na periferia.
Os eletrões, tal como outras partículas, têm
propriedades tanto de partícula como de onda. A
nuvem de eletrões é uma região no interior do
poço de potencial na qual cada eletrão forma um
tipo de onda estacionária tridimensional - uma
onda que não se move em relação ao núcleo. Este
comportamento é definido por uma orbital atómica,
uma função matemática que caracteriza a
probabilidade de um eletrão aparentar estar em
determinada localização quando a sua posição é
medida. Só existe um número limitado de orbitais
em redor do núcleo, uma vez que outros possíveis
padrões de onda rapidamente decaem para formas
mais estáveis.
As orbitais podem ter um ou mais anéis ou nós, e
diferem entre si em termos de tamanho, forma e
direção.
Cada orbital atómica
corresponde a um determinado nível de energia de
um eletrão. Um eletrão pode alterar o seu estado
para um nível de energia superior ao absorver um
fotão com energia suficiente para o impulsionar
para o novo estado quântico. De forma semelhante,
através de emissão espontânea, um eletrão que se
encontre num estado superior de energia pode
descer para um estado inferior ao emitir a
energia em excesso através de fotões. Estes
valores de energia característicos, definidos
pelas diferenças de energia nos estados
quânticos, são responsáveis pelas linhas
espectrais atómicas.
A quantidade de energia necessária para remover
ou acrescentar um eletrão - a energia de ligação
de eletrões – é muito inferior à energia de
ligação de nucleões. Por exemplo, só são
necessários 13,6 eV para remover um eletrão de
um átomo de hidrogénio que esteja no nível
fundamental, em comparação com os 2.23 milhões
eV para dividir um núcleo de deutério.
Os átomos são eletricamente neutros quando têm
um número igual de protões e eletrões. Os átomos
que têm défice ou excesso de eletrões são
denominados iões. Os eletrões mais afastados do
núcleo podem ser transferidos para outros átomos
ou partilhados entre átomos. Através deste
mecanismo, os átomos são capazes de se ligar em
moléculas ou outros tipos de compostos químicos
como cristais iónicos ou covalentes.
Propriedades
nucleares
Por definição, quaisquer
dois átomos com número idêntico de protões nos
seus núcleos pertencem ao mesmo elemento químico.
Átomos com número idêntico de protões, mas
diferente número de neutrões são diferentes
isós do mesmo elemento. Por exemplo, todos
os átomos de hidrogénio admitem exatamente um
único protão, mas existem isós sem neutrões
(hidrogénio-1), um neutrão (deutério), dois
neutrões (trítio) e mais do que dois neutrões.
Os elementos conhecidos formam um conjunto de
números atómicos, desde o hidrogénio, com apenas
um único protão, até ao ununóctio, com 118
protões. Todos os isós conhecidos de
elementos com números atómicos maiores do que 82
são radioativos.
Na Terra existem naturalmente cerca de 339
nuclídeos, dos quais não se observou qualquer
decaimento em 254 deles (aprox. 75%), sendo
assim denominados isós estáveis. No entanto,
em teoria só em 90 destes nuclídeos é que não é
possível ocorrer decaimento. Nos 164 restantes,
embora ainda não tenha sido observado qualquer
decaimento, em teoria é possível que isso
aconteça (no entanto, são igualmente
classificados como estáveis).
Para além destes, 34 nuclídeos radioativos têm
uma meia-vida superior a 80 milhões de anos e um
ciclo de vida suficiente grande para estarem
presentes desde o nascimento do sistema solar.
Os elementos deste conjunto de 288 nuclídeos são
denominados nuclídeos primordiais. Conhece-se
ainda mais 51 nuclídeos de vida curta que
ocorrem de forma natural, enquanto produto do
decaimento de nuclídeos primordiais (como o
rádio a partir do urânio), ou produto de
processos energéticos naturais na Terra, como o
bombardeio de raios cósmicos (por exemplo, o
carbono-14).
Existe pelo menos um
isó estável em 80 elementos químicos. Regra
geral, existem poucos isós estáveis para
cada um destes elementos. Em média existem 3,2
isós estáveis por cada elemento, embora
vinte e seis elementos tenham apenas um único
isó estável. O estanho tem o maior número de
isós estáveis (10). Os elementos Tecnécio,
Promécio, e todos os elementos iguais ou
superiores ao Bismuto não têm isós estáveis.
A estabilidade dos isós é influenciada pela
proporção entre protões e neutrões e pela
presença de determinados números de neutrões e
protões que representam camadas quânticas
abertas e fechadas. e preenchidas. Estas camadas
correspondem a um conjunto de níveis de energia
no interior do modelo de camadas do núcleo. As
camadas preenchidas, como a camada preenchida de
50 protões no estanho, oferece ao nuclídeo uma
estabilidade acima do normal.
Entre os 254 nuclídeos conhecidos, apenas quatro
têm simultaneamente um número ímpar de protões e
um número ímpar de neutrões: hidrogénio-2 (deutério),
lítio-6, boro-10 e nitrogénio-14. Apenas quatro
dos nuclídeos radioativos ímpar-ímpar que
ocorrem naturalmente têm uma meia-vida superior
a mil milhões de anos: potássio-40, vanádio-50,
lantânio-138 e tântalo-180m. A maior parte dos
núcleos ímpar-ímpar são altamente instáveis no
que diz respeito ao decaimento beta, uma vez que
os produtos do decaimento são par-par e por esse
motivo ligados de maneira mais forte.
Massa atómica e número de massa
A grande maioria da massa de um átomo vem dos
protões e neutrões que o constituem. O número
total destas partículas (denominadas nucleões)
em determinado átomo denomina-se número de massa.
O número de massa é um número inteiro simples e
representa unidades de nucleões. Por exemplo,
"carbono-12" tem doze nucleões: seis protões e
seis neutrões.
A massa de um átomo em repouso é geralmente
expressa através da unidade de massa atómica
(u), por vezes também designada por dalton (Da).
Esta unidade corresponde a um duodécimo da massa
de um átomo neutro livre de carbono-12, o que
corresponde a aproximadamente 1,66 x10-27 kg. O
hidrogénio-1, o mais leve isó de hidrogénio
e o átomo com menor massa, tem um peso atómico
de 1,007825 u.
O valor deste número é denominado massa atómica.
Um dado átomo tem uma massa atómica
aproximadamente igual (± 1%) ao seu número de
massa vezes a massa da unidade de massa atómica.
No entanto, este número não será um número
inteiro exceto no caso do carbono-12. O átomo
estável mais pesado é o chumbo-208, com
207,9766521 u de massa.
Como até os átomos de maior massa são muito
leves para que se possa trabalhar diretamente
neles, os químicos usam a unidade Mole. Um mole
de átomos de qualquer elemento tem sempre o
mesmo número de átomos (cerca de 6,022 x1023).
Este número foi escolhido de forma a que se um
elemento tiver uma massa atómica de 1 u, um mole
de átomos desse elemento tenha uma massa próxima
de um grama. Em função da definição da unidade
de massa atómica, cada átomo de carbono-12 tem
uma massa atómica de exatamente 12 u, e portanto
um mole de carbono-12 pesa exatamente 0,012 kg.
Tamanho e forma
Raio atómico
Os átomos não possuem uma fronteira exterior
definida, pelo que a sua dimensão é normalmente
descrita em termos de raio atómico. Esta medida
corresponde à distância de afastamento da nuvem
de eletrões em relação ao núcleo central. Porém,
isto assume que o átomo apresenta uma forma
esférica, o que só se verifica no vácuo. O raio
atómico pode ser derivado da distância entre
dois núcleos quando dois átomos estão unidos por
uma ligação química. O raio varia em função da
localizaç������������������o do átomo na tabela periódica, do
tipo de ligação química, do número de átomos
vizinhos (número de coordenação) e de uma
propriedade de mecânica quântica denominada
spin.
Na tabela periódica, o tamanho do átomo tende a
aumentar à medida que se desce as colunas, mas
diminui quando se cruza as linhas da esquerda
para a direita. O átomo de menor dimensão é o
hélio, com um raio de 32 pm. Um dos maiores é o
césio com 225 pm.
Quando sujeitos a campos
externos, como um campo elétrico, a forma dos
átomos pode-se desviar em relação à esfera. A
deformação depende da magnitude do campo e do
tipo de órbita das camadas exteriores de
eletrões. Os desvios aesféricos podem ser
observados, por exemplo, em cristais, nos quais
se pode verificar a ocorrência de grandes campos
elétricos em pontos de baixa simetria na malha
cristalina.
Tem-se também verificado a ocorrência de
deformações elipsoidais muito significativas em
iões de enxofre nos compostos semelhantes a
pirite.
As dimensões atómicas são milhares de vezes mais
pequenas do que os comprimentos de onda da luz
(400–700 nm), pelo que não podem ser observados
através de um microscópio óptico. No entanto, é
possível observar átomos individuais através de
um microscópio de corrente de tunelamento. Para
ter uma noção de grandeza do átomo, considere-se
que um cabelo humano normal tem cerca de um
milhão de átomos de largura.
Uma gota de água contém
cerca de dois mil trilhões (221) de átomos de
oxigénio e o dobro desse valor de átomos de
hidrogénio.
Um diamante de um quilate com uma massa de ×10
kg contém dez mil trilhões (1022) de átomos de
carbono. Se uma maçã fosse ampliada para o
tamanho da Terra, os átomos teriam
aproximadamente o tamanho da maçã original.
Radioatividade
Cada elemento tem um ou
mais isós de núcleo instável que estão
sujeitos a emissão radioativa, o que faz com que
o núcleo emita partículas de radiação
eletromagnética. A radioatividade pode ocorrer
quando o raio de um núcleo tenha uma grande
dimensão quando comparado com o raio da força
forte, o qual só tem efeito em distâncias na
ordem de 1 fm.
As formas mais comuns de emissão radioativa são:
Emissão alfa: este
processo ocorre quando o núcleo emite uma
partícula alfa, que é um núcleo de hélio que
consiste em dois protões e dois neutrões. O
resultado desta emissão é um novo elemento com
um número atómico inferior.
Emissão beta (e captura
eletrónica): estes processos são regulados pela
força fraca e são o resultado da transformação
de um neutrão num protão, ou de um protão num
neutrão. A transição de neutrão para protão é
acompanhada pela emissão de um eletrão e de um
antineutrino, enquanto que a transição de protão
para neutrão (excepto no caso da captura
eletrónica) causa e emissão de um positrão e de
um neutrino. As emissões de eletrões ou
positrões são denominadas partículas beta. O
decaimento beta aumenta ou diminui em um o
número atómico do núcleo.
A captura de eletrões é mais comum do que a
emissão de positrões, uma vez que requer menos
energia. Neste tipo de decaimento, o núcleo
absorve um eletrão, em vez de o positrão ser
emitido pelo núcleo. Neste processo, o neutrino
continua a ser emitido e o protão é alterado
para neutrão.
Emissão gama: este
processo é o resultado de uma alteração do nível
de energia do núcleo para um estado inferior,
resultando na emissão de radiação
eletromagnética. O estado de excitação de um
núcleo que resulte em emissão gama normalmente
ocorre após a emissão de partículas alfa ou
beta. Assim, uma emissão gama sucede geralmente
a uma emissão alfa ou beta.
Os restantes tipos mais raros de emissão
radioativa incluem a ejeção de neutrões, protões
ou grupos de nucleões a partir do núcleo, ou
mais do que uma partícula beta.
A conversão interna é um processo análogo à
emissão gama, mas que permite ao núcleo excitado
perder energia de forma diferente, ao produzir
eletrões de alta velocidade que não são raios
beta, seguidos pela produção de fotões de
elevada energia que não são raios gama.
Alguns núcleos de grande
dimensão explodem em dois ou mais fragmentos,
com carga elétrica e de massa variada, e de
vários neutrões, numa emissão denominada fissão
nuclear espontânea.
Cada isó radioativo
tem um período de emissão ou decaimento
característico - a meia-vida - que é determinado
pela quantidade de tempo necessária para o
decaimento de metade de uma amostra. Trata-se de
um processo de decaimento exponencial que
diminui de forma constante a proporção do
isó restante em 50% a cada meia-vida. Desta
forma, depois de duas meias-vidas, só 25% do
isó é que está presente, e assim por diante.
Momento magnético
As partículas elementares possuem uma
propriedade mecânica quântica intrínseca
denominada spin. Isto é análogo ao momento
angular de um objeto em rotação à volta do seu
centro de massa, embora em termos precisos se
acredite que estas partículas sejam similares a
pontos e não se possa dizer que estejam em
rotação. O spin é medido em unidades da
constante de Planck reduzidas (h), tendo os
eletrões, protões e neutrões todos um spin de ½
ħ. Num átomo, para além do spin, os eletrões em
movimento ao redor do núcleo possuem momento
angular orbital, enquanto que o próprio núcleo
possui momento angular devido ao spin nuclear.
O campo magnético produzido por um átomo - o seu
momento magnético - é determinado por estas
diferentes formas de momento angular, uma vez
que um objeto com carga elétrica em rotação
produz um campo magnético.
No entanto, a principal contribuição vem do
próprio spin. Devido à natureza dos eletrões em
obedecer ao princípio de exclusão de Pauli, pelo
qual dois eletrões podem apresentar o mesmo
estado quântico, os eletrões ligados emparelham-se
entre si, ficando um dos membros num estado de
spin positivo e o outro num estado de spin
negativo. Assim, os spins cancelam-se mutuamente,
diminuindo o momento de dipolo magnético para
zero em determinados átomos com número par de
eletrões.
Em elementos
ferromagnéticos como o ferro, o número ímpar de
eletrões leva a que haja um eletrão não
emparelhado e a que exista um momento magnético.
As órbitas de átomos vizinhos sobrepõem-se, e
quando os spins de eletrões se alinham entre si
atinge-se um estado de energia inferior
denominado interação de troca.
Quando os momentos
magnéticos dos átomos ferromagnéticos se
encontram alinhados, o material é capaz de
produzir um campo macroscópico mensurável. Os
materiais paramagnéticos possuem átomos com
momentos magnéticos que, na ausência de campos
magnéticos, se alinham em direções aleatórias,
mas em que na presença de um campo se alinham
individualmente.
O núcleo de um átomo pode também possuir spin
próprio, ou spin nuclear. Normalmente, os
núcleos estão alinhados em direções aleatórias
devido ao equilíbrio térmico. No entanto, para
determinados elementos (como o xénon-129) é
possível polarizar uma grande proporção dos
estados de spin nuclear para que sejam alinhados
na mesma direção - uma condição denominada "hiperpolarização"
- o que tem aplicações notáveis na ressonância
magnética.
Níveis de energia
Quando um eletrão se
encontra ligado a um átomo, possui energia
potencial inversamente proporcional à sua
distância em relação ao núcleo. Isto é medido
pela quantidade de energia necessária para
separar o eletrão do átomo, sendo geralmente
expressa em unidade de elétrão-volt (eV). No
modelo mecânico quântico, um eletrão ligado
apenas pode ocupar um conjunto de estados com
centro no núcleo, em que cada estado corresponde
a um nível específico de energia. O estado de
energia mínima de um eletrão ligado denomina-se
estado fundamental , enquanto que a transição
para níveis mais altos de energia resulta num
estado excitado.
Para um eletrão poder transitar entre dois
estados diferentes, deve absorver ou emitir um
fotão cuja energia corresponda à diferença entre
os potenciais de energia desses níveis. A
energia de um fotão emitido é proporcional à sua
frequência, fazendo com que estes níveis de
energia específicos apareçam como bandas
distintas no espectro eletromagnético.
Cada elemento tem um
espectro característico que pode variar em
função da carga nuclear, de subcamadas
preenchidas por eletrões e de interações
eletromagnéticas entre os eletrões e outros
fatores.[
Quando se passa um
espectro contínuo de energia através de um gás
ou plasma, alguns dos fotões são absorvidos
pelos átomos, causando alterações nos níveis de
energia dos eletrões. Os eletrões assim
excitados que permaneçam ligados ao seu átomo
vão, de forma espontânea, emitir esta sobrecarga
de energia através de um fotão que se
movimentará numa direção aleatória, levando a
que o eletrão regresse aos níveis de energia
anteriores.
Assim, os átomos comportam-se
como um filtro que forma uma série de bandas de
absorção no espectro de energia. A medição
espectroscópica da força e largura das linhas
espectrais permite determinar a composição e
propriedades físicas de uma substância.
Quando observadas ao
pormenor, algumas linhas espectrais revelam a
existência de um desdobramento em estrutura fina.
Isto ocorre devido à interação spin-órbita, uma
interação entre o spin e movimento do eletrão
mais afastado do centro.
Quando um átomo se
encontra num campo magnético exterior, as linhas
espectrais dividem-se em três ou mais
componentes; um fenómeno denominado efeito
Zeeman. Isto é causado pela interação do campo
magnético com o momento magnético do átomo e dos
seus eletrões. Alguns átomos podem ter múltiplas
configurações eletrónicas com o mesmo nível de
energia, aparecendo assim como uma única linha
espectral.
A interação do campo magnético com o átomo
altera estas configurações eletrónicas para
níveis de energia ligeiramente diferentes, o que
resulta em várias linhas espectrais.
A presença de um campo elétrico externo pode
provocar nas linhas espectrais desdobramentos e
alterações semelhantes, ao modificar os níveis
de energia dos eletrões, um fenómeno denominado
efeito Stark.
Se um eletrão ligado se encontra num estado
excitado, um fotão que com ele interaja e tenha
um nível de energia apropriado pode provocar a
emissão estimulada de um fotão com um nível de
energia correspondente. Para que isto ocorra, o
eletrão deve descer para um estado energético
inferior e que tenha um diferencial de energia
correspondente à energia do fotão que com ele
interage.
O fotão emitido e o fotão de interação irão
então mover-se paralelamente e com fases iguais.
Isto é, os padrões de onda dos dois fotões vão-se
sincronizar. Esta propriedade física é usada
para produzir lasers, que são capazes de emitir
um raio coerente de luz através numa banda de
frequência estreita.
Valência (química)
A camada eletrónica mais afastada do núcleo de
um átomo no estado neutro é denominada camada de
valência, sendo os eletrões nessa camada
denominados eletrões de valência. A quantidade
de eletrões de valência determina o
comportamento da ligação com outros átomos. Os
átomos tendem a reagir quimicamente entre si de
forma a que a sua camada de valência seja
preenchida.
Os elementos químicos são geralmente
representados numa tabela periódica, organizada
de forma a mostrar as principais propriedades
químicas e na qual os elementos com o mesmo
número de eletrões de valência formam um grupo
alinhado ao longo da mesma coluna na tabela. Os
elementos mais à direita da tabela têm a sua
camada externa completamente preenchida com
eletrões, o que dá origem a elementos
quimicamente inertes conhecidos como gases
nobres.
Estados
Os átomos encontram-se em diferentes estados de
matéria, que dependem de condições físicas como
a temperatura ou pressão. Ao serem alteradas as
condições, os materiais podem alternar entre os
estados sólido, líquido, gasoso ou plasmático.
Dentro de um determinado
estado, um material pode também existir em
diferentes fases. Por exemplo, o carbono sólido
pode existir enquanto grafite ou diamante.
A temperaturas próximas do zero absoluto, os
átomos podem formar um condensado de
Bose-Einstein, no qual os efeitos mecânicos
quânticos, que geralmente só são observados a
uma escala atómica, se tornam visíveis a uma
escala macroscópica.
Este grupo de átomos extremamente arrefecido
comporta-se então como um único átomo, o que
permite observações fundamentais do
comportamento mecânico.
Origem e evolução
Os átomos formam cerca de 4% da densidade total
do universo observável, a uma densidade média de
cerca de 0,25 átomos/m3.[66] Numa galáxia como a
Via Láctea, os átomos encontram-se em
concentrações muito maiores. A densidade da
matéria no meio interestelar varia entre 105 e
109 átomos/m3.
Acredita-se que o Sol
esteja no interior da Bolha Local, uma região de
gás altamente ionizado, pelo que a densidade à
volta do sistema solar é de apenas 103 átomos/m3.
As estrelas formam-se a partir de nuvens densas
no meio interestelar, cujo processo evolutivo
provoca o enriquecimento desse mesmo espaço com
elementos com maior massa do que o hidrogénio ou
o hélio.
Cerca de 95% dos átomos da
via láctea estão concentrados no interior das
estrelas e a massa total dos átomos forma cerca
de 10% da massa da galáxia.[69] O restante da
massa é matéria escura desconhecida.
Nucleossíntese
Os protões e eletrões estáveis apareceram um
segundo depois do Big Bang. Durante os três
minutos seguintes, a nucleossíntese primordial
produziu a maior parte dos átomos de hélio,
lítio e deutério no universo e, provavelmente,
alguns dos de berílio e boro.
Os primeiros átomos (completos com eletrões a si
ligados) foram, em teoria, criados 380 000 anos
após o Big Bang, durante uma era denominada
recombinação, quando o universo em expansão
arrefeceu o suficiente para permitir aos
eletrões ligarem-se aos núcleos. A partir de
então, os núcleos atómicos têm-se combinado no
interior das estrelas através de fusão nuclear,
produzindo elementos até ao ferro.
Outros isós, como o
lítio-6, são gerados no espaço através da
espalação de raios cósmicos. Este fenómeno
ocorre quando um protão de elevada energia
atinge um núcleo atómico, o que causa a ejeção
de um grande número de nucleões. Os elementos
mais pesados que o ferro foram produzidos em
supernovas através do Processo R e em estrelas
AGB através do Processo-S, ambos envolvendo a
captura de neutrões pelo núcleo atómico.
Determinados elementos,
como o chumbo, foram formados essencialmente
através do decaimento radioativo de outros
elementos mais pesados.
Terra
A maior parte dos átomos que constituem a Terra
e os seres vivos já estavam presentes, na sua
forma atual, na nebulosa que formou o sistema
solar a partir de uma nuvem molecular. O
restante é o resultado de decaimento radioativo,
sendo a proporção entre ambos usada na
determinação da idade da Terra através de
datação radiométrica.[79] [80] A maior parte do
hélio na crosta da Terra é resultado da emissão
alfa.
Há alguns átomos na Terra
que não estão presentes desde o início (isto é,
que não são primordiais) nem são resultado de
decaimento radioativo. Por exemplo, o carbono-14
é gerado continuamente através dos raios
cósmicos na atmosfera.
Alguns átomos são gerados
artificialmente, quer deliberadamente ou
enquanto subprodutos de reatores ou explosões
nucleares.
Entre os elementos transurânicos – aqueles com
número atómico superior a 92 – só o neptúnio
ocorre naturalmente na Terra.[85] [86] Os
elementos transurânicos têm períodos de vida
radioativa mais curtos do que a idade atual da
Terra, pelo que algumas quantidades destes
elementos já decaíram por completo, à exceção de
vestígios de plutónio-244, provavelmente
depositado por poeira cósmica.
Os depósitos naturais de plutónio e neptúnio são
produzidos por captura de neutrões em minério de
urânio.
A Terra contém aproximadamente 1,33 x 1050
átomos. Existem na atmosfera pequenas quantidade
de átomos independentes que formam os gases
nobres, como o árgon e o néon.
Os restantes 99% de átomos na atmosfera
encontram-se ligados na forma de moléculas,
entre as quais dióxido de carbono e oxigénio e
nitrogénio diatómicos. Na superfície terrestre,
os átomos combinam-se entre si para formar
vários compostos, entre os quais a água o sal,
silicatos e óxidos. Os átomos podem também unir-se
para criar materiais mais complexos, como
cristais e metais líquidos e sólidos.
Formas raras e
teóricas
Embora se saiba que os
isós com número atómico maior do que o
chumbo (82) são radioativos, tem sido proposta
uma "ilha de estabilidade" na qual se incluiriam
números atómicos superiores a 103. Estes
elementos superpesados podem ter um núcleo que
seja relativamente estável contra o decaimento
radioativo.
O candidato mais provável a um átomo superpesado,
o unbi-héxio, possui 126 protões e 184 neutrões.
Cada partícula de matéria
possui uma partícula de antimatéria
correspondente, com carga elétrica oposta. Assim,
o positrão é um antieletrão com carga positiva e
o antiprotão é equivalente ao protão, mas de
carga negativa. Por razões ainda desconhecidas,
as partículas de antimatéria são raras no
universo, pelo que não foram ainda descobertos
átomos de antimatéria. O anti-hidrogénio, o
correspondente antimatéria ao hidrogénio, foi
pela primeira vez produzido no laboratório do
CERN em Genebra em 1996.
Têm vindo a ser criados
mais átomos exóticos, através da substituição de
um dos protões, neutrões ou eletrões por outras
partículas com a mesma carga. Por exemplo, é
possível substituir um eletrão por um muão, mais
massivo, dando origem a um átomo muónico. Este
tipo de átomos pode ser usado para testar as
hipóteses fundamentais de física.
Identificação
O microscópio de corrente de tunelamento é um
aparelho que permite observar a superfície de
átomos e moléculas com uma resolução muito
superior à dos microscópios ópticos ou
eletrónicos, através do fenómeno de tunelamento
quântico. Utiliza-se uma agulha microscópica, à
qual se aplica uma pequena diferença de
potencial de cerca de 10mV. Quando a agulha é
colocada suficientemente perto da superfície
(~10A), os eletrões da amostra começam a tunelar
em direção à sonda, o que provoca uma corrente
elétrica denominada corrente de tunelamento, que
pode ser medida.
Um átomo pode ser ionizado através da remoção de
um dos seus eletrões. A carga elétrica faz com
que a trajétória de um átomo se curve quando
atravessa um campo magnético. O raio de
curvatura é determinado pela massa do átomo. O
espectrómetro de massa usa este princípio para
medir o rácio massa/carga dos iões. Se uma
amostra contém vários isós, o espectrómetro
de massa consegue determinar a proporção de cada
isó na amostra medindo a intensidade dos
diferentes raios dos iões.
Entre as técnicas para vaporizar átomos contam-se
a espectrometria de emissão atómica por plasma
acoplado indutivamente e espectrometria de massa
por plasma acoplado indutivamente, ambas usando
plasma para vaporizar amostras para análise.
A espectroscopia de perda de energia de eletrões
mede a perda de energia de um raio de eletrões
no interior de um microscópio eletrónico de
transmissão no momento em que esse raio interage
com uma parte da amostra. A tomografia de sonda
atómica tem uma resolução tridimensional sub-nanométrica
e pode identificar quimicamente átomos
individuais usando espectrometria de massa de
tempo de voo.
Os espectros de estados excitados podem ser
usados para analisar a composição atómica de
estrelas distantes. Os comprimentos de onda
específicos contidos na luz que é emitida pelas
estrelas podem ser separados e comparados com as
transições em átomos de gás livres.
Estas cores podem então
ser replicadas usando uma lâmpada de descarga de
gás que contenha o mesmo elemento. Foi através
deste método que se descobriu o hélio no Sol, 23
anos antes de ser encontrado na Terra.
Historia da
teoria atómica
O termo átomo tem origem no grego ἄτομος (atomos,
"indivisível"), formado a partir de ἀ- (a-, "não")
e τέμνω (temnō, "cortar"),[108] o que significa
qualquer coisa que não pode ser cortada ou que é
indivisível.
O conceito de átomo enquanto componente
indivisível da matéria foi inicialmente proposto
por filósofos gregos e indianos. Só nos séculos
XVIII e XIX é que foi estabelecida a explicação
física para esta ideia, ao se ter verificado que
havia um limite físico a partir do qual não era
possível dividir determinadas substâncias
através de métodos químicos.
Esse limite era muito
semelhante àquilo que o conceito filosófico de
átomo da antiguidade descrevia. Durante o final
do século XIX e início do século XX, foram
descobertos vários componentes subatómicos e
estruturas no interior do átomo, demonstrando
assim que o "átomo químico" podia na realidade
ser dividido, embora o nome tenha permanecido
até aos nossos dias.
Antiguidade
O conceito de que a matéria é constituída por
unidades individuais e que não pode ser dividida
em quantidades cada vez mais pequenas de forma
arbitrária existe desde a Antiguidade. No
entanto, este conceito tinha por base noções
filosóficas, e não o experimentalismo ou a
observação empírica. A natureza dos átomos em
filosofia variou consideravelmente ao longo do
tempo e entre culturas e escolas de pensamento,
tendo muitas vezes associados elementos
espirituais. As primeiras referências ao
conceito de átomo datam da antiguidade indiana
no século VI a.C.
As escolas Nyaya e Vaisheshika desenvolveram
teorias complexas sobre como os átomos se
combinavam entre si para formar objetos mais
complexos, primeiro em pares e depois em trios
de pares.
No Ocidente, as primeiras referências aos átomos
surgem um século mais tarde com Leucipo, cujo
pensamento foi sistematizado pelo seu aluno
Demócrito, que por volta 450 a.C. cunhou o termo
átomos. Embora nos conceitos indiano e grego os
átomos se baseassem exclusivamente na filosofia,
a ciência moderna viria a adotar séculos mais
tarde o nome proposto por Demócrito.
Primeiras teorias
científicas
Até ao desenvolvimento da
química pouco ou nenhum progresso ocorreu no
conceito de átomo. No entanto, o conceito básico
de átomo explicava de forma precisa as novas
descobertas que estavam a acontecer no campo da
química.
Em 1661, o filósofo
naturalista Robert Boyle publicou The Sceptical
Chymist, em que argumentava que a matéria era
constituída por várias combinações de "corpúsculos"
ou átomos, em vez dos elementos clássicos da
terra, ar, fogo e água.
A obra também forneceu a primeira definição de "elemento
químico": um corpo simples e não misturado que
não pode ser feito de outro corpo. Embora esta
definição tenha sido negligenciada ao longo do
século seguinte, o trabalho de Boyle é hoje
considerado um marco da história da química por
separar a alquimia da química.
É uma definição semelhante de elemento químico
que consta no Traité Élémentaire de Chimie,
escrito em 1789 pelo nobre e investigador
científico francês Antoine Lavoisier, e que
viria a dominar a química no século seguinte.
Ao longo do século XVIII,
foram descobertos diversos elementos químicos,
tais como a platina (1735), o níquel (1751), o
magnésio (1755) e o oxigénio (1771).
Porém, ainda não havia
sido formulada uma teoria que explicasse uma
relação inequívoca entre os átomos e os
elementos químicos. Com a sistematização da Lei
das proporções definidas por Joseph Louis Proust
e a lei da conservação da massa por Antoine
Lavoisier, foi consolidado o conhecimento que
permitiu ao inglês John Dalton explicar em 1803,
a partir do conceito de átomo, o motivo pelo
qual os elementos reagem sempre numa pequena
razão de números inteiros e o porquê de certos
gases se dissolverem melhor na água do que
outros.
Dalton propôs que cada elemento fosse
constituído por átomos de um único tipo e que
grupos de átomos diferentes formariam os
compostos químicos. Isto possibilitou o cálculo
da massa atómica relativa dos átomos e a
identificação de uma relação inequívoca entre um
dado átomo e o respectivo elemento químico. Por
esse feito, Dalton é considerado o pioneiro da
teoria atómica moderna.
Em 1817 Johann Wolfgang
Döbereiner observou que os elementos podiam ser
agrupados em grupos de três com propriedades
semelhantes, ideia também desenvolvida por
Leopold Gmelin que identificou grupos de quatro
ou cinco elementos com propriedades semelhantes.
A ideia de organizar os elementos conforme as
suas propriedades foi mais tarde desenvolvida
por outros cientistas como Alexandre-Emile
Béguyer de Chancourtois, Julius Lothar Meyer e
John Newlands, culminando com a publicação da
tabela periódica de Dmitri Mendeleev em 1871. Ao
contrário das tabelas anteriores, a tabela
proposta por Mendeleev antevia as propriedades
de elementos que ainda não tinham sido isolados
e dispunha de espaços vazios na sua estrutura
para posterior preenchimento.
A teoria das partículas (e, por conseguinte, a
teoria atómica) foi validada em 1827, quando o
botânico Robert Brown observou ao microscópio
partículas de pó a flutuar na água e descobriu
que se moviam erraticamente – um fenómeno que
veio a ficar conhecido como movimento browniano.
Em 1877, J. Desaulx
sugeriu que o fenómeno era causado pelo
movimento térmico das moléculas de água e, em
1905, Albert Einstein publicou a primeira
descrição matemática desse movimento,
confirmando assim a hipótese.
O físico francês Jean Perrin utilizou o trabalho
de Einstein para determinar experimentalmente a
massa e a dimensão dos átomos, o que constituiu
uma forte evidência experimental a favor da
teoria atómica de Dalton.
Descoberta do
eletrão e do núcleo
O físico Joseph John Thomson, através do seu
trabalho com raios catódicos em tubos de
Crookes, descobriu em 1897 o eletrão e a sua
natureza subatómica, o que destruiu o conceito
de átomos enquanto unidades indivisíveis.
O tubo de Crookes consiste numa ampola que
contém apenas vácuo e um dispositivo elétrico
que faz os eletrões de qualquer material
condutor saltar e formar feixes, que são os
próprios raios catódicos. Thomson descobriu que
os raios catódicos são afetados por campos
elétricos e magnéticos, e deduziu que a deflexão
dos raios catódicos por estes campos são desvios
de trajetória de partículas muito pequenas de
carga negativa – os eletrões. Thomson acreditava
que os eletrões se encontravam distribuídos pelo
átomo, com a respetiva carga elétrica
equilibrada pela presença de um mar uniforme de
carga positiva – o modelo atómico de Thomson.
No entanto, em 1909, um grupo de investigadores
sob a orientação do físico Ernest Rutherford
bombardeou uma folha de outro com iões de hélio
e descobriu que uma pequena percentagem era
defletida com ângulos muito maiores do que
aqueles que eram previsíveis segundo o modelo de
Thomson.
Rutherford interpretou a experiência da folha de
ouro como uma sugestão de que a carga positiva
de um átomo e a maioria da sua massa estavam
concentradas num núcleo no centro do átomo,
enquanto os eletrões orbitavam à sua volta de
forma semelhante aos planetas à volta do sol – o
modelo atómico de Rutherford. Os iões de hélio
com carga positiva perto deste núcleo denso
seriam então defletidos em ângulos muito maiores.
Descoberta dos
isós
Ao fazer experiências com
produtos do decaimento radioativo, em 1913 o
radioquímico Frederick Soddy descobriu que
parecia existir mais do que um tipo de átomo em
cada posição da tabela periódica.[136] O termo
isó foi cunhado por Margaret Todd para
descrever os diferentes átomos que pertencessem
ao mesmo elemento.
Thomson criou uma técnica para separar os tipos
de átomo através do seu trabalho com gases
ionizados, o que posteriormente levou à
descoberta dos isós estáveis.
Átomo de Bohr
Em 1913, o físico Niels
Bohr propôs um modelo no qual se assumia que os
eletrões de um átomo orbitavam o núcleo, mas que
só o podiam fazer ao longo de um conjunto finito
de órbitas e que podiam saltar entre estas
órbitas apenas através de alterações de energia
correspondentes à absorção ou radiação de um
fotão.
Esta quantificação foi
usada para explicar porque é que as órbitas dos
eletrões são estáveis (dade que, normalmente, as
cargas em aceleração perdem energia cinética que
é emitida na forma de radiação eletromagnética –
ver radiação sincrotrónica) e porque é que os
elementos absorvem e emitem radiação
eletromagnética em espectros diferentes.
Mais tarde no mesmo ano,
Henry Moseley forneceu ainda mais evidências
experimentais que sustentavam a teoria de Bohr.
Estas evidências reforçavam os modelos de
Rutheford e Van den Broek, que propunham que o
átomo contém no seu núcleo um número de cargas
nucleares positivas igual ao seu número atómico
na tabela periódica. Até estas experiências,
desconhecia-se que o número atómico fosse uma
quantidade física e experimental. Esta
equivalência continua a ser o modelo atómico
aceite atualmente.
Ligações
químicas
As ligações químicas entre átomos foram
explicadas por Gilbert Newton Lewis, em 1916,
como as interações entre os seus eletrões.
Uma vez já se conhecia que
as propriedades químicas dos elementos se
repetiam de acordo com a lei periódica, em 1919
o químico norte-americano Irving Langmuir
sugeriu que isto podia ser explicado se os
eletrões de um átomo estivessem de alguma forma
ligados. Assim, pensava-se que os grupos de
eletrões ocupavam um conjunto de camadas de
eletrões à volta do núcleo.
Física quântica
A experiência de Stern-Gerlach de 1922 forneceu
mais evidências da natureza quântica do átomo.
Quando um feixe de átomos de prata atravessou um
campo magnético especialmente concebido, o feixe
dividiu-se com base na direção do momento
angular do átomo, ou spin.
Uma vez que esta direção é
aleatória, era espectável que feixe se
propagasse numa linha. Em vez disso, o feixe
dividiu-se em duas partes, dependendo se o spin
atómico estava orientado para cima ou para baixo.
Com base na proposta de Louis de Broglie de 1924
de que as partículas se comportavam até
determinado ponto como ondas, em 1926 Erwin
Schrödinger desenvolveu um modelo matemático do
átomo que descrevia os eletrões como formas de
onda tridimensionais, em vez de partículas
pontuais.
Uma das consequências de
usar formas de onda para descrever os eletrões é
que é matematicamente impossível obter valores
precisos tanto para a posição como para o
momento de determinada partícula ao mesmo tempo.
Isto veio a ser conhecido por princípio da
incerteza. Segundo este conceito, por cada
medição de uma posição só é possível obter uma
gama de valores prováveis para o momento, e
vice-versa.
Embora este modelo fosse
difícil de conceber visualmente, foi capaz de
explicar alguma observações do comportamento dos
átomos que os modelos anteriores não conseguiam,
tais como determinados padrões estruturais e
espectrais de átomos maiores que o hidrogénio.
Assim, o modelo planetário do átomo foi
depreciado a favor de um que descrevia as zonas
orbitais à volta do núcleo em que fosse mais
provável existirem eletrões.
Descoberta do
neutrão
O desenvolvimento do espectómetro de massa
tornou possível medir de forma exata a massa dos
átomos. O aparelho usa um íman para desviar a
trajetória de um feixe de iões, sendo a
quantidade de defleção determinada pela
proporção da massa atómica em relação à sua
carga. O químico Francis William Aston usou um
espectómetro para demonstrar que os isós
tinham diferentes massas.
A massa destes isós variava conforme
quantidades integrais, o que é denominado "regra
do número inteiro".
A explicação para estes diferentes isós
atómicos surgiu apenas com a descoberta em 1932
pelo físico James Chadwick do neutrão – uma
partícula de carga neutra com uma massa
semelhante ao protão. Até então, os isós
eram explicados como elementos com o mesmo
número de protões, mas diferente número de
neutrões no interior do núcleo.
Fissão, alta energia e
matéria condensada
Em 1938, o químico alemão
Otto Hahn, estudante de Rutherford, direcionou
neutrões para átomos de urânio esperando obter
elementos transurânicos. Em vez disso, o
resultado das suas experiências foi bário.
Um ano mais tarde, Lise Meitner e o seu sobrinho
Otto Frisch verificaram que os resultados de
Hahn foram na realidade a primeira fissão
nuclear experimental.
Em 1944, Hahn recebeu o
prémio Nobel de química. No entanto, apesar dos
seus esforços nesse sentido, as contribuições de
Meitner e Frisch não foram reconhecidos.
Na década de 1950, o desenvolvimento de melhores
aceleradores de partículas e detectores de
partículas permitiu aos cientistas estudar os
impactos dos átomos em movimento a alta energia.
Verificou-se que os
protões e os neutrões eram hadrões, ou comósitos
de partículas ainda mais pequenas denominadas
quarks. Foram desenvolvidos modelos padrão de
física nuclear que explicavam de forma eficaz as
propriedades do núcleo em termos destas
partículas sub-atómicas e as forças que
governavam as interações entre si.
Por volta de 1985, Steven
Chu e a sua equipa nos Bell Labs desenvolveram
uma técnica para diminuir a temperatura dos
átomos usando lasers. No mesmo ano, uma equipa
liderada por William Daniel Phillips conseguiu
reter átomos de sódio numa armadilha magnética.
A conjugação destas duas técnicas e um método
baseado no efeito doppler, desenvolvido por
Claude Cohen-Tannoudji, permitiu que pequenos
grupos de átomos fossem arrefecidos para alguns
microkelvins. Isto permitiu que os átomos fossem
estudados com elevada precisão, o que mais tarde
veio a permitir a descoberta do condensado de
Bose-Einstein.
Em termos históricos, os
átomos individuais sempre foram proibitivamente
pequenos para terem aplicações científicas. No
entanto, recentemente têm sido construídos
aparelhos que usam um único átomo de metal
ligado por ligantes orgânicos para construir um
transístor de eletrão único.
Têm sido realizadas
experiências para reter e abrandar átomos
individuais através de arrefecimento a laser, de
modo a melhorar a compreensão da matéria.
Referências:
Wikipedia
Ache Tudo e Regiao |
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