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A cólera é uma doença causada pelo vibrião colérico (Vibrio
cholerae), uma bactéria em forma de vírgula ou bastonete
que se multiplica rapidamente no intestino humano
produzindo uma potente toxina que provoca diarréia
intensa. Ela afeta apenas os seres humanos e a sua
transmissão é diretamente dos dejetos fecais de doentes
por ingestão oral, principalmente em água contaminada.
O vibrião da cólera é Gram-negativo e tem a forma de uma
vírgula com cerca de 1-2 micrometros. Possui flagelo
locomotor terminal. Estes víbrios, tal como todos os
outros, vivem naturalmente nas águas dos oceanos, mas o
seu número é tão pequeno que não causam infecções.
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Vibrio cholerae: A bactéria que causa cólera (ao
microscópio eletrônico)
CID-10 A00.
CID-9 001
DiseasesDB 2546
MedlinePlus 000303
MeSH C01.252.400.959.347 |
O víbrio é ingerido com água suja e multiplica-se
localmente no intestino delgado proximal. Causa diarreia
aquosa intensa devido aos efeitos da sua poderosa
enterotoxina. Esta toxina tem duas porções A e B (toxina
AB). A porção B é especifica para receptores presentes
na membrana do enterócito, causando a sua endocitose
(englobamento e internalização pela célula). A porção A,
é a toxina propriamente dita, ela atua causando uma
ADP-ribosilação na subunidade catalítica da proteína G,
impedindo sua capacidade de hidrolisar o GTP ligado a
ela, o que leva a uma superativação da enzima adenilato
ciclase e provoca um aumento abrupto dos níveis de AMPc
intracelulares. O AMPc é um mediador que se liga à
proteocinase A, que por sua vez ativa outras proteínas
que afetam os canais de cloro, provocando a secreção de
cloro, sódio e água associada descontrolada pela célula
no lúmen intestinal. O vibrião não é invasivo e
permanece no lúmen do intestino durante toda a
progressão da doença.
O fator que transforma uma estirpe de vibrião não
virulenta numa altamente perigosa parece ser a infecção
da bactéria por um fago (espécie de vírus que infecta
bactérias). Esse fago, o CTX-fí, contém os genes da
toxina (ctxA e ctxB) que os injeta quando da sua
infecção à bactéria.
Vibrio cholerae
O cólera é uma infecção intestinal aguda causada pelo
Vibrio cholerae, que é uma bactéria capaz de produzir
uma enterotoxina que causa diarreia. Apenas dois
sorogrupos (existem cerca de 190) dessa bactéria são
produtores da enterotoxina, o V. cholerae O1 (biotipos
"clássico" e "El Tor") e o V. cholerae O139.
O Vibrio cholerae é transmitido principalmente através
da ingestão de água ou de alimentos contaminados. Na
maioria das vezes, a infecção é assintomática (mais de
90% das pessoas) ou produz diarreia de pequena
intensidade. Em algumas pessoas (menos de 10% dos
infectados) pode ocorrer diarreia aquosa profusa de
instalação súbita, potencialmente fatal, com evolução
rápida (horas) para desidratação grave e diminuição
acentuada da pressão sanguínea.
A cólera é transmitida através da ingestão de água ou
alimentos contaminados com cistos. São necessários em
média 100 milhões de víbris (e no mínimo um milhão)
ingeridos para se estabelecer a infecção, uma vez que
não são resistentes à acidez gástrica e morrem em
grandes números na passagem pelo estômago.
Sintomas
A incubação é de cerca de cinco dias. Após esse período
começa abruptamente a diarreia aquosa e serosa, como
água de arroz.
As perdas de água podem atingir os 20 litros por dia,
com desidratação intensa e risco de morte,
particularmente em crianças. Como são perdidos na
diarreia sais assim como água, beber água doce ajuda mas
não é tão eficaz como beber água com um pouco de sal.
Todos os sintomas resultam da perda de água e
eletrólitos:
Diarréia volumosa e aquosa,tipo água de arroz, sempre
sem sangue ou muco (se contiver estes elementos trata-se
de disenteria).
Dores abdominais tipo cólica.
Náuseas e vômitos.
Hipotensão com risco de choque hipovolémico (perda de
volume sanguíneo) fatal, é a principal causa de morte na
cólera.
Taquicardia: aceleração do coração para responder às
necessidades dos tecidos, com menos volume sanguíneo.
Anúria: micção inferior a 100ml/dia, devido à perda de
líquido.
Hipotermia: a água é um bom isolante térmico e a sua
perda leva a maiores flutuações perigosas da temperatura
corporal.
O risco de morte é de 50% se não tratada, sendo muito
mais alto em crianças pequenas. A morte é
particularmente impressionante: o doente fica por vezes
completamente mirrado pela desidratação, enquanto a pele
fica cheia de coágulos verde-azulados devido à ruptura
dos capilares cutâneos, sendo que isso é muito
importante para as crianças e adultos.
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Distribuição da Cólera, como você pode observar no
mapa o Brasil possui cólera em todos os estados brasileiros. |
A cólera é uma doença de notificação obrigatória às
autoridades sanitárias.
A cólera é uma doença que existe em todos os países em
que medidas de saúde pública não são eficazes para a
eliminar. Ela já existiu na Europa mas com os altos
níveis de saúde pública dos países europeus, foi já
eliminada no início do século XX, com exceção de pequeno
número de casos.
A região da América do Sul é hoje a mais frequentemente
afetada por epidemias de cólera, juntamente com a Índia.
Neste último país, as grandes concentrações pouco
higiênicas de multidões durante os rituais religiosos
hindus no rio Ganges, são todos os anos ocasião para
nova epidemia do vibrião. O Brasil ainda não trata seus
esgotos.
Os seres humanos e os seus dejetos são a única fonte de
infecção. Só quando água ou comida, suja com fezes
humanas, é ingerida em quantidades suficientes de
bactérias, pode causar a doença. As crianças, que têm a
tendência de pôr tudo na boca, são mais atingidas. As
pessoas infectadas eliminam nas suas fezes quantidades
extremamente altas de bactérias, sendo os portadores
(indivíduos que possuem o víbrio no intestino mas que
não desenvolvem a doença) muito raros. Há alguns casos
raríssimos em que indivíduos contraíram a doença após
comerem ostras contaminadas.
Existem vários serovars ou estirpes de vibrião da
cólera. O eltor tem uma virulência menor e tem se
tornado importante desde o seu surgimento em 1961, na
Arábia.
A cólera mata, se não for tratada rapidamente.
O diagnóstico é por cultura em meio especializado
alcalino de amostras fecais. A identificação é por microscopia e
liocemia.
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