A esquistossomose ou bilharzíase é uma
doença crónica causada por platelmintos parasitas e
multicelulares do gênero Schistosoma. É a mais grave
forma de parasitose por organismo multicelular, matando
centenas de milhares de pessoas por ano.
Existem seis espécies de Schistosoma que podem causar a
esquistossomose ao homem: S. hematobium, S. intercalatum,
S. japonicum, S. malayensis, S. mansoni e S. mekongi.
Destas, apenas S. mansoni é encontrada no continente
americano.
Schistosoma mansoni trematodes
História
A esquistossomose, com o desenvolvimento
da agricultura, passou de doença rara a problema sério.
Muitas múmias egípcias apresentam as lesões
inconfundíveis da esquistossomose por S. haematobium. A
infecção pelos parasitas dava-se nos trabalhos de
irrigação da agricultura. As cheias do Nilo sempre foram
a fonte da prosperidade do Egito, mas também traziam os
caracóis portadores dos schistosomas.
O hábito dos agricultores de fazer as plantações e
trabalhos de irrigação com os pés descalços metidos na
água parada, favorecia a disseminação da doença crónica
causada por estes parasitas. O povo, cronicamente
debilitado pela doença, era facilmente dominável por uma
classe de guerreiros que, uma vez que não praticavam a
agricultura irrigada, não contraíam a doença,
mantendo-se vigorosos. Estas condições permitiram talvez
a cobrança de impostos em larga escala com excedentes
consideráveis que revertiam para a nova elite de
guerreiros, uma estratificação social devida à doença,
que se transformaria nas civilizações.
A doença foi descrita cientificamente pela primeira vez
em 1851 pelo médico alemão T. Bilharz, que lhe dá o nome
alternativo de bilharzíase.
Progressão e sintomasA fase de penetração é o nome dado
a sintomas que podem ocorrer quando da penetração da
cercária na pele, mas mais frequentemente é
assintomática, exceto em indivíduos já infectados antes.
Nestes casos é comum surgir eritema (vermelhidão),
reação de sensibilidade com urticária (dermatite
cercariana) e prurido e pele avermelhada ou pápulas na
pele no local penetrado, que duram alguns dias.
Na fase inicial ou aguda, a disseminação das larvas pelo
sangue, e principalmente o início da postura de ovos nas
veias que vão para o fígado ativa o sistema imunitário
surgindo febre, mal estar, cefaléias (dores de cabeça),
astenia (fraqueza), dor abdominal, diarreia
sanguinolenta, dispnéia (falta de ar), hemoptise (tosse
com sangue), artralgias, linfonodomegalia e
esplenomegalia, um conjunto de sintomas conhecido por
síndrome de Katayama, que geralmente aparece após três a
nove semanas após a penetração das cercárias.
Nas
análises sanguíneas há eosinofilia (aumento dos
eosinófilos, células do sistema imunitário
antiparasitas). Estes quadros são ocorrem
secundariamente à hipersensibilidade ao parasita, sendo
uma doença mais comum em pacientes moradores de áreas
não endêmicas que se expõem a coleções hídricas
contaminadas. Estes quadros duram em geral alguns dias,
mas podem durar até meses e em casos raros podem ser
fatais.
Estes pacientes apresentam grandes granulomas
periovulares necrótico-exsudativos dispersos pelos
intestinos, fígado e outros órgãos. Estes sintomas podem
ceder espontaneamente ou podem nem sequer surgir, mas a
doença crônica silenciosa continua.
Os sintomas crônicos são quase todos devidos à produção
de ovos imunogénicos. Estes são destrutivos por si
mesmos, com o seus espinhos e enzimas, mas é a
inflamação com que o sistema imunitário lhes reage que
causa os maiores danos. As formas adultas não são
atacadas porque usam moléculas self do próprio hóspede
para se camuflar.
Os sintomas desta fase crônica podem ser a hepatopatias/enteropatias
com hepatomegalia, ascite, diarreia no caso da
esquistossomose mansônica, única que existe no Brasil.
As formas mais graves com hepatomegalia e hipertensão
portal são as principais causas de morte por
esquistossomose no Brasil. A esquistossomose hematóbia,
que existe em países africanos pode levar a patologias
urinárias como disúria/hematúria, nefropatias, cancer da
bexiga.
Outras formas de esquistossomose graves são as formas
ectópicas cujas mais importantes são neurológicas que
pode ser medular, conhecida como mielopatia
esquistossomótica ou esquistossomose medular[3], ou
cerebral, quando atingem o cérebro, existem também casos
de esquistossomose ectópica na pele, pulmão, tuba
uterina e outras vísceras.
O ciclo da Esquistossomose
Diagnóstico
Os ovos podem ser encontrados no exame parasitológico de
fezes, mas nas infecções recentes o exame apresenta
baixa sensibilidade. Para aumentar a sensibilidade podem
ser usados de coproscopia qualitativa, como Hoffman ou
quantitativo, como Kato-Katz. A eficácia com três
amostras chega apenas a 75%.
O hemograma demonstra leucopenia, anemia e plaquetopenia.
Ocorrem alterações das provas de função hepática, com
aumento de TGO, TGP e fosfatase alcalina. Embora crie a
hipertensão portal, classicamente a esquistossomose
preserva a função hepática. Assim, os critérios de
Child-Pught, úteis no cirrótico, nem sempre funcionam no
esquistossomótico que não tem associado hepatite viral
ou alcoólica.
A ultra-sonografia em mãos experientes pode fazer o
diagnóstico, sendo patognomônico a fibrose e
espessamento periportal, hipertrofia do lobo hepático
esquerdo e aumento do calibre da mesentérica superior.
A biopsia retal é uma técnica também ultilizavel, tendo
uma sensibilidade de 80%.
Profilaxia
Saneamento básico com esgotos e água tratadas.
Erradicação dos caramujos que são hospedeiros
intermediários da doença. Proteção dos pés e pernas com
botas de borracha com solado antiderrapante. Informar a
população das medidas profiláticas da doença. Evitar
entrar em contato com água que contenha cercárias.
Referências:
Wikipédia
Ache Tudo e Região